Luanda - Com a morte do histórico guarda-redes do 1.º de Agosto e da selecção nacional, Napoleão Brandão, na última sexta-feira, em Luanda, vítima de diabete, o desporto nacional voltou a registar uma perda física no início do ano.
No dia cinco de Janeiro de 2024, Angola foi abalada com o falecimento do então secretário de Estado para Educação Física e Desportos, Ruy Mingas, acontecendo o mesmo neste início do ano.
Napoleão Brandão, 72 anos de idade, tornou-se treinador e contribuiu para a formação de inúmeros jovens, alguns na sua posição como, por exemplo, Hélder Miguel, Neblú e Toni Cabaça, que se destacam tanto em clubes como nas selecções.
Depois de Ruy Mingas, responsável que organizou a filiação de Angola no Comité Olímpico Internacional e a participação, pela primeira vez, nos Jogos Olímpicos "Moscovo`1980", em Março do mesmo ano (2024), registou-se a morte do antigo basquetebolista do 1.º de Agosto, Afonso Silva, por prolongada doença.
O extremo, campeão nacional pelo ASA e pelo 1.º de Agosto, além de ter sido campeão africano pela selecção nacional em 2003 e 2005, foi encontrado morto na sua residência, no bairro do São Paulo, distrito urbano do Sambizanga, Município de Luanda.
O ano de 2024 foi definitivamente de má sorte para o desporto nacional. No mês de Abril, novamente o país parou consternado com a morte do segundo angolano, depois de Jean Jacques da Conceição, eternizado no Hall da Fama da FIBA Mundo, Ângelo Victoriano, vítima de doença prolongada, em Luanda.
O poste, único africano com oito títulos do Afrobasket (1989, 1991, 1993, 1995, 1999, 2001, 2003 e 2005), morreu aos 56 anos de idade.
Em Maio, novo abalo. Desta vez foi o desaparecimento físico do ex-futebolista e dirigente desportivo, Domingos Inguila, vítima de doença, aos 78 anos de idade, na capital do país.
Até antes da sua morte, Domingos Inguila exercia o cargo de director da Academia de Futebol de Angola (AFA).
Como jogador, chegou a representar o Sport Lisboa e Benfica, na década de 60, além de ter sido tetracampeão pela TAAG de 1967 a 1971.
Em Outubro, o desporto nacional viu-se órfão do atleta Artur da Silva “Prado”, vítima de acidente de viação, em Luanda.
De 33 anos de idade, o antigo “craque” da equipa de futsal JCY fazia-se acompanhar por mais membros da família, tendo sido a única vítima mortal.
Prado, que jogava na posição de avançado, fez parte da selecção nacional que se sagrou vice-campeã africana, em prova decorrida em 2024, no Reino de Marrocos, vencida pelos anfitriões.
Legado de Napoleão Brandão, de acordo o jornalista investigador desportivo, Carlos Pacavira:
Após a independência, assinalada em 11 de Novembro de 1975, passou a jogar no CPPA, onde foi um dos fundadores em 1976
Fez parte dos atletas fundadores do Interclube, iniciado pelo comandante André Pitra "Petroff", a 28 de Fevereiro de 1976
Em 1977 foi convocado para integrar a selecção "militar", com jogadores oriundos de equipas do Huambo, Huíla, Benguela e Luanda. Depois de três jogos o movimento deu origem a equipa profissional do 1.º de Agosto
No 1.º de Agosto foi tricampeão do Campeonato Nacional de futebol nas edições de 1979, 1980 e 1981. Alternou a baliza com Ângelo da Silva (em memória) e mais tarde com Alberto Paulo "Capeló"
Fez parte do primeiro jogo histórico entre Angola e Cuba (1-0), em 1 de Junho de 1977, no estádio Nacional da Cidadela
Em 1984, como treinador, conquistou a primeira Taça de Angola para os "militares" numa final que venceram o Sporting de Benguela, por 2-1
Registou passagens como técnico da Eka do Dondo, Mambroa, TAAG, Cambondo de Malanje, Progresso Sambizanga e Sporting de Luanda
Após terminar como atleta, integrou o corpo técnico da equipa principal do 1º de Agosto, tendo Ivo Traça, como adjunto
O antigo jogador fundou uma escola de futebol, localizada no Zango III, província de Icolo e Bengo, instituição que detém parceria com o 1.º de Agosto. JAD/MC