Luanda - Íntegra da Mensagem à Nação proferida, nesta quarta-feira, pelo Presidente da República, João Lourenço, na sequência dos actos de vandalismo e arruaça ocorridos, em Luanda, na última segunda-feira.
Senhor Vice-Presidente da República
Estimados membros do Conselho de Ministros
Angolanas e Angolanos
Caros Compatriotas
Nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira, dia 10 de Janeiro, o país foi surpreendido por um acto de rebelião que alterou a ordem pública, vandalizou bens públicos e privados e pôs em risco a segurança física e a vida de pacatos cidadãos, trabalhadores no geral e, em particular, de profissionais da saúde e da comunicação social.
A paralisação de uma pequena parte dos táxis de Luanda, mesmo depois de o Executivo angolano ter atendido prontamente à principal reivindicação das associações representativas da classe, que tinha a ver com a redução da lotação dos táxis por força das medidas de protecção contra a propagação do vírus SARS-COV 2, serviu de pretexto para o aproveitamento político com vista a criar a ira dos cidadãos utilizadores desses meios de transporte urbano.
Importa referir que, mesmo não sendo o sector do transporte público o único a sofrer as consequências da COVID-19, se tivermos em conta que as empresas no geral tiveram de reduzir a força de trabalho ou mesmo encerrar, tendo avultados prejuízos financeiros e sérias consequências sociais para seus trabalhadores e respectivas famílias, para o caso vertente dos taxistas, pelos relevantes serviços que prestam às populações e aos trabalhadores, o Executivo foi para além da principal reivindicação das associações de taxistas, que pediam o alargamento da lotação para 75%, tendo-lhes sido oferecido em contrapartida a lotação máxima de 100%.
O que ocorreu na segunda-feira foi um verdadeiro acto de terror cujas impressões digitais deixadas na cena do crime são bem visíveis e facilmente reconhecíveis, e apontam para a materialização de um macabro plano de ingovernabilidade através do fomento da vandalização de bens públicos e privados, incitação à desobediência e à rebelião, na tentativa da subversão do poder democraticamente instituído.
Naquele fatídico dia, valeu-nos o facto de a Polícia Nacional ter agido com bastante contenção, e as entidades privadas singulares e colectivas directamente lesadas terem se comportado como verdadeiros patriotas, tolerantes e responsáveis.
Caros Compatriotas
Para as gerações vindouras, temos a responsabilidade de preservar para a eternidade as duas maiores conquistas do povo angolano alcançadas com muito sacrifício ao longo dos tempos: a Independência Nacional e a Paz e Reconciliação Nacional.
Apelo veementemente a todos os cidadãos a se absterem de quaisquer actos de retaliação. Quem viu seu património vandalizado, queimado ou destruído, não pague pela mesma moeda porque ninguém está autorizado a fazer justiça por mãos próprias. Entreguemos essa responsabilidade à Justiça e outros órgãos competentes do Estado!
As nossas forças policiais estão à altura do desafio e vão garantir a ordem e a segurança dos cidadãos, das instituições e da propriedade.
Apelamos, por isso, a todos os cidadãos residentes no nosso país, angolanos e estrangeiros, a fazerem a sua vida profissional e familiar normalmente.
As eleições gerais previstas terão lugar em ambiente de plena segurança para os eleitores e os observadores, em Agosto do corrente ano de 2022, como estabelece a Constituição da República.
Em Angola, a única forma possível e legítima de se disputar o poder político é pela via democrática das eleições.
Permitam-me destacar a pronta manifestação de indignação, repulsa e condenação pública da sociedade angolana em uníssono, através dos representantes de partidos políticos, de confissões religiosas, de organizações não governamentais, jornalistas e fazedores de opinião, contra todos aqueles autores morais, mentores, organizadores e executantes dos actos criminosos da passada segunda-feira.
Obrigado pela atenção.