Lubango – O principal desafio dos pecuaristas angolanos é tornar o país auto-suficiente em proteína animal, algo possível com a implementação efectiva do Plano Nacional de Fomento e Desenvolvimento da Pecuária (Planapecuária), segundo o empresário Carlos Damião.
Falando durante a “Kitanda dos Frescos” da Huíla, que encerrou domingo, na cidade do Lubango, Carlos Damião, secretário-geral da Cooperativa dos Criadores de Gado do Sul de Angola (CCGSA), disse ser uma tarefa possível só com a implementação efectiva desse programa lançado em 2023, associado ao de Fomento da Produção de Grãos (Planagrão), uma vez que a disponibilidade de ração depende desse último.
O pecuarista afirmou que em 20 anos de existência da Cooperativa passou de organização de criadores de gado tradicionais para “grandes” industriais na área da pecuária, atravessando ao longo dos anos momentos “bons e ruins”, mas continuando a acreditar em dias melhores, sobretudo com esses programas do Governo.
O Executivo aprovou o Plano Nacional de Fomento e Desenvolvimento da Pecuária em Dezembro de 2023, acção que se enquadra num conjunto de medidas que visam fomentar a produção de carne, leite e ovos, de modo a garantir a auto-suficiência alimentar e nutricional do país.
O montante dedicado ao programa é de 300 milhões de dólares (perto de 144 mil milhões de kwanzas) e está destinado às cooperativas, com vista a darem resposta às necessidades de consumo e principalmente para procurar substituir as importações destes produtos.
Nos últimos cinco anos o país teve um acréscimo de 12 por cento na produção de proteína animal, principalmente da carne suína, na ordem de 55 por cento, em média, e da carne bovina em 30 por cento. O aumento da produção de ovos, no mesmo período, foi de 33 por cento e da produção de leite de 14 por cento, conforme dados do Ministério da Economia.
Em 2021, ainda de acordo com danos desse departamento ministerial, para importação desses produtos, Angola gastou 440 milhões de dólares, sendo que as aves contribuíram com 54 por cento desse montante, com 238 milhões.
A produção animal no país é feita, com maior destaque, nas províncias da Huíla, Cunene e Namibe, que contribuem com mais de 70 por cento. A produção de aves é maior nas províncias da Huíla e do Huambo, com uma percentagem de 39 por cento.
A Cooperativa de Criadores de Gado do Sul de Angola tem 75 associados que acumulam em igual número de fazendas uma população ganadeira declarado de mais de 30 mil cabeças.
Estima-se que na Huíla existam três milhões de cabeças de gado, mais de 90 por cento delas nas mãos de pastores tradicionais. MS