Fátima Jardim destaca incentivo à produção agrícola

     Economia           
  • Luanda     Terça, 15 Junho De 2021    20h01  
Tractores e alfaias para cooperativas agrícolas de ex-militares
Tractores e alfaias para cooperativas agrícolas de ex-militares
José Filipe

Roma – A representante permanente de Angola junto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Maria de Fátima Jardim, disse, esta terça-feira, que o país prioriza o meio rural, para incentivar a produção agrícola e diminuir a importação de alimentos.

Fátima Jardim, que falava na 42ª Conferência da FAO, a decorrer em Roma de 14 a 18 do corrente mês, adiantou que as prioridades do seu governo, no apoio a transformação agrícola no mundo rural, estão inseridas no Programa Agrícola 2021-2022 e na Agenda Nacional 2025.

Salientou que os dois programas são essenciais, para se evitarem obstáculos ao crescimento produtivo da agricultura e das pescas e visam também uma melhor organização da vida no meio rural e a sua interdependência com as cidades. 

Explicou que o Executivo angolano está, igualmente, a apoiar as associações e cooperativas, em particular a agricultura familiar, criando condições para o incremento da produção e, em simultâneo, leva a cabo acções de formação para mulheres e jovens nas escolas do campo.

“A grande esperança para a transformação, modernização e o desenvolvimento agrícola recai na população rural jovem, que se motiva para enveredar pelo empreendedorismo e o agro-negócio”, enfatizou.

O Executivo, reforçou, tem alargado a experiência de centros integrados agro-geológicos, a todas as províncias do país, para apoiar as famílias, através de processos e normas adequados a dimensão dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030, com o objectivo de se combater a fome e a pobreza.

“O Governo apoia a agricultura familiar, associações e cooperativas de agricultores e trabalha para melhorar o escoamento dos produtos", acrescentou, adiantando que também é concedido crédito a programas agro-industriais para aumentar a produção e o abastecimento.

Considerou a agro-ecologia, o uso de biotecnologias simples, o manejo dos solos, da água e das novas energias renováveis, assim como a descentralização dos programas de adaptação à agricultura como elementos que contribuem para a melhoria da renda e produtividade das famílias.

De acordo com Fátima Jardim, estão em desenvolvimento experiências, com centros agro-geológicos integrados, para apoiar milhares de famílias, e destacou a dimensão integrada do desenvolvimento sustentável, para combater a pobreza, a fome e melhorar a nutrição.

A diplomata angolana adiantou que a agricultura familiar é determinante para a produção agrícola e as mulheres desempenham um papel importante neste sector da economia, mas, recordou, os instrumentos de produção são tradicionais, exigem muito esforço e têm baixa produtividade.

Por isso, vaticinou, a mecanização agrícola é, sem dúvida, a resposta ao crescimento e à aliança entre a inclusão e o aumento da produção, pelo que, disse, a grande esperança de transformação, modernização e desenvolvimento agrícola está na população jovem do campo, motivada para o empreendedorismo e o agro-negócio.

Para Fátima Jardim, é importante a criação de modelos e programas integrados, que envolvem agricultores, comerciantes e famílias no terreno, na perspectiva de aumentar a resiliência do sistema alimentar.

Adiantou que Angola está a estudar uma estratégia integrada, com programas focados em sistemas agro-alimentares, florestais e de nutrição, levando ao aumento da produção, preservação da biodiversidade, gestão equilibrada e sustentável dos recursos e redução das emissões de gases de efeito estufa.

Para o efeito, apelou ao apoio da FAO, FIDA e PMA, como parceiros de desenvolvimento que incentivam iniciativas de desenvolvimento e parcerias público-privadas, para permitir a integração regional e a cooperação multilateral e global.

Na sua óptica, a recente aprovação da iniciativa "Mão na Mão" pode ser um factor, para dinamizar a cooperação entre Angola e a FAO, tendo felicitado a organização pela elaboração do relatório sobre o estado da agricultura e da alimentação no mundo, que reflecte a situação preocupante que vive, com um número crescente de pessoas com fome e os efeitos adversos das alterações climáticas.

Em relação as alterações climáticas, a diplomata defendeu a implementação do Acordo de Paris, para se atenuar os efeitos crescentes e dramáticos do fenómeno, causado em parte pela actividade humana.

A diplomata defendeu a pesquisa para a transformação da agricultura, sem se subestimar o conhecimento tradicional e a utilização das biotecnologias, que podem contribuir para a melhoria dos rendimentos agrícolas, a actuação contra as pragas e as enfermidades e minimizar os efeitos da agricultura no ambiente.

Fátima Jardim agradeceu o director-geral da FAO, a sua direcção de emergências e o Governo da Bélgica, pelo rápido apoio na gestão do modelo inovador de integração comunitária regional, apontando para a necessidade de criação de centros de emergência sub-regionais, a fim de promoverem estudos e manejo das pragas, da biodiversidade e da adaptação às mudanças climáticas com agro-ecologia, assim como a implementação de planos comunitários, monitoramento e informação.

A 42ª Conferência da FAO, que decorre em formato virtual, analisa, entre outros pontos, a situação mundial da alimentação e da agricultura, questões jurídico-constitucionais da organização, a nomeação dos membros para os seus comités e a admissão de novos membros observadores.





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