Cuito – Os avançados Manucho Gonçalves e Flávio Amado figuram entre os protagonistas da passagem da Selecção Nacional em 2008 e 2010, para os inéditos quartos-de-final no Campeonato Africano das Nações em futebol.
Estes dois factos, os quartos-de-final, alcançados por Angola, em oito participações na competição, que arranca este sábado (13), são garantidamente os maiores feitos do futebol angolano nesta prova da CAF, tendo os dois atacantes como protagonistas.
Sobre o campeonato de 2008, vem à memória a capacidade e qualidade desportiva de Manucho Gonçalves, ao efectuar o seu primeiro “bis” na sua estreia na competição africana, o segundo de Angola, no histórico.
O desempenho de Manucho Gonçalves foi preponderante para o triunfo histórico contra a “potente” Senegal, de El Hadji Diouf, por 3-1, que na edição anterior fora a quarta classificada.
Os dois golos do avançado angolano, marcados aos 50 e 67 minutos, na segunda jornada do grupo D, foram fundamentais para o alcance de tal resultado dos comandados, na altura, por Oliveira Gonçalves.
Na ronda seguinte, os Palancas Negras empataram com a Tunísia, por 0-0, depois do empate por 1-1 contra a África do Sul, na ronda inaugural, também com golo de Manucho.
O terceiro tento da vitória foi rubricado por Flávio Amado, aos 78 minutos. Os senegaleses adiantaram-se no marcador aos 20 minutos, por intermédio de Abdoulaye Diagne-Fayé.
No cômputo geral, a Selecção Nacional, que viria a ser eliminada nos quartos-de-finais, pelo Egípto,com derrota de 1-2, alcançou, nesta edição, em quatro jogos, uma vitória, um empate e duas derrotas, marcando cinco golos e sofrendo quatro.
Ainda em termos de protagonismo, Manucho Gonçalves foi o segundo melhor marcador com quatro golos, atrás do camaronês Samuel Eto´o, com cinco, uma proeza que viria repetir no CAN de 2012, realizado, de forma conjunta, no Gabão e Guiné Equatorial, com três golos, os mesmos que o primeiro colocado, o marroquino Houssine Kharja.
Já no CAN de 2010, disputado em Angola, quem mais se notabilizou no conjunto nacional, que voltou a inscrever o país na história do futebol africano, foi o avançado Flávio Amado.
O atacante foi o autor de dois golos no “místico” empate contra a selecção do Mali, por 4-4, no jogo inaugural da prova, a contar para o grupo A, aquele que viria a ser o segundo “bis” do angolano, sendo que o primeiro foi em 2006.
Os restantes dois foram rubricados por Manucho e Gilberto, ambos na conversão de grande penalidade.
Flávio veio igualmente a se notabilizar, naquela edição do CAN, no jogo da segunda jornada, assim como Manucho Gonçalves, ao marcarem os dois golos que asseguraram a vitória dos comandados por Manuel José, frente ao Malawi, permitido a passagem de Angola, pela segunda vez consecutiva, os quartos-de-finais, onde foi eliminada pelo Ghana, por 0-1.
Com registo de uma vitória, um empate e duas derrotas, seis golos marcados e cinco sofridos, Angola se despediu do torneio como o 22º país a acolher a competição sem conquistar o título, o sexto a atingir os quartos-de-final, o segundo a não conseguir avançar às meias-finais a seguir ao Senegal.
No entanto, estes dois países (Angola e Senegal) superam o Gabão que acolheu o CAN em 2017 e não passou da fase de grupos, entre os que albergaram a competição desde 1992, altura que passou a contar com os quartos de finais e as outras fases seguintes.
Tal como em 2008, em 2012, o autor de um "bis", Flávio Amado, figurou na lista dos melhores artilheiros, com três tentos, os mesmos que o maliano Seydou Kéita, no terceiro e segundo lugar respectivamente, numa lista liderada pelo egípcio Gedo, com cinco rubricados.
Ao atacante é atribuído ainda o feito de marcar o golo mais madrugador de Angola no CAN, aos 9 minutos, no seu primeiro "bis" em 2006, no jogo da terceira jornada do grupo B, do CAN do Egipto.
Com a marcação destes dois golos, o mesmo se tornou no primeiro jogador a “bisar” numa partida e na sua estreia numa fase final do CAN.
Com quatro participações na competição, tem o registo de sete tentos, ocupando o segundo lugar dos melhores marcadores angolanos na história do campeonato africano, menos dois que o primeiro, Manucho Gonçalves, com 9, cujo feito, deste último, lhe coloca entre os 15 maiores goleadores de África,
Manucho Gonçalves também tem o registo do segundo "bis", o quarto de Angola, no empate contra o Sudão, por 2-2, no jogo da segunda jornada do grupo B.
Entre as referências nacionais, importa referir, também, os integrantes do conjunto que disputou o primeiro jogo da primeira participação de Angola numa fase final do CAN, em 1996, na África do Sul.
Fizeram parte do onze inicial, Orlando, Wilson, Neto, Fua Gomes, Amadeu, Walter, Paulão, Jony, Carlos Pedro, Tubia, Quinzinho e Abel Campos, sob liderança do luso-angolano, Carlos Alhinho.
Destes, o destaque recai para Quinzinho, que marcou o primeiro golo angolano, aos 77 minutos, na derrota frente ao Egipto, por 1-2, a contar para o grupo A.
Já Jony converteu, no minuto 38, o primeiro penálti da Selecção Nacional no torneio, no jogo que resultou também no primeiro empate dos representantes da nação angolana, diante dos Camarões, por 3-3. Paulão e Quinzinho rubricaram os restantes golos de Angola aos 57´e 80´.
Na edição de 1988, na segunda aparição angolana no torneio realizado no Burkina Faso, sem qualquer protagonismo de relevância individual, o combinado nacional, ainda sob orientação do português Carlos Alhinho, conseguiu dois empates e uma derrota, voltando para casa com dois pontos na bagagem.
Em 2006, no Egipto, o realce vai para Luis Oliveira Gonçalves, primeiro treinador angolano na competição, onde a selecção alcançou a sua primeira vitória, ao derrotar o Togo, no jogo da terceira jornada do grupo B, por 3-2, depois do empate nulo na segunda, com a RDC, e a derrota na primeira com aos Camarões (0-1).
Os CAN´s de 2013 e 2019, os dois últimos em que Angola participou, realizados na África do Sul e Guiné Equatorial, foram menos produtivos, quer em termos individuais e colectivos.
A par de Flávio Amado e Manucho Gonçalves, Mateus Galiano, Gilberto e Djalma Campos estão entre os jogadores que mais participaram no CAN, com quatro presenças cada.
Em oito presenças, com 26 jogos disputados, a Selecção Nacional alcançou quatro vitórias, 12 empates, 10 derrotas, tendo marcado 30 golos, 39 golos sofridos, registando um coeficiente negativo de 9 golos e 24 pontos, e é a 20 ª classificada no compto geral das seleções participantes.
Maior vitória: 3-1, contra os Camarões, em 2006, e maior derrota 2-5 contra a Côsta d`Ivoire, em 1998.
Nesta 34ª edição do CAN`2023, Angola integra o grupo D, juntamente com Argélia, Mauritânia e Burkina Faso.
A estreia angolana Será no dia 15, no Stade de la Paix, em Bouaké, frente à favorita do grupo, a Argélia. VKY/MC