Luanda – Os Governos de Angola e Brasil, bem como a classe empresarial dos dois países lusófonos iniciaram, esta semana, em Luanda, a trabalhar para acelerar o relançamento e reforço da cooperação bilateral nos mais variados domínios da vida socioeconómica, com destaque para o sector agro-pecuário angolano.
Para isso, está, desde segunda-feira última, em Angola, uma delegação brasileira que nesta quinta-feira (16), juntamente com os membros do Governo angolano, vão aprovar um cronograma de acções que define as metas e os períodos para o início de uma cooperação efectiva no agronegócio.
A efectivação desse trabalho enquadra-se na assinatura do Acordo de Cooperação de Regiões Irrigadas e Apoio à Política da Agricultura Familiar, bem como no Memorando de Entendimento rubricado pelo Ministério da Agricultura e Florestas de Angola e o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, em Agosto último, aquando da visita do Presidente brasileiro, Lula da Silva, a Angola.
Segundo o director do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística (GEPE) do Ministério da Agricultura e Florestas, Anderson Jerónimo, esses dois documentos estratégicos de cooperação definem as linhas de cooperação e exigem a elaboração de um plano de acção virado à capacitação de quadros e troca de experiências com empresas brasileiras como a Embrapa.
Em declarações à imprensa, à margem do seminário sobre “Política agrícola – crédito e seguro rural” entre Angola e Brasil, promovido quarta-feira (15), em Luanda, o responsável destacou também que esse plano, a ser implementado no período de 24 meses (dois anos), inclui a elaboração de uma política pública virada à investigação científica, assistência técnica, ao melhoramento das sementes e fabrico de fertilizantes.
Por seu turno, o secretário adjunto de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) do Brasil, Júlio Ramos, considerou Angola como uma porta de entrada do continente africano, com enorme para atrair todo tipo de investimento, facto que abre oportunidade para o empresarido brasileiro se expandir no país.
Assegurou a existência de inúmeras empresas e cooperativas brasileiras interessadas em investir nos diversos domínios socioeconómicos de Angola, com destaque para o agronegócio.
“A nossa cooperação poderá intensificar a exportação ou importação de produtos acabados ou bruto entre Angola e Brasil, com vantagens mútuas, tendo em conta as condições climatéricas propícias e o potencial de recursos naturais existentes em Angola”, sublinhou.
Em função disso, continuou, o Brasil acredita/espera que pode contribuir com a sua experiência tecnológica e científica, através das suas instituições, como a Embrapa, que poderão replicar as suas acções de sucesso, com vista a apoiar Angola nas áreas da agropecuária, segurança alimentar, sustentabilidade e redução da desigualdade, projectos que podem ser segmentados para o curto e médio prazo.
Durante o seminário sobre Política agrícola entre Angola e Brasil foram ministrados temas como “Crédito rural, programas e custeio e investimento/plano safra – experiência brasileira”, “Zoneamento agrícola de risco climático (ZARC)” e “Seguro rural no Brasil”, ministrados por técnicos seniores do Ministério da Agricultura brasileiro.
O evento, orientado pelo secretário de Estado para Agricultura, João Cunha, contou com a participação em empresários, agricultores, seguradoras, especialistas de diversas áreas, entre outros convidados, que aproveitaram a ocasião para partilharem as experiências do sector agrícola angolano e inteirarem-se sobre o estado funcional da agricultura brasileira. QCB