FATM procura patrocinadores a 15 dias do Zonal V

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  • Luanda • Quarta, 15 Maio de 2024 | 07h40
Presidente da Federação de Ténis de Mesa, Manuel Morais
Presidente da Federação de Ténis de Mesa, Manuel Morais
Pedro Parente-ANGOP

Luanda - Orçada em 54 milhões de kwanzas, a organização do Campeonato Africano da Região V em ténis de mesa, a disputar-se de 28 a 30 de Junho, em Luanda, bate-se por patrocínios, devido à insuficiência de verbas.

Restam exactamente 15 dias para o arranque do evento continental, que Angola albergará, pela primeira vez, mas os valores garantidos, até agora, não ultrapassam 14% do necessário para uma organização de bom nível.

Em entrevista à ANGOP, em Luanda, o presidente da Federação Angolana de Ténis de Mesa (FATM), Manuel Morais, afirmou que o único valor disponível foi cabimentado pelo Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD).

O líder federativo disse nunca ter sido fácil encontrar patrocinadores para a modalidade que movimenta mais de 600 atletas dispostos em quase todas as 18 províncias do país.

Conforme o interlocutor, não se tratando de uma modalidade pouco atractiva, o problema passa pelo interesse das empresas, um pouco também em função do retorno por via da publicidade, considerada ainda irrisória.

O antigo praticante indicou que a competição será transmitida em directo pelas plataformas digitais da Confederação Africana e da Federação Angolana de Ténis de Mesa, sendo também esta uma forma de publicitar possíveis patrocinadores.

Manuel Morais espera que as empresas de comunicação do país, com destaque para as televisivas, deem cobertura à competição, até porque tornaria mais visível a modalidade na perspectiva da massificação.

No entanto, referiu que, no quadro da disputa do evento Zonal, a FATM solicitou a algumas instituições patrocínio em valores ou em bens e serviços, sem que nenhuma delas tenha, até agora, respondido.

Africano Zonal V ainda sem palco
Após contactos garantidos com a anterior direcção do 1.º de Agosto, liderada por Carlos Hendrick, para a disputa do evento no Pavilhão Paulo Bunze, na  Cidadela Desportiva, tudo ficou no "dito pelo não dito".

Referiu que a actual direcção do clube “militar”, agora sob batuta de Sá Miranda, suspendeu a realização de eventos justamentes naquele espaço no período da prova zonal, estando em aberto nova negociação, sem que se tenha certeza de recuo.

Explicou que a Federação tem um Centro de Alto Rendimento, localizado no Complexo Desportivo da Cidadela, em Luanda, mas que a sua dimensão não permite albergar provas internacionais, com mais de cinco selecções.

Espera-se, pois, a participação de 10 países (incluindo Angola) e de pelo menos 60 atletas, em ambos os sexos, numa altura em que as inscrições encerram no dia 30 deste mês de Maio, lembrou.

Não estando ainda garantido o recinto para palco da competição, qualificativa para o Campeonato Africano em Outubro, na Etiópia, a alternativa pode ser o pavilhão do Kilamba.

Sobre essa possibilidade, a fonte da ANGOP referiu que a contrariedade seria o acesso do público, pela localização da infra-estrutura, longe da zona urbana, apesar de as entradas serem livres.

Acrescentou que se equacionou o pavilhão da Cidadela, o que não é possível, porque o ténis de mesa decorre em recinto quase ou totalmente coberto, para evitar que os ventos mudem o curso da bola, especificamente pequena e leve.

Objectivos na prova

De acordo com a fonte, o objectivo de Angola nesta prova passa pela conquista e pela qualificação para o Campeonato Africano, em Outubro próximo.

Das seis edições de que Angola fez parte apenas em 2015 ocupou a primeira posição do pódio (medalha de ouro) em Feminino, por equipas, integrando Isabel Albino, Ruthe Tavares e Maria Samalinha, esta última já fora das quadras.

Em todas as outras edições, os representantes angolanos ocuparam sempre a segunda posição, em ambos os sexos, superados pela África do Sul.

Para contrariar o favoritismo sul-africano, desta vez os integrantes da Selecção Nacional estiveram de bolsa desportiva, durante mais de dois anos, num Centro de Alto Rendimento na China, país de maior desenvolvimento da modalidade.

Integram o combinado nacional masculino, com média de idade entre 20-25 anos, os tenistas  Edvánio Neto, Elizandro André, Domingos Manuel, Délcio Cassule e Luís Mudil.

Em femininos, com média de idade entre 20-29 anos, figuram Isabel Albino, Ruthe Tavares, Kailane de Sousa, Eugênia Simões e Gerusa Borges.

Em termos de histórico desportivo em competições africanas, destaca-se duas medalhas de bronze conquistadas nas edições da Argélia’2016 e Ilhas Seycheles’2018, além do ouro do Zonal V, em 2015.

Quanto às participações em Campeonatos do Mundo, regista-se três presenças nas edições da terceira divisão, sem que se tenha resultados de realce.

Enquadramento da modalidade em Angola

A Federação Angolana de Ténis de Mesa trabalha para a massificação e desenvolvimento da modalidade em mais de metade das 18 províncias, com destaque para Luanda, o maior centro de desenvolvimento.

Seguem-se, não necessariamente nesta ordem, Cabinda, Namibe, Huíla, Moxico, Huambo, Benguela, Uíge e Malanje, num universo de mais de 600 praticantes dos vários escalões etários, em ambos os sexos.  

O grande factor de estrangulamento para os projectos de desenvolvimento tem sido a exiguidade financeira, à conta da quase inexistência de patrocinadores. 

Actualmente, Luanda é a província que mais trabalha na formação, tendo como foco estudantes de escolas académicas do primeiro e segundo ciclos e  centros de acolhimento.

A falta de material desportivo como bolas e mesas têm-se revelado como um dos factores de maior dificuldade, ainda mais porque não se fabricam no país e a importação é muito onerosa.

Conforme o presidente de FATM, o processo de desenvolvimento fora de Luanda é ainda mais complicado, perante a falta de apoios às associações locais.

Historial do ténis de mesa

A comissão de estruturação do ténis de mesa em Angola foi criada no dia 26-11-1979, por despacho de 26-11-1979.

O primeiro presidente da FATM foi António da Silva Neto e as primeiras províncias a ter ténis de mesa foram Luanda, Huila e Huambo. Na segunda fase seguiram-se Benguela, Uíge, Bie, Cuanza Sul e Namibe.

Em 1981, filiou-se na Confederação Africana e Federação Internacional, tendo tido a sua primeira internacionalização em 1984, na Republica da Zâmbia.

Em 1982, foram formados na República do Egipto um treinador e um árbitro respectivamente, Filomeno Fortes e Manuel Burunhuso, o que permitiu a dinamização nas escolas de iniciaçao nas províncias.

Em 25 de Outubro de 1995, tomou posse como presidente da Direcção António de Jesus Raimundo e teve Paulo Teixeira Jorge como presidente da Mesa da Assembleia-Geral. 

A instituição conta com um centro de alto rendimento, inaugurado no dia 10 de Dezembro de 2006. MC





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