Luanda - O desporto teve, em 2022, uma mescla de bons e maus momentos, em função dos resultados em campo, da legislação e das infra-estruturas, com destaque para a contínua degradação do estádio 11 de Novembro, em Luanda, o principal do país.
No ano que agora termina, o futebol assume relevância, por ser a modalidade “rainha”, apesar de ter estado fora das grandes competições internacionais e de muitos baixos internos, causando uma sensação de inércia.
Desde a última vez que o país participou num Campeonato do Mundo, o da Alemanha, em 2006, e da presença no Africano, em 2019, no Egipto, após período “sabático”, Angola vai contentar-se com a disputa do CHAN, em Janeiro de 2023, na Argélia, torneio para jogadores que evoluem nos seus respectivos países.
A modalidade foi salva pela Selecção Nacional para Amputados, com a conquista, pela segunda vez, da medalha de prata no Campeonato do Mundo, disputado em Setembro último, em Istambul (Turquia), com derrota na final diante do anfitrião, por 1-4.
Este resultado ocorreu depois de Angola ter conquistado a prova em 2018, no México, onde superou, coincidentemente, a mesma Turquia, por 5-4, aos penalties.
No evento anterior, em 2014, Angola foi vice-campeã, ao perder na final, com a Rússia (1-3).
Internamente destacar a passagem do Petro de Luanda à fase de grupos da Liga dos Clubes Campeões Africanos, contrariamente ao 1.º de Agosto e ao Sagrada Esperança da Lunda Norte, eliminados, de forma prematura, respectivamente, da Liga e da Taça da Confederação.
Ainda no futebol, marcado por duas greves por parte da arbitragem, por questões financeiras, destaca-se, também, o adiamento, para o próximo ano, da implementação da Liga de Futebol, apesar do elenco directivo do órgão, liderado por Alves Simões, já ter, inclusive, tomado posse.
Andebol salva honra angolana Se na chamada modalidade “rainha” o ano não acaba da melhor maneira, os angolanos viram, no mesmo período, as selecções júnior e sénior femininas de andebol, bem como a equipa sénior feminina do 1.º de Agosto conquistarem o ouro no continente.
Com efeito, as conquistas começaram em Fevereiro, em Conakry (Guiné), com a selecção júnior feminina a arrebatar o deca-campeonato africano, relegando o Egipto para o segundo posto.
Antes da entrada em cena da selecção sénior feminina, a equipa do 1.º de Agosto arrebatou o sétimo título na Liga dos Campeões Africanos em femininos.
As “rubro e negro” venceram, na final, o Petro, também de Angola, em evento disputado em Hammamet (Tunísia).
O ano fechou, com a selecção sénior feminina a conquistar, em Novembro, o 15º título africano ao vencer, na final, os Camarões, por 29-19, em Dakar (Senegal).
Jogos da Região V
Angola foi segunda classificada nos Jogos da Região V, terminados no início do corrente mês, em Lilongwe (Malawi).
O país arrebatou 45 medalhas, entre as quais 18 de ouro, 14 de prata e 13 de bronze.
No evento, o judo foi o mais produtivo, com nove medalhas de ouro, cinco de prata e quatro de bronze, seguido do basquetebol, com quatro de ouro, taekwondo, com três de ouro e duas de prata, o atletismo adaptado com duas de ouro, igual número de prata e uma de bronze, e a natação com três de prata e quatro de bronze.
A representação nacional foi apenas superada pela África do Sul, com 114 medalhas, das quais 62 de ouro, 30 de prata e 22 de bronze, melhorando a classificação geral, se comparada a terceira da edição de 2021, em Maseru (Lesotho).
Basquetebol sem brilho
No basquetebol, destaque para a segunda posição do Petro de Luanda na Liga Africana. O campeão angolano perdeu, na final, em Maio, frente ao US Monastir da Tunísia, por 72-83.
Conduzido pelo brasileiro José Neto, que ganhou o título de melhor treinador da prova continental, a formação do “eixo-viário” perdeu por 72-83. Na competição anterior foram os terceiros da geral.
Modalidades em passo firme
Ao longo do ano, destacaram-se ainda os resultados positivos da natação, judo, jiu-jitsu, taekwando, karaté, artes marciais mistas (MMA), kick-boxe e fisiculturismo.
Inelton Bombo, no estilo grappling (84kg), conquistou a medalha de prata, no Campeonato do Mundo de lutas, disputado em Outubro, em Pontevedra (Espanha).
Centro de Alto Rendimento
Ao nível das infra-estruturas, todo o destaque para a construção, na província do Bengo, de um Centro de Alto Rendimento para o Desporto Paralímpico, denominado “José Sayovo”, com capacidade para alojar 250 atletas de várias modalidades. Foi igualmente anunciada a construção de estádios de futebol, no Uíge e no Huambo.
Pela negativa, prendeu a atenção a degradação paulatina do estádio 11 de Novembro, construído em Luanda, na zona da Camama, para albergar várias partidas do Campeonato Africano das Nações de 2010.
Com capacidade para 50 mil espectadores, o maior estádio do país debate-se com problemas de inundações, fissuras nas paredes e fundações, devido a uma manutenção que nunca foi proporcional ao exigido técnica e estruturalmente, o que resultou em ser interditado para acolher jogos.
Em dois meses, a nova ministra da Juventude e Desportos, Palmira Barbosa, do Executivo formado depois das eleições gerais de Agosto de 2022, visitou o complexo duas vezes.
A infra-estrutura apresenta um estado desolador, com a relva, portas, materiais de balneários e vestiários danificados, problemas eléctricos, e com as cadeiras e mobiliário na zona para a imprensa.
Lei Anti-dopagem
No quadro da legislação, foi aprovada, pela Assembleia Nacional, em Fevereiro, a Lei Anti-dopagem, na perspectiva de um desporto mais limpo, bem como a da Protecção Social do Desportista pós-carreira.
A lei estabelece que todos os atletas são obrigados a submeter-se ao controlo de doping, assim como as penas inerentes, que vão da suspensão, irradiação ao criminal, no caso de culpabilidade.
Quanto ao Regime de Protecção Social do Desportista Profissional em Angola, a lei, elaborada pelos ministérios da Administração Pública Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) e da Juventude e Desportos (MINJUD), com a contribuição do associativismo desportivo, coloca fim a uma insuficiência legislativa de longa data e preocupação dos desportistas.
Dirigismo desportivo
Neste segmento, registou-se a ascensão do actual presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF), Artur Almeida e Silva, a líder da COSAFA, organismo da Região Austral de África, enquanto Leonel da Rocha Pinto foi eleito presidente da Confederação Africana de Futebol para amputados.
Já a antiga judoca Antónia de Fátima “Faia” assume o cargo de directora-adjunta para a Área de Educação e Treinamento da Confederação Africana da modalidade.