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A logística como pilar do desenvolvimento industrial

     Economia              
  • Luanda • Terça, 05 Novembro de 2024 | 08h41
Agricultura mecanizada na Huíla
Agricultura mecanizada na Huíla
Aniceto Trinta

Luanda - O desenvolvimento económico sustentável de Angola deve continuar a passar, inevitavelmente, pela diversificação da sua base produtiva, para se reduzir a dependência excessiva do petróleo e se apostar na expansão de outros sectores, sobretudo o da indústria.

Por Miguel Leasar, consultor e investigador cultural 

No actual contexto económico, o sector logístico, com destaque para os transitários que asseguram a gestão eficiente do transporte e armazenamento de milhares de mercadorias, surge como pilar estratégico essencial para o sucesso da industrialização do país.

Como é sabido, Angola enfrenta grandes desafios em  termos de infra-estruturas, como o défice de estradas, portos e ferrovias que necessitam de melhorias, abrindo, por isso, boas oportunidades aos transitários.

Os serviços transitários revelam-se determinantes, porque apresentam soluções inovadoras e adaptadas às realidades locais, mitigando, até certo ponto, os obstáculos que a infra-estrutura deficitária impõe ao sector industrial.

Os transitários podem assegurar que as cadeias de suprimentos, mesmo em regiões remotas ou com acessos mais limitados, operem de forma contínua. Esta capacidade de adaptação é crucial para que o sector industrial se desenvolva de forma homogénea, sem concentrar-se apenas nas grandes áreas urbanas ou nas zonas próximas aos principais corredores de transporte.  

Ao garantir que as indústrias tenham acesso contínuo a matérias-primas e possam escoar os seus produtos para o mercado, os transitários desempenham um papel de estabilização e expansão da capacidade produtiva do país.

Entretanto, para que esse sector prospere, é imprescindível garantir que as matérias-primas, os insumos e os produtos finais cheguem aos seus destinos de forma eficiente e dentro dos prazos estipulados.

Este fluxo contínuo, que sustenta a cadeia de suprimentos, é viabilizado pela logística, sendo que os transitários, por seu lado, assumem aqui um papel crucial, operando como facilitadores da competitividade, tanto no mercado interno quanto nas exportações angolanas.

Uma logística eficiente pode ser o diferencial competitivo de uma indústria, porquanto, quando os custos de transporte e armazenamento são reduzidos, o produto final torna-se mais acessível, aumentando as margens de lucro e permitindo uma concorrência mais eficaz nos mercados globais.

Assim, os transitários não são meros intermediários, mas, sim, agentes activos na criação de cadeias de valor mais ágeis, que permitem à indústria angolana competir em pé de igualdade com outros ‘players’ internacionais.

Facilitação do Comércio Internacional

A assinatura e a participação de Angola em acordos regionais e internacionais de comércio, como a Zona de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA), criaram novas oportunidades para as indústrias angolanas explorarem mercados emergentes em África e noutras partes do mundo.

No entanto, para que estas indústrias possam tirar o máximo proveito dessas oportunidades, precisam de um sistema logístico robusto, que facilite a movimentação de mercadorias, assegurando o cumprimento das exigências alfandegárias e regulatórias de diferentes países.

Os transitários desempenham aqui um papel insubstituível.

Ao garantir que todos os processos de importação e exportação sejam geridos de forma eficaz, desde a documentação até ao cumprimento das normativas, estes profissionais permitem que as empresas industriais angolanas evitem atrasos e custos desnecessários, assegurando, assim, a competitividade dos seus produtos nos mercados internacionais.

Num mundo cada vez mais digitalizado e focado em soluções sustentáveis, a logística tem vindo a acompanhar estas tendências. A adopção de tecnologias como o rastreamento de mercadorias em tempo real, a digitalização de documentos e a implementação de práticas de transporte ecologicamente responsáveis são factores que podem elevar significativamente a eficiência da indústria angolana.

Ao adoptarem soluções tecnológicas de ponta, os transitários permitem que as indústrias minimizem desperdícios, reduzam o tempo de inactividade e optimizem rotas de transporte. Esta capacidade de adaptação às novas exigências de mercado, não só locais, mas também globais, coloca Angola numa posição de destaque no que toca à competitividade industrial sustentável.

Apoio às Pequenas e Médias Empresas Industriais

O sector industrial angolano é composto, em grande medida, por pequenas e médias empresas (PME) que enfrentam desafios únicos no que toca à sua capacidade de expandir operações e competir com empresas de maior dimensão.

Os transitários têm aqui papel de destaque, ao oferecerem soluções logísticas adaptadas às necessidades específicas destas empresas, permitindo-lhes aceder a mercados que, de outra forma, estariam fora do seu alcance.

Ao oferecerem serviços flexíveis e de custo acessível, os transitários asseguram que as PME podem concentrar-se no desenvolvimento do seu ‘core business’, sem se preocupar com as complexidades da cadeia de suprimentos. Este apoio é particularmente relevante num cenário económico em que a diversificação e o fortalecimento do sector industrial são metas prioritárias.

Parcerias Público-Privadas para o Crescimento Logístico

Noutro domínio, a cooperação entre os sectores público e privado é fundamental para assegurar que as necessidades do sector industrial sejam plenamente atendidas. Neste âmbito, os transitários podem colaborar com o Governo em projectos estratégicos de infra-estrutura logística, nomeadamente no desenvolvimento de corredores de transporte que liguem as zonas industriais aos principais portos e mercados, tanto internos como externos.

As parcerias público-privadas (PPP) podem, assim, representar uma oportunidade única para acelerar a modernização logística em Angola, garantindo que o país esteja preparado para competir a nível global.

A colaboração entre o Governo e os transitários pode, também, ajudar a identificar soluções inovadoras para os desafios específicos de transporte em áreas remotas ou pouco desenvolvidas, assegurando que todas as indústrias, independentemente da sua localização, tenham as mesmas oportunidades de crescimento e expansão.

Sendo certo que a logística desempenha um papel central no desenvolvimento industrial de Angola, os transitários não podem ser vistos apenas como facilitadores do transporte de mercadorias, mas parceiros estratégicos no processo de industrialização do país, contribuindo para a criação de cadeias de valor eficientes, sustentáveis e competitivas.

Ao posicionar a logística como um pilar essencial da estratégia de crescimento económico, Angola pode assegurar o seu lugar como um dos principais hubs industriais em África, com capacidade para competir nos mercados globais e promover um desenvolvimento inclusivo e sustentável.

 





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