Luanda - A construção de uma piscina de aprendizado em cada município do país consta entre os projectos da Federação Angolana de Natação (FAN) para o início da descentralização da modalidade concentrada em Luanda.
Este facto foi divulgado pelo presidente da FAN, Joaquim santos, numa grande entrevista à ANGOP sobre o estado da modalidade e balanço do Campeonato Africano da zona IV, terminado recentemente na capital do país.
Trata-se de piscinas de aprendizagem e não de competição, por serem pequenas, de menos custos e de fácil aplicação, daí que em seu entender podem ser construídas por toda Angola.
O cumprimento de tais pressupostos, de acordo com o entrevistado, irá proporcionar o arranque da descentralização da natação, único objectivo por cumprir no seu plano de acção para o ciclo olímpico 2020-24.
Aliada à construção de piscinas de aprendizagem, Joaquim santos afirmou que a FAN precisa alargar à base de nadadores federados, visando melhorar a escolha limitada entre 250 a 300 existentes e daí extrair talentos.
Para a fonte da ANGOP, o projecto de estender a modalidade para outras províncias que não Luanda será concretizado, também, com a criação de núcleos nas restantes capitais do país.
Entretanto, apresentou alguns passos já dados que caminham para este fim, como, por exemplo, a recente formação de treinadores de diferentes zonas provinciais, por um instrutor de nacionalidade brasileira.
Estado da modalidade em Angola
Sobre o actual estado da modalidade em Angola, Joaquim Santos respondeu serem visíveis os resultados alcançados, tais como o aumento do número de seis a sete atletas com mais de 500 pontos FINA para mais de 20 ao longo de três dos quatro anos do seu mandato.
Para si, este registo mostra claramente um crescimento sustentado da natação, na medida em que, internamente, alargou o número de atletas com qualidade para as diversas selecções nacionais.
Explicou que este acréscimo tem permitido que não sejam os mesmos nadadores a participarem em provas da região e o aumento do potencial de candidatos nacionais a pontuarem e medalharem em competições internacionais.
Referiu que Angola tem dois tipos de praticantes, os das escolas e os federados, em números que rondam os três mil (300 são federados).
Sobre a previsão para reabilitação e construção de novas piscinas de competição nas 18 províncias do país, respondeu não constituir ainda prioridade.
Informou que não pretendem construir mais instalações, enquanto não tiver certeza de que vai haver utilização efectiva das mesmas.
Defende que para as outras províncias, enquanto não se constroem novos tanques, podem ser utilizadas as piscinas públicas e hoteleiras, esta última na perspectiva da rentabilização.
Agindo assim, de acordo com ele, os próprios governos províncias sentirão a importância da natação e optarão pela construção de mais espaços, não só do ponto de vista desportivo, mas também da saúde e do combate às mortes por afogamento.
Informou que o seu elenco começou com um projecto denominado “Angola Nadar”, tendo como objectivo a formação e, sobretudo, o combate de mortes por afogamento.
Para o efeito, foi realizada uma acção de formação de formadores para estes intervirem em várias zonas ribeirinhas.
Sobre o orçamento anual para a federação, o interlocutor respondeu que seria no mínimo de 100 milhões de Kwanzas.
Acrescentou que tais valores serviriam para cobrir compromissos nacionais e internacionais, melhorar e apoiar a competição interna.
Os valores, disse, serviriam igualmente para participações em campeonatos zonais, africanos e do mundo em júnior e sénior, além da melhoria de infra-estruturas.
Elucidou que os Kz73 529 878 cabimentados no OGE não são suficientes, nem cobrem se quer um quinto das despesas necessárias e consideradas elementares da federação.
FAN almeja organizar africano de nações
Após o segundo lugar resgatado com 2355 pontos, fruto de 30 medalhas de ouro, 24 de prata e 20 de bronze no Campeonato Africano da zona IV, decorrido em Luanda, a FAN quer organizar o africano de nações em 2024.
O antigo praticante indicou que Angola está em condições de acolher qualquer prova internacional e dado que a edição de 2024 ainda não foi adjudicada a qualquer nação, a federação angolana vai candidatar-se.
Aponta como argumento o facto de a prova continental ser qualificativa aos Jogos Olímpicos de Paris2024, em França.
Além de motivar novos talentos, a organização do evento no país colocaria Angola no topo do mundo.
“Acreditamos que para Paris2024 já será difícil ter nadadores com mínimos A ou B, mas com todo o empenho e vontade que os atletas demostram o sonho pode se concretizar para as olimpíadas de Los Angeles2028”, augurou.
Piscina do Alvalade
Após sucessivas reabilitações ao longo dos anos, a Piscina do Alvalade, o único recinto angolano para competições internacionais, terá novos blocos de partida já adequados às novas exigências da FINA.
Joaquim Santos mostrou à equipa de reportagem da ANGOP o sofisticado material a ser aplicado nos próximos dias.
Em substituição dos tradicionais feitos de betão armado, será a terceira mudança inédita no imóvel, inaugurado em 1973, feita pelo actual elenco, após a aplicação do placar electrónico, em 2021, e os separadores do estilo quebra de ondas.
O líder da FAN augura ainda, para o histórico imóvel, sob gestão do Ministério da Juventude e Desportos, a alteração e correcção das pastilhas actualmente soltas dentro da piscina.
O presidente federativo reservou a última parte da grande entrevista para abordar o “Feedback“ da Confederação Africana (CANA), após o Campeonato Africano da Zonal IV.
Informou que a organização do evento teve avaliação positiva, acrescentando que os níveis apresentados surpreenderam a elite continental tendo em conta os elogios recebidos.
Atletas, técnicos e dirigentes convergiram na ideia de que a organização da prova foi de elevado nível comparativamente aos registados pelo mundo nos últimos anos.
Foram apontados factores como as condições criadas a partir do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, recepção das delegações nos hotéis, transportação, alimentação e qualidade da piscina.
No zonal IV, de corrido de 3 a 7 de Maio, a Selecção Nacional resgatou o segundo lugar ao totalizar 2355 pontos, repetindo o feito de 2015.
Oito anos depois de ter conquistado a medalha de prata, em prova decorrida na capital do país, o combinado nacional repetiu a proeza, também na condição de anfitriã.
Para chegar a isso, os angolanos tiveram o duplo segundo lugar na piscina do Alvalade em masculinos (1199 pts) e femininos (1156 pts), atrás apenas da vizinha Namíbia, que somou no total 2757 pts.
Em terceiro lugar ficou Moçambique com 2068 pts, contra a quarta posição da África do Sul, 1598 pts, está última campeã destronada.
No quadro de medalhas, o combinado nacional conquistou 74, sendo 30 de ouro, 24 de prata e 20 de bronze, superando de “longe” os números da edição de 2015 (61), das quais 22 de ouro, 21 de prata e 18 de bronze.
Além de Angola, e evento continental contou com a participação da África do Sul, Botswana, Malawi, Ilhas Maurícias, Moçambique, Namíbia, Zâmbia, Zimbabwe, Tanzânia, Quénia, Comores, Ilhas Seycheles e Uganda. JAD/VAB/MC