Benguela - O ministro da Juventude e Desportos, Rui Falcão, rejeitou, esta sexta-feira, em Benguela, que haja interferência do Governo na eleição dos corpos gerentes das federações nacionais ou das associações provinciais.
"Nós não somos parte de eleições de órgãos sociais de federações nacionais. São os praticantes, os clubes, as associações que têm que decidir sobre quem tem perfil, de facto, para dirigir a federação", afirmou Rui Falcão.
O governante esclarecia, deste modo, o posicionamento do seu pelouro sobre o processo de renovação de mandatos nas federações nacionais.
Segundo o ministro, hoje, do ponto de vista legal, os associados das diferentes federações têm oportunidade de decidir sobre os seus dirigentes desportivos, ao invés dos responsáveis do Estado.
"O ministro da Juventude e Desportos não se imiscui em assuntos das federações nacionais, particularmente naquilo que tem a ver com a eleição dos seus corpos gerentes", reforçou.
Deixa claro que o Ministério da Juventude e Desportos não é parte do problema da gestão das federações nacionais, reiterando que cabe aos associados resolvê-lo, em função da avaliação objectiva que façam do desempenho daqueles que elegeram no mandato anterior.
Para isto, vincou que os associados devem saber, por exemplo, se os dirigentes eleitos executaram aquilo a que se comprometeram, se utilizaram bem os recursos que receberam do Estado e se investiram os recursos para o desenvolvimento da sua modalidade.
Como ministro e dirigente desportivo, Rui Falcão admitiu ter uma opinião pessoal, mas rejeitou comentar, embora enfatizesse que é lógico, visível e perceptível que, olhando para uma federação, se saiba se ela tem ou não um bom desempenho.
Disse entender que esse bom desempenho não passa exclusivamente pelos resultados desportivos, mas também pelo comportamento desses dirigentes e pelo amor que demonstram e transmitem à modalidade.
"É fácil dizer que todos amam o andebol, judo, karaté (...). Eu vou acreditar nisso quando eles todos forem capazes de sentar à mesma mesa e discutir o assunto das suas modalidades de coração aberto, sem truques debaixo da mesa", afirmou.
Criticando a atitude dos que só dificultam o trabalho que visa colocar o desporto nos lugares cimeiros, o ministro questionou como é possível que muitos que dizem amar a modalidade nunca abrem a boca, quando vão às assembleias, mas cá fora querem dizer tudo.
"Se ama a modalidade, é membro do clube, vai à assembleia geral, dê a sua opinião e seja honesto", incentivou.
Transparência
Rui Falcão aproveitou ainda para destacar a transparência na alocação dos recursos às diferentes federações nacionais, frisando que hoje já não há segredos, uma vez que o órgão de tutela publica a lista dos valores dados às instituições federativas nas diferentes modalidades.
"Acabou o truque de que ninguém sabe. Dizemos publicamente aquilo que entregamos às federações nacionais", sublinhou.
Afiançou que só foi por isso que se pôs ordem ao que estava a acontecer no futebol, explicando que o resto é um problema interno dos próprios associados.
"A nível do andebol é a mesma coisa. É um problema interno do andebol, não é nosso, assim como o basquetebol, judo, karaté, voleibol, golfe", aclarou, desafiando os associados para que resolvam os problemas com que se debatem a nível interno.
É nesse contexto que o máximo responsável do pelouro da Juventude e Desportos deu a entender que as funções do Governo passam apenas por validar os resultados das assembleias gerais das federações nacionais.
Perante dezenas de entidades de associações desportivas e clubes da província de Benguela, o governante precisou ainda que os assuntos inerentes às associações provinciais e às assembleias-gerais das federações nacionais devem ser dirimidos ao seu nível.
Na sequência, citou que o Ministério da Juventude e Desportos recebe o relatório dessas assembleias para deliberar ou não sobre os resultados, isto é, o quadro eleito, com base na lei.
"A nós não nos interessa se é o António, o João ou o Manuel. Para mim, todos os dirigentes desportivos são iguais, seja qual for a modalidade", frisou.
"Todos nos sentimos orgulhosos quando a selecção de futebol ganha a Taça Cosafa", reconheceu, afirmando que todos ficam tristes em caso de resultados negativos em qualquer uma das modalidades.
Daí apelar aos dirigentes desportivos do país para que passem desse sentimentalismo para o realismo e empenho para sermos cada vez melhores, deixando de lado o subjectivismo. JH/CRB