Luanda – Angola perspectiva iniciar a produção de gás natural não associado ao petróleo, a partir de 2025, através do Novo Consórcio de Gás (NCG), anunciou esta sexta-feira, em Luanda, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo.
O projecto, a ser desenvolvido pelo consórcio composto pelas operadoras Sonangol, Azule Energy, TotalEnergies e Cabinda Gulf, vai permitir a criação de 400 novos empregos, durante a fase de construção das respectivas plataformas, assim como mais 300 postos de trabalho, no decurso da construção da planta de tratamento do gás em terra, no município do Soyo (província do Zaire).
A par disso, o Novo Consórcio de Gás prevê contribuições para projectos sociais na ordem de dois milhões de dólares por ano, a contar da data do início da produção até o final do período de produção da concessão em 2056, segundo Diamantino Azevedo.
Para o início das actividades de exploração nos campos denominados “Quiluma” e “Maboqueiro”, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e o NCG assinaram, esta sexta-feira, em Luanda, o Contrato de Serviço com Risco, avaliado em cerca de quatro mil milhões de dólares norte-americanos, para cobrir os custos de capital e operacionais ao longo do ciclo de vida do primeiro projecto do género no país.
Na ocasião, o ministro Diamantino Azevedo considerou a produção do gás não associado ao petróleo como um marco importante para o alcance dos objectivos definidos pelo Executivo angolano, com realce para a atracção de investimentos, alavancar a economia e contribuir, significativamente, para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Destacou, igualmente, o projecto como histórico no sector do gás, por coincidir com as comemorações dos 50 anos de Independência Nacional, a serem celebrados a 11 de Novembro de 2025.
O governante, clarificou também que, inicialmente, o consórcio programou o começo da produção do gás para 2026, mas vai fazer os possíveis de iniciar seis meses antes data programada.
Diamantino Azevedo adiantou ainda que, na primeira fase, o NCG vai desenvolver os campos de gás não associado do Quiluma e Maboqueiro, para o fornecimento deste produto à fábrica Angola LNG, bem como à futura fábrica de fertilizantes no Soyo (província do Zaire) e outros projectos de utilização do gás natural.
“É nossa convicção de que o aumento da produção de gás natural irá desempenhar um papel extremamente importante no crescimento económico e social do país”, augurou.
Acrescentou também que o referido projecto vai mitigar o risco da planta Angola LNG funcionar abaixo do seu limite mínimo de eficiência operacional e proporcionar o fornecimento contínuo de gás para utilização doméstica, nomeadamente o fornecimento de gás à Central do Ciclo Combinado do Soyo e garantir a autossuficiência na produção de gás de cozinha.
Recordou que a constituição desse consórcio ocorreu no âmbito da implementação das acções do Executivo, visando a exploração e produção do gás natural não associado ao petróleo, para a sua monetização e utilização como fonte primária de energia para a segurança e a transição energética, com ganhos económicos, sociais e ambientais para o país.
Por outro lado, o ministro reconheceu que ainda há um longo caminho por percorrer, augurando que, com a aprovação do Plano Director do Gás Natural (PDG), possam ser identificadas outras oportunidades no “up, mid e downstream”, para a implementação de uma indústria doméstica de gás natural robusta.
Sublinhou que o PDG contempla também a proliferação de centrais do ciclo combinado e produção de energia eléctrica, bem como pólos petroquímicos, plantas de fertilizantes e siderurgias, para a diversificação da matriz energética nacional e diversificação da economia nacional.
Por seu turno, o CEO da operadora Azule Energy, Adriano Mongini, assegurou que a assinatura do referido acordo vai acelerar a implementação do projecto, facto que irá permitir o início da produção do gás seis meses antes da data prevista, simbolizando o sucesso da cooperação entre o Executivo angolano e grupo empreiteiro.
"Mais do que um investimento, o projecto do NCG aumentará a nossa capacidade de produção de gás natural e diversificar a matriz energética, além de contribuir na criação de novos postos de trabalho", realçou.
Já o presidente do Conselho de Administração da ANPG, Paulino Jerónimo, o contrato rubricado hoje representa um marco no setor petrolífero angolano, por assinalar o culminar de uma jornada de vários anos de intensas negociações que envolveram aspectos de natureza cambial, técnica, económica e jurídica, para assegurar as condições precedentes.
Apontou esse projecto como o primeiro de inspeção, pesquisa, avaliação, desenvolvimento, produção e venda de gás natural não associado ao petróleo em Angola.
Alinhado com o Decreto Legislativo Presidencial nº 7/18, de 18 de Maio, o gestor avançou que essa produção abre portas aos demais investidores da indústria de petróleo e gás, para impulsionar a cadeia de valor com o reflexo das oportunidades capazes de viabilizar a implementação de outros projectos no país.
Até ao momento, o país produz apenas gás natural associado ao petróleo, através da fábrica de processamento da Angola LNG, localizada no município do Soyo, província do Zaire, que pretende atingir o pico da sua produção no segundo trimestre de 2025, passando dos actuais 700 milhões para mil milhões de pés cúbicos deste produto por dia.
Esse aumento da produção resultará, fundamentalmente, de alguns investimentos em curso na planta, assim como do incremento do volume do gás associado e não associado a ser fornecido à planta pelas plataformas petrolíferas localizadas em offshore (alto-mar) e pelos consórcios que assinaram hoje o contrato. QCB
