Luanda - Íntegra do discurso do Presidente da República, João Lourenço, no Fórum Empresarial África do Sul-Angola.
12 de Dezembro de 2024 - África do Sul
Ilustres Convidados
As relações entre Angola e a África do Sul têm raízes profundas, cultivadas ao longo de décadas de luta pela emancipação e progresso do nosso continente.
Logo após a queda do Apartheid, com a transição democrática na África do Sul os nossos países iniciaram um percurso de cooperação que se consolidou em várias áreas de interesse comum, um marco histórico que nos permitiu transformar antigos desafios em oportunidades de diálogo construtivo, tendo como pilares a integração regional, a promoção da paz e segurança e a busca por um desenvolvimento sustentável.
Nossos países partilham um compromisso inabalável com o fortalecimento da unidade africana, tendo procurado, desde os primeiros acordos de cooperação, alinhar visões e esforços sobretudo no âmbito da SADC, reforçando os mecanismos de integração económica e regional.
As discussões que se iniciaram naquela época abarcavam sectores cruciais como a geopolítica, segurança e o desenvolvimento económico, pois já reconhecíamos na altura que somente através de parcerias robustas e mutuamente vantajosas poderíamos contribuir para o progresso de nossos povos e a construção de uma África mais próspera.
Angola e África do Sul, como economias líderes na região da SADC, possuem complementaridades naturais que podem gerar impactos transformadores não apenas para nossas nações, mas para todo o continente.
Neste evento, temos a ocasião de identificar áreas de interesse comum, desencadear e fortalecer parcerias económicas e financeiras, reafirmando nossa determinação em continuar a fortalecer os laços históricos e construir um futuro de prosperidade partilhada.
Minhas Senhoras, Meus Senhores!
A aprovação de instrumentos estratégicos de integração regional, com destaque para o Acordo de Livre Comércio Continental Africano, reveste-se de uma importância ímpar, por ter o potencial de impulsionar de forma substancial o intercâmbio comercial, reduzindo barreiras tarifárias e não tarifárias que até ao momento têm constituído entraves significativos à integração económica e ao crescimento sustentável dos nossos mercados.
A pertinência desta integração económica é acentuada pelo contexto geopolítico global, caracterizado por conflitos cíclicos de elevada gravidade, geradores de disrupções nas cadeias de abastecimento globais, expondo as nossas economias a choques externos relevantes, com consequências a nível da estabilidade dos preços de bens essenciais de consumo e no bem-estar das nossas populações.
Uma integração económica eficaz promove o aumento da produção agrícola e do comércio regional, a estabilidade e a segurança alimentar, a geração de empregos, estimula a industrialização e, por conseguinte, a construção de economias mais resilientes e inclusivas.
Na nossa sub-região continental, os nossos países estão bem posicionados para uma cooperação económica intensa e profícua, competindo aos agentes privados tomar as oportunidades desta manifestação de vontade que, de modo reiterado, vos transmitimos.
Minhas Senhoras, Meus Senhores!
Angola atravessa uma etapa importante no seu processo de transformação económica, pautada pela implementação de reformas estruturantes destinadas a reconfigurar o perfil produtivo do país, alicerçando um tecido económico robusto, diversificado e sustentável.
Esta visão encontra-se plasmada no nosso Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027, onde inscrevemos uma agenda clara para o fortalecimento do sector privado, criando um ambiente mais propício ao investimento directo nacional e estrangeiro, de forma a aumentar a contribuição do sector não petrolífero para o Produto Interno Bruto.
Nosso objectivo passa pela redução progressiva da intervenção estatal, deixando ao Estado o papel primordial de regulador, facilitador e garante da estabilidade macroeconómica.
As reformas em curso orientam-se pela melhoria de políticas de incentivo à produção nacional e pela diversificação das exportações. Paralelamente, apostamos em programas abrangentes de fomento produtivo e na redução da informalidade, instrumentos essenciais para assegurar uma trajectória de crescimento sólido.
Cientes de que a materialização desta visão depende em larga medida da qualidade das nossas infra-estruturas, empreendemos um esforço significativo e contínuo na modernização e expansão dos nossos sistemas de transporte e logística, uma aposta estratégica que inclui a melhoria da rede rodoviária, a requalificação e modernização de aeroportos, a optimização das infra-estruturas ferroviárias, bem como o reforço da capacidade portuária.
Pretendemos, desta forma, estimular a mobilidade interna e a integração regional, criando as condições necessárias para impulsionar a actividade económica em múltiplos sectores.
O Corredor do Lobito é disso um bom exemplo, que, sendo uma plataforma logística integrada que congrega infra-estruturas de referência, como o Porto do Lobito, o Caminho de Ferro de Benguela, aeroportos, estradas e outras facilidades de transporte, posiciona-se como um eixo estratégico de integração e facilitação do comércio regional, potenciando o surgimento de novas cadeias de valor, destacando-se o da agroindústria.
Minhas Senhoras, Meus Senhores!
A África do Sul é hoje uma referência continental na inovação digital, nos serviços financeiros, em tecnologias agrícolas e em soluções industriais, sendo claramente um parceiro estratégico natural para Angola.
O sector energético constitui, também, um dos mais promissores domínios de cooperação entre os nossos países, sobretudo pela actual capacidade excedentária de geração de electricidade em Angola e necessidades de consumo ainda por atender na África do Sul.
Consideramos essencial apostar na cooperação directa entre empresas angolanas e sul-africanas, com uma abordagem que reforce a interacção entre empreendedores, gestores e investidores dos dois países, promovendo a inovação, impulsionando a competitividade e melhorando o acesso a mercados, tecnologias e recursos.
Ao longo deste evento, os presentes terão a oportunidade de analisar em profundidade as medidas que estamos a implementar para aprimorar o nosso ambiente de negócios e, consequentemente, atrair mais investimento estrangeiro.
Estas acções têm vindo a simplificar e agilizar significativamente os processos de concretização do investimento privado, promovendo a adopção de novas tecnologias e práticas empresariais mais eficientes.
Gostaria de me dirigir em particular aos empresários da África do Sul, convidando-os a explorar atentamente as oportunidades que o nosso país oferece, a considerar a constituição de parcerias estratégicas com empresários angolanos e a conhecer presencialmente a nossa realidade, onde vos aguardamos de portas abertas, tanto enquanto investidores, como enquanto turistas.
Desse modo, conseguiremos converter o nosso potencial económico em realidade tangível, edificando um legado de progresso, prosperidade e desenvolvimento sustentável para as gerações vindouras.
Muito obrigado.
