Luanda – Angola explora apenas 331 mil 285 quilómetros (10,37 %) dos três milhões 194 mil 395 quilómetros de área cultivável, indica o relatório final do Recenseamento Agro-pecuário e Pescas (RAPP).
O relatório, o primeiro pós-independência, apresentado esta terça-feira, em Luanda, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), identifica a existência de mais de três milhões de camponeses em todo país e as províncias do Uíge e Zaire com os solos mais ricos.
O mesmo foi apesentado em três módulos, nomeadamente, as “explorações agro-pecuárias e piscatórias familiares”, a “exploração comunitária” e a “explorações agro-pecuárias, piscatórias e aquícolas empresariais”.
Resultados comunitários e recenseamento das aldeias
Neste módulo, os dados foram recolhidos entre 2019 e 2020, e inquiriu-se dois milhões 364 mil e 880 cidadãos, tendo se destacado as famílias de Malanje, Cabinda, Bié, Huambo na exploração agro-pecuária. No Cuando Cubango é que menos famílias cultivam.
No processo de recolha de dados, as famílias que praticam actividades agrícolas, pecuárias e piscatórias nas 23 mil 651 aldeias apuradas, destaca-se o cultivo do milho, seguido da mandioca, batata-doce e feijão.
Resultados das explorações agro-pecuárias e piscatórias familiares
No campo da exploração pecuária, em 20 mil aldeias estudadas, foi apurado um milhão 430 mil 606 criadores, com a produção de galinha a encabeçar o sector pecuário, seguido dos caprinos, suínos, bovinos e ovinos.
Já na actividade aquícola, foram apurados oito mil 263 exploradores que produzem maioritariamente em tanques escavados (91%) e lagoas, com predominância na produção da tilápia nativa e do peixe bagre.
Resultados das explorações agro-pecuárias, piscatórias e aquícolas empresariais
Em relação às explorações agro-pecuárias, piscatórias e aquícolas empresariais, o relatório do RAPP identifica cinco mil 887 empresários baseados, na sua maioria, em Benguela e Huambo, mas a província do Cuanza Sul se apresenta com a maior média por hectare, 540 ha de exploração.
Aqui, os dados indicam que o género masculino domina com as idades compreendidas entre os 54 a 64 anos de idade, em que os nacionais são detentores de 98% das empresas agro-pecuárias do país.
No que diz respeito ao acesso ao crédito, o RAPP apurou, em 2021, que 3,6% dos empresários tiveram acesso ao crédito e cerca de 37% obtiveram assistência técnica.
No evento, o secretário de Estado para a Economia, Ivan dos Santos, considerou o RAPP como um instrumento fundamental de apoio à diversificação da economia nacional.
O recenseamento Agro-pecuário e Pescas, designado por RAPP 2019-202, é o primeiro a ser realizado em Angola depois da independência, com o objectivo de actualizar o sistema de informação estatística agro-pecuária e pescas, para apoiar as políticas, planos e programas em desenvolvimento no país.
Co-organizado pelos ministérios da Economia e Planeamento e da Agricultura e Florestas, o recenseamento contou com a parceria do Banco Mundial (BM) na assistência técnica, avaliada em 60 mil dólares, bem como da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).