Dirigente da FAF aponta soluções para alavancar o sector feminino

     Desporto           
  • Luanda     Sexta, 15 Março De 2024    19h07  
Vice-presidente para o futebol feminino, Sónia Anastácio
Vice-presidente para o futebol feminino, Sónia Anastácio
Marcelino Camões - ANGOP

Luanda - O futebol feminino em Angola precisa fortalecer a formação nos escalões de base, ter disponibilidade de equipamentos e apoios financeiros directos e indirectos por parte do Estado para voltar aos níveis de desenvolvimento de antes.

Em recente entrevista à ANGOP, em Luanda, no âmbito  do mês de Março, dedicado internacionalmente à mulher, a presidente da Comissão para o sector da Federação Angolana de Futebol (FAF), Sónia Anastácio afirmou que tais pressupostos iriam melhorar o quadro a médio prazo.

Para a ex-capitã da primeira Selecção Nacional, convocada em 1995, o desporto hoje é uma ciência e como tal Angola deve enquadrar-se aos padrões mundiais de formação, fundamentalmente a nível dos treinadores para a elevação da qualidade da atleta e do jogo.

Referiu que, num passado recente, embora com menos equipas, já se trabalhava profundamente para a capacitação dos técnicos, em iniciativas, entre outras, dos então treinadores Chico Ventura e Mascarenhas.  

Explicou que nos momentos áureos do futebol fiminino no país chegou-se a atingir 43 equipas, algumas com o apoio de várias empresas e pessoas singulares, mas hoje, com o registo de mais de 50 representações, a modalidade decaiu até em termos de qualidade das selecções nacionais.

Lembrou que na década de 90, Angola era referência na Região Austral de África, inclusive rivalizava com a África do Sul em termos de resultados, mas actualmente as sul-africanas evoluíram, a tal ponto sem comparação em termos de competência desportiva e condições de trabalho.

Sónia Anastácio, de 51 anos de idade, refletiu igualmente sobre a necessidade de obtenção de carteiras profissionais de níveis mais elevados por parte das treinadoras para garatir, inicialmente, que não sejam preteridas por profissionais do sexo masculinos ou estrangeiras nas selecções nacionais.

O auto-investimento, de acordo com a interlocutora da ANGOP, é o melhor caminho para diminuir a dependência do órgão reitor neste quesito, cuja responsabilidade não é descartada pela antiga praticante que se iniciou em 1983, no futsal.

A inclusão do género por parte dos clubes em Angola, no quadro da orientação da CAF, tem ajudado a alavancar o sector, mas destacou o facto de as atletas integradas não serem remuneradas, contráriamente aos colegas do sexo masculino.  

Apontou a evolução, a profissionalização, a realização e participação em provas nacionais e internacionais como forma de combate aos “tabus” que ainda persistem na abordagem, particularmente do futebol feminino.

Questionada sobre os apoios da FIFA para a massificação da classe no país, sem revelar montantes, disse serem esporádicos, como ocorreu no período da Pandemia da Covid-19.             

Quanto ao número total de praticantes em Angola, a entrevistada sublinhou que o não cumprimento pelas associações provinciais do novo sistema “FIFA-Conect”, para as inscrições na FAF, impossibilita ter dados concretos e actualizados.       

Na última parte da entrevista, a responsável desportiva admitiu falta de união entre as antigas praticantes por conta de egos, apelando a inversão do quadro em prol do objectivo comum de desenvolvimento.

VAB/IN/MC

 





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