Luanda - Em dois anos, o estádio 11 de Novembro tem alternado entre a aprovação e desaprovação da Confederação Africana de Futebol (CAF), devido a incumprimento de requisitos para ser considerado apto em definitivo.
Desta vez, o órgão africano voltou a ser benevolente com o filiado, a Federação Angolana de Futebol (FAF), autorizando jogos internacionais sob sua tutela, altura em que, internamente, ainda não foram devidamente clarificados os itens cumpridos ou não do extenso pacote de exigências.
Um comunicado da organização, liderada pelo sul-africano Patrice Motsepe, que a ANGOP teve acesso, neste domingo, dá novamente sinal verde temporário ao gigante da Camama, com capacidade para 50 mil espectadores, construído no âmbito do CAN´2010, decorrido em Angola.
Em Outubro de 2021, inspectores da CAF, após vistoria aturada, consideraram o imóvel inapto, porque não reunia as condições ideais, tendo sido solicitada à FAF um “plano de acção detalhado” com as tarefas e prazos para a conclusão das obrigações.
Na altura, a degradação acentuada da infra-estrutura, com realce para os placares electrónicos, estado da relva, das bancadas e dos balneários de acesso ao público despertaram a atenção da instituição continental.
Na parte exterior, o cenário era (ainda é) precário com ravinas, capim e outros elementos identificativos de uma manutenção deficitária.
Em Junho de 2022, em outra inspecção liderada pelo cabo-verdiano, Gerson de Melo, o resultado no local foi de muitas reservas, mas o veredito inapto chegou algum tempo depois, colocando novamente Angola em uma "saia justa".
Foi apontado como alternativa, o estádio da Tundavala, na Huíla, e o 22 de Junho, afecto ao Interclube, também estes com problemas de incumprimento.
Mas de lá até cá, as melhorias efectuadas no 11 de Novembro, que teve como conceito (inspiração) de construção a planta Welwitschia mirabilis, permitiram nova oportunidade.
Efectivamente, o imóvel conhece melhorias hoje. Por exemplo, ao nível dos dois placares electrónicos e torres de iluminação, na relva com nova "cara", depois de seca por falta de água e os assentos agora completos, após período de sucessivos actos de vandalismo por parte de algum público.
Sendo a comunicação em relação ao assunto, algumas vezes, muito compartimentada, deixando sem total conhecimento sobre a situação, corre-se o risco de resvalar-se para o campo da especulação, desaconselhável no exercício de um jornalismo responsável e de acordo com as regras deontológicas.
O órgão reitor do futebol africano disponibilizou aquilo a que chamou de “Requisitos de estádio CAF”, um documento abrangente que inclui as necessidades e estabelece os critérios mínimos a serem cumpridos para que um estádio seja definitivamente aprovado.
O instrutivo recomenda, também, obras de recuperação dos balneários, substituição dos cacifos metálicos para os de madeira, instalação do sistema de internet, montagem de uma sala para controlo antidoping, substituição da louça sanitária, melhorias nas cabines de imprensa, entre outras.
Na última visita da ministra de tutela, Palmira Borbosa, ao imóvel, em finais de 2022, a constatação foi de melhorias internas, mas existem ainda áreas cujas obras se desconhecem oficialmente, não se sabendo o grau de cumprimento das orientações até a visita de novos inspectores.
De acordo com o documento que a ANGOP vem citando, cinco inspectores da CAF chegam ao país no dia quatro de Fevereiro, no âmbito da participação do Petro de Luanda na primeira Superliga de Futebol.
O período será aproveitado para uma visita de constatação ao estádio, depois de aprovado temporariamente em função do envio ao órgão africano de fotografias e vídeos dos seus compartimentos pelo presidente do Conselho Técnico Desportivo da federação, José Neves, igualmente inspector credenciado pela CAF.
O espaço será ainda palco dos jogos do Petro de Luanda, que inicia em Fevereiro a disputa da fase de grupos da Liga dos Campeões, e da Selecção Nacional, que começa em Março as qualificativas para o CAN da Côte d’Ivoire, trasnferido de 2023 para 2024.
No entanto, é importante ressaltar que o 11 de Novembro será continuamente monitorado e caso infracções aos requisitos sejam relatadas, a CAF pode rever a sua decisão ou aplicar as multas conforme estabelecidas no seu regulamento.
