Luanda – O desenvolvimento do agronegócio e o aumento da produção agropecuária em Angola depende, fundamentalmente, do interesse e empenho de cada cidadão, defenderam especialistas e empresários agrícolas nacionais.
Para tal, os mesmos advogaram que as pessoas devem ser instruídas sobre a gestão correcta de projectos do sector agrícola.
Para a empreendedora agrícola brasileira Vera Neia, é necessário que se incentive a população a ter maior interesse pela produção nacional, com a criação de políticas públicas concretas para apoiar os investidores.
“O potencial de terras aráveis existente em Angola mostra que o país tem um campo vasto de oportunidades para ser explorado, sendo necessário capacitar os quadros nacionais para melhorar a exploração desta riqueza natural”, considerou a empresária, que falava à ANGOP no final da 2ª edição do Fórum Angolano de Agronegócio, realizado sábado, em Luanda,.
Com a disponibilidade desses recursos naturais, disse, o sector agro-pecuário constitui-se numa janela de oportunidades para que cada cidadão crie o seu negócio de forma sustentável no longo prazo, para além de reduzir, significativamente, a importação de bens alimentares no país.
Esta posição foi corroborada pela empresária Paula Bartolomeu, sublinhado que, actualmente, as pessoas têm mais possibilidades de adquirir conhecimentos sobre o agronegócio, através de um telemóvel ou das novas tecnologias, por exemplo.
A par da capacitação técnica dos agricultores, apontou a necessidade de se mecanizar cada vez mais o sector agrícola, por ser um dos factores decisivos para a produção em grande escala.
De acordo com a fazendeira, o cultivo da terra de forma manual é “muito doloroso e moroso”, contrariamente a utilização de máquinas, como tractores, grades, semeadores, charrua, entre outros equipamentos que tornam a produção mais célere e alargada.
Para além disso, a proprietária da fazenda “Maravilhosa”, que tem como foco a produção da banana-pão em grande escala, na província do Cuanza Norte, considerou necessário haver maior flexibilização na disponibilização de financiamento para suportar os custos de produção, assim como a criação de mais incentivos fiscais.
Já a engenheira de recursos naturais e ambientais Lília Ticiana disse acreditar na possibilidade de se incrementar cada vez mais a produção agro-industrial no país, desde que haja força de vontade de cada cidadão, que tem imensas potencialidades disponíveis para ser explorada.
Para a economista Filomena Oliveira, no processo do agronegócio, é necessário que as escolas primárias ministrem, obrigatoriamente, conteúdos sobre a gestão de projectos virados para vários segmentos da vida socioeconómica do país, com destaque para o sector produtivo, para que este conhecimento seja transmitido a partir da tenra idade.
Esse processo, adiantou, deve ser acompanhado com a formação técnico-profissional, principalmente para o ramo das engenharias e da indústria, com vista a dar soluções aos inúmeros problemas que o sector agro-pecuário angolano ainda enfrenta.
Defendeu também a necessidade do Orçamento Geral do Estado (OGE) estar direccionado, essencialmente, para os três sectores da economia do país, designadamente primário, secundário e terciário, com vista à alocação de verbas concretas para potencializar estas áreas de forma integrada, com projectos que impactam positivamente a vida da população.
Com isso, a também directora-geral do Instituto de Desenvolvimento Industrial e Inovação Tecnológica de Angola (IDIIA) apontou que será possível evitar a dispersão de recursos financeiros do OGE e permitir o surgimento de projectos integrados sustentáveis, evitando a má qualidade da despesa pública.
Durante o fórum, promovido pela empresa angolana Zambeca International Business, os participantes debateram em torno de temas como "A industrialização do agronegócio em Angola", "O poder da autorresponsabilidade no agronegócio", "A criatividade e a inovação para a industrialização do agro", “Trabalho comunitário rural para favorecer o agronegócio angolano", entre outros.
Os respectivos temas foram dissertados por distintos especialistas e empresários agrícolas nacionais e estrangeiros, como a economista Filomena Oliveira, a empresária Paula Bartolomeu, a master coach Vera Neia e o perito em marketing e estratégia política Edgar Leandro. QCB/AC