Recorde de Sayovo representa orgulho para Angola

     Desporto              
  • Luanda • Terça, 03 Setembro de 2024 | 08h25
Secretário-geral do CPA, António da Luz
Secretário-geral do CPA, António da Luz
Marcelino Camões - ANGOP

Paris (Do enviado especial) – A manutenção do recorde de José Sayovo nos 400m, estabelecido nos Jogos Paralímpicos de Atenas (Grécia), 20 anos depois, representa orgulho para Angola e para o Comité Paralímpico em particular.

A consideração é do secretário-geral do órgão, António da Luz, reagindo à ANGOP, em Paris, após o venezuelano A. Santos ter conquistado o ouro com o tempo de 50.58 na mesma distância para atletas deficientes visuais, domingo, nos Jogos Paralímpicos.

O dirigente recordou que o feito de José Sayovo (classe T11) foi protagonizado em período de menos evolução tecnológica.   

Referiu que desde a disputa dos jogos de Atenas2004 até à presente edição deu-se um salto qualitativo em relação ao desporto adaptado no mundo, por conta de um maior investimento decorrente dos indicadores evolutivos que a prática demonstra.

Hoje, segundo a fonte, já existem diferentes formas de preparar um atleta de alta competição, usando meios tecnológicos que ajudam a melhorar a performance e mesmo assim Angola continua a manter o recorde.

Este facto, disse, significa que Sayovo foi um fenómeno ao conseguir não só o feito de Atenas, mas por tudo que se tornou no mundo do desporto paralímpico com subidas sucessivas ao pódio e alcançando vários recordes mundiais, paralímpicos e africanos treinando com condições básicas.

“Naquela altura, Angola não estava evoluída como está hoje. Não tínhamos tanta informação sobre o desporto paralímpico como temos hoje e treinávamos em condições péssimas, nas barrocas e nos Coqueiros”, frisou.

António da Luz, um dos fundadores do desporto adaptado no país, afirmou ter sido uma forma inteligente tirar Sayovo do Hospital Militar, onde  recuperava após ter accionado uma mina, enquanto militar.

Contou que a referência do atletismo mundial já era, por natureza, resistente e regrado, características que contribuíram para o seu sucesso no atletismo adaptado, apesar da ausência, na altura, das tecnologias de treinamento que se tem actualmente.

Quanto ao período pós-Sayovo, indicou que o Comité Paralímpico Angolano desenvolve etapas de treinamentos com um grupo de atletas identificados, em ambos os sexos, para que depois venham orgulhar o país.

Na sequência, nos Jogos Paralímpicos de 2016, disputados no Rio de Janeiro (Brasil), a aposta no então jovem promissor, José Chamoleia, não resultou no ganho esperado.

Naquele evento, o velocista, tido como principal substituto de José Sayovo, se quer ficou perto do pódio e depois acabou por desistir prematuramente da prática desportiva.

Da “canteira” do CPA, de acordo com fonte, desde 2017, a aposta tem sido mais no sector feminino, nomeadamente em Juliana Moko, Regina Dumbo e Emeloide, as duas últimas não estão presentes em Paris por várias razões.  

“Nós esperávamos que a partir de Paris se tivesse as primeiras amostras de que a forma de trabalhar, que o prospecto está em bom caminho. Infelizmente, a Regina e a Emeloide acabaram por não vir aos jogos por razoes várias, mas a Moko está a demonstrar que estamos no caminho certo”, sustentou.

Explicou que em 2020, em Tóquio, Moko foi a oitava nos 400 metros e agora em Paris ficou na sexta posição e que, pela lógica, os indicadores apontam que em Los Angeles a atleta pode ficar entre as quatro finalistas.

Referiu que se verificou, igualmente, melhorias nos 100m em que a corredora cronometrou 12.51 e depois 12.56, respectivamente nas qualificativas e meias-finais, contra o seu melhor tempo de 13.03 desde 2020.

António da Luz mostrou-se ainda mais confiante no alcance do objectivo de qualificação entre as quatro melhores posicionadas nas três especialidades (100, 200 e 400m) dentro de quatro anos, com recente acordo assinado entre Angola e China.

Indicou que um dos pontos de destaque da cooperação com o país asiático contempla a formação e estágios das selecções nacionais

“Vamos ensaiar um modelo de preparação para que as atletas possam ser observadas e avaliadas pela sua margem de evolução. Então vamos aproveitar todas essas valências que a China tem para dota-las de qualidades que permitam estar nas competições e ombrearem com aquelas que são do primeiro mundo e que possuem as tecnologias que Angola ainda não tem”, reiterou.

No entanto, defende que, pelo que a Juliana Moko está a afazer agora em Paris2024, tudo dependerá não só do empenho dela, mas também dos apoios administrativos.

Disse que o CPA vai adoptar uma visão em termos de acompanhamento da sua vida social, e da sua preparação para criar uma estabilidade emocional, visando dois focos fundamentais: a vida académica e o processo de treinamento para os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028. MC/ADR 





Notícias de Interesse

+