Kampala (Dos enviados especiais) - O ministro da Agricultura e Florestas, Isaac dos Anjos, sublinhou esta quinta-feira, em Kampala (Uganda), a necessidade da reforma do sector no continente, com vista à industrialização dos produtos localmente, para evitar a exportação de matéria-prima.
O governante falava à imprensa, após a abertura da primeira sessão ministerial da Cimeira Extraordinária da União Africana sobre o Programa Abrangente para o Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP).
O ministro angolano sublinhou que a pretensão passa por exportar também produtos transformados e ser a agricultura o principal veículo para o combate à pobreza e à diferenciação social no meio rural a nível do continente.
Em relação à contribuição do país, fez saber que Angola vai ratificar aquilo que o comité técnico já esteve a trabalhar, principalmente o reforço das linhas e os pilares em que assentam esta estratégia para o desenvolvimento da agricultura em África.
Explicou que os diferentes pilares foram avaliados por pontuação, que vai de 0 a 10, e assim foram incluídos os sectores e os países, permitindo avaliar o progresso que houve nos últimos 10 anos e a estratégia para os próximos cinco anos, por estar no fim do ciclo.
Referiu prever-se um crescimento anual de 6% e aumento na atribuição de recursos dos orçamentos até os 10%.
Realçou que no encontro será aprovada a Declaração do Kampala e ver quais são os pontos que devem ser reforçados, em que as nações se sintam mais atrasadas, para a implementação da estratégia.
Em termos de programa, continuou, Angola apresentou e preparou o seu relatório, cujos dados vão constar também do discurso do Presidente da República, João Lourenço.
Questionado sobre a perspectiva de crescimento do ano transacto, na ordem dos 5%, disse que a proposta a ser apresentada nos próximos cinco anos vai alterar essa narrativa.
“Temos que ser capazes de perceber qual é o valor mínimo que as famílias têm que gerar para combater a pobreza. Não se discute quanto é que se gasta para importar milho, mas se discute quanto se gasta para pôr fertilizantes. Ora, se não se puser o fertilizante não vamos ter milho”, explicou.
Neste sentido defendeu que haja discussões práticas, mais úteis, respondendo à demanda africana.
O evento decorre até ao próximo dia 11 deste mês, no Centro de Conferência Speke Resort, na capital ugandesa, numa promoção da Comissão da União Africana, com o Governo de Uganda.
Os trabalhos prosseguem, à porta fechada, com a reunião dos ministros responsáveis pela Agricultura, Desenvolvimento Rural, Água e Meio Ambiente, durante a qual vai ser apresentada a Estratégia e Plano de Acção do CAADP para os próximos 10 anos.
A cimeira extraordinária tem como objectivos mobilizar mais investimentos para a agricultura e renovar o compromisso dos países africanos de alocar pelo menos 10% dos seus orçamentos nacionais ao sector.
O programa reserva, para sexta-feira (2º dia de trabalho), uma sessão conjunta entre os titulares da Agricultura, Desenvolvimento Rural, Água e Meio Ambiente e os ministros das Relações Exteriores, devendo o evento encerrar, sábado, com a conferência de Chefes de Estado e de Governos, que vai culminar com a adopção da Declaração de Kampala sobre a criação de sistemas agro-alimentares resilientes e sustentáveis em África.
Esta cúpula extraordinária sobre a agenda do CAADP conta, entre outras individualidades, com a presença de especialistas, responsáveis pela agricultura (silvicultura, pescas e pecuária), desenvolvimento rural, água e meio ambiente, assim como representantes da juventude, das mulheres e parceiros de desenvolvimento.HM/VC