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Desporto escolar carece de continuidade

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  • Luanda • Quarta, 12 Maio de 2021 | 16h38
Desporto comunitário ganha corpo na Lunda-Sul
Desporto comunitário ganha corpo na Lunda-Sul
Marcelino Camões

Luanda – A lei base do sistema desportivo nacional, de 20 de Maio de 2014, contempla a generalização do desporto escolar como sustento da alta competição, mas sete anos após a sua revisão e actualização a implementação deste segmento social nos moldes desejados contínua num impasse.

Por José Donga

A disputa anual da fase final do Campeonato Nacional neste sector transmite a ideia da sua efectiva existência, mas na verdade Angola está ainda longe do pretendido nível organizativo, tendo a realização de provas regulares como à base de qualificação para a fase nacional.  

Em função desta e outras insuficiências nos procedimentos, foi criada em 2011 uma comissão  nacional para revitalização da educação física e desporto escolar, tendo como coordenador executivo o antigo Secretário de Estado para Educação Física e Desportos, Rui Mingas.

Este grupo de trabalho realizou alguns encontros sem resultados visíveis para a inversão do quadro, pelo menos divulgados publicamente, até que o assunto deixou de ser abordado.

Na sequência, em 2017, na vigência do então ministro da Juventude e Desportos, Albino da Conceição, constituiu-se uma comissão para a fundação de uma Federação Angolana do Desporto Escolar.

Entre os objectivos constavam a criação de clubes desportivos,em todas as escolas para sustentar a federação, num panorama que resultaria na transferência do desporto escolar para tutela do Ministério da Juventude e Desportos (MJD), iniciativa no entanto abortada, mantendo-se a sua a gestão sob responsabilidade do Ministério da Educação (MED).

 

A falta da aplicação das políticas definidas remetem o desporto escolar a uma situação de meio - termo, ou seja, existe em Angola, mas sem os modelos adoptados internacionalmente, tendo como itens a generalização e valorização do profissional de educação física.

O país arrancou com  o desporto escolar, no período pós independencia, na década de 80, na altura organizado por zonas, mas devido ao conflito armado registou um interregno em 1986, quando tinham sido já realizadas seis edições

As provas retomaram o seu curso de forma alternada em 2000. De lá para cá disputaram-se dez campeonatos até Janeiro de 2020. 

Este ano (2021) o evento está agendado para Agosto próximo na província de Luanda, mas a sua efectivação poderá estar comprometida por conta da pandemia da Covid-19.

O desporto escolar no país envolve as modalidades de andebol, atletismo, basquetebol, futebol, voleibol, ginástica e xadrez, cujos moldes de qualificação obedece, num tempo muito curto (menos de dez dias), competições inter-turmas até à fase zonal e nacional.

Participam na fase nacional os melhores atletas de cada escola seleccionados por modalidades em representação das respectivas zonas (norte, centro, leste e sul).

Sobre este tema, contactado pela a ANGOP, o Director Nacional para os Desportos, Nicolau Daniel, afirmou que a realização do desporto escolar no país carece de um plano de continuidade sustentado para se tornar no celeiro da alta competição.

Apontou a falta de acompanhamento de talentos descobertos nos diversos campeonatos como sendo um dos factores de estrangulamento. Na sua óptica, os mesmos devem ser encaminhados aos clubes federados mediante a assinatura de protocolos.

 Explicou que a visão do Executivo é tornar o desporto escolar o garante da actividade a nível nacional e  que a partir de 2022 haverá mudança de paradigma, num projecto onde o MJD prestará apenas apoio metodológica, de nfra - estruturas, juízes e cronometristas, sendo a tutela do MED.

Acrescentou que os melhores atletas - estudantes da próxima edição vão  integrar as selecções nacionais, visando os jogos da Região - 5 e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em 2022, com o objectivo de conferir maior visibilidade, atrair olheiros e reforçar a continuidade do projecto.

Por seu lado, o chefe de departamento para o desporto escolar do MED, Pedro Agostinho, disse que " a actividade tem registado altos e baixos", sendo importante maior aposta na formação de professores de educação física, de modo que o processo decorra de forma sustentável.

 Este pressuposto, sublinhou, vai  propiciar a redução de erros na execução das aulas práticas das modalidades seleccionadas (andebol, atletismo, basquetebol, futebol, ginástica, voleibol e xadrez) e, com isso, o aumento de alunos com qualidades para evoluírem nos circuitos federados.

Existem vários exemplos de atletas que se tornaram célebres e que tiveram o desporto escolar como base de formação, nomeadamente a andebolista Palmira Barbosa, várias vezes campeã africana pela selecção nacional, e António Santos, actual recordista do triplo salto.

Em 2000 a fase final do evento para desportistas estudantes foi disputada na província de Cabinda, seguindo-se os anfitriões Kwanza Sul (2001), Huíla (2007), Bié (2008), Cabinda (2010), Namibe (2011), Uíge (2013) e Lunda Sul (2014).

As qualificações por zonas iniciaram em 2018, na Lunda Sul, nos mesmos moldes registados na última edição disputada na Huíla, em 2020.

Dados da organização indicam que participam nos Jogos Nacionais Escolares mais de 245 atletas por ano.

 

 

 





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