Luanda - Amado no Botafogo e desconsiderado na selecção nacional, o central Bastos Quissanga continua a conquistar o coração dos brasileiros, mercê das suas consistentes actuações, que merecem rasgados elogios na imprensa.
Por Marcelino Camões- Jornalista da ANGOP
Já leva mais de um ano, que Bastos Quissanga vem provando competência no Campeonato brasileiro da Série A, o “Brasileirão”, contribuindo, decisivamente, para manutenção da liderança do Botafogo, com 20 pontos.
Por conta de eventuais “quizílias” com a direcção da Federação Angolana de Futebol (FAF), o defesa de 32 anos de idade tem sido um dos maiores ausentes da seleção nacional, treinada pelo português Pedro Gonçalves.
Imperial no centro da defesa, sector em que Angola apresenta défice, o atleta formado no Petro de Luanda tem sido sucessivamente preterido dos Palancas Negras, por motivos ainda pouco claros ou convincentes.
Na verdade, o seleccionador Pedro Gonçalves já tratou de esclarecer que a ausência reclamada por muitos angolanos não é responsabilidade dele, reconhecendo tratar-se de uma mais-valia para o conjunto por si liderado.
No entanto, o jogador, que alterna a braçadeira de capitão no Botafogo, voltou a estar de fora da última convocatória para o apuramento ao Campeonato do Mundo de 2026, no duplo compromisso contra o Eswatini (1-0) contra os Camarões (1-1), no estádio 11 de Novembro, em Luanda.
Antes, foi o grande ausente da selecção que participou no Campeonato Africano decorrido em Janeiro/Fevereiro, na Côte d’Ivoire, onde, apesar da qualificação aos quartos-de-final, ficou evidente a falta de um “patrão” no centro defensivo de Angola, como Bastos tem sido no “Brasileirão”.
Quarta-feira, o angolano voltou a ser o salvador do seu clube, ao marcar o golo do empate (1-1) aos 90+8 minutos, em partida da 10.ª jornada, mantendo a sua equipa na liderança.
Num jogo quase dominado pelo Athletico-PR, o Botafogo perdia até os 53', com golo de Mastriani, mas o angolano nascido em Luanda marcou, de cabeça, o tento do empate com sabor a vitória para os adeptos "alvinegros", justamente no último minuto dos oito de compensação.
Recorde-se, na semana última, o ex-jogador da Lazio de Itália já havia balançado as redes no clássico contra o Fluminense. Subiu mais alto que toda a defesa “rubro-negra” e cabeceou para o tento da vitória de 1-0.
Os números do jogador encorajam a sua convocatória, independentemente de eventuais desacordos, ainda que para isso seja necessária uma explicação ou a retratação pública das partes envolvidas nesse "diferendo".
No último jogo, o mesmo protagonizou 99 toques na bola, 90% de aproveitamento no passe, 6/8 em confrontos directos, sete cortes, um remate defendido, duas interceptações, dois desarmes, um passe decisivo e um golo em 90+8' em campo. É, de facto, obra.
Embora seja certo que só os presentes fazem falta, como diz o velho adágio popular, a realidade mostra que Bastos Quissanga é, nessa altura, um jogador importante para a estabilidade do sector defensivo de Angola.
É, pois, chegada a hora de se ultrapassar o diferendo entre o jogador, o treinador e a Federação Angolana de Futebol, e pôr Angola acima de qualquer outro interesse.
Está provado que Bastos Quissanga é dos maiores activos do futebol nacional e imprescindível no centro da defesa dos “Palancas Negras”, tem competência para liderar e ocupar a braçadeira de capitão, como tem sido, de forma alternada, no Botafogo, um dos maiores clubes do mundo. MC/ELJ