Luanda – A delegação angolana, que se encontra em Washington D.C, Estados Unidos da América, apresentou esta terça-feira, num “deal roadshow”, com investidores financeiros internacionais, a situação actual macroeconómica do país, em termos fiscal, da política monetária e cambial.
A equipa, chefiada pela ministra das Finanças, Vera Daves, que está em Washigton a participar nas reuniões de Primavera das instituições de Bretton Woods - FMI e Banco Mundial, manteve encontro com cerca de 60 investidores do mercado financeiro internacional.
O “deal roadshow” serviu aos ministros das Finanças, da Economia e Planeamento, bem como o governador do Banco Nacional de Angola para abordarem também sobre a economia real, com realce para os desafios do financiamento do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2023, a dívida pública e sobre o processo de privatizações que foi prorrogado para até 2026.
Os indicadores de crescimento dos diferentes sectores da economia petrolífera e não petrolífera, as metas de inflação, que está prevista para 13%, e a posição cambial foram entre outros assuntos abordados pela equipa angolana que participa nas reuniões de Bretton Woods.
Angola está alinhada com outros países
No primeiro dia das reuniões do FMI e Banco Mundial, a ministra das Finanças, Vera Daves, participou no fórum subordinado ao tema “Adaptação dos bancos multilaterais de desenvolvimento aos desafios globais - a perspectiva dos líderes africanos sobre a reforma”.
No painel, Vera Daves esteve presente com os seus homólogos do Ghana (Keneth Ofori-Atta), Libéria (Samuel Tweah) e do secretário do Tesouro, Economia e Planeamento do Quénia, Njuguna Ndungu.
Vera Daves,no encontro, disse que Angola acompanha a visão dos demais países africanos que defendem uma actuação mais alinhada aos desafios da actualidade.
Segundo a governante, Angola tem vindo a realizar alguns projectos com financiamento e garantias dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDB), com o suporte de instituições financeiras e garantias de agências de crédito à exportação e também com recursos próprios, uma junção de recursos que está a contribuir para a edificação de várias infra-estruturas.
Mas ainda assim, disse que “ precisamos de muito mais”, tendo defendido a necessidade de mobilização de fundos concessionais, bem como de instrumentos financeiros que ajudam a mobilizar mais fundos privados.
A ministra das Finanças defendeu igualmente um exercício de auto-avaliação de todas as partes envolvidas.
“Precisamos de olhar para dentro de todas as partes envolvidas no processo. Precisamos de aferir se os procedimentos internos dos MDB, hoje, são os mais eficientes, bem como de avaliar os nossos próprios processos”, defendeu.
Por isso, reitera e defende a existência de instrumentos que permitam mobilizar mais recursos do sector privado, assim como a utilização de mais soluções de inovação financeira para que os países, sobretudo africanos, possam alavancar a mobilização de fundos.
Os representantes africanos referiram-se sobre as necessidades de financiamento das infra-estruturas que os países africanos apresentam, numa altura em que a conjuntura internacional é marcada por uma certa retracção do acesso ao mercado financeiro internacional e ao investimento privado, tal como o papel que o sector privado pode exercer, nesta matéria.
Jay Collins, conselheiro do Citigroup, falou sobre a necessidade dos MDB fortalecerem a sua capacidade de financiamento com foco na abordagem dos representantes africanos, ao passo que Masood Ahmend, presidente do CGD, defendeu a reformulação dos modelos de negócios, por forma a passar de um financiamento específico para cada país ao atendimento das necessidades globais, como mudanças climáticas e a exploração de mais capital privado.NE/AC