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Basquetebol: Angola disputa 9º Mundial em 37 anos 

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  • Luanda • Quarta, 23 Agosto de 2023 | 06h41
Selecçao angolana de basquetebol
Selecçao angolana de basquetebol
Francisco Miudo - ANGOP

Luanda – A Selecção Nacional de basquetebol sénior masculino disputa, este mês, o seu 9º Campeonato do Mundo da modalidade, com um elenco renovado que terá, pela primeira vez, a integração de um jogador da NBA: Bruno Fernando. 

Por Valentim de Carvalho e Bernardino Vicente, jornalistas da ANGOP
 

O Mundial da Ásia, a decorrer de 25 deste mês a 10 de Setembro próximo, marca 37 anos de participação angolana na mais “alta roda” do basquetebol, e a afirmação de uma nova geração de atletas, praticamente desprovida de campeões africanos.
  
Para este 19º campeonato da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), a decorrer, simultaneamente, no Japão, na Indonésia e nas Filipinas, Angola faz-se representar com um grupo jovem e apenas um campeão africano: o extremo-poste Leonel Paulo.
 
Antes dessa edição, o país disputou os mundiais da Espanha86, Argentina90, Canadá 94, Estados Unidos2002, Japão2006, Turquia2010, Espanha2014 e China2019, tendo como melhor classificação a 10ª posição, a melhor entre os representantes africanos.
 
Conheça, a seguir, o passo-a-passo da participação de Angola nos mundiais:
 
Espanha 1986 - A estreia angolana há 37 anos
 

O dia 5 de Julho de 1986 tornou-se marcante para o basquetebol angolano, porque assinalou a estreia de Angola no mundial de Espanha, diante da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), uma das maiores potências na altura, juntamente com os Estados Unidos e a ex-Jugoslávia. 
 
Na estreia, ou seja, no “baptismo”, Angola teve resultado bastante desfavorável, com o placar a registar 51-89, a maior diferença pontual dos cinco jogos efectuados pelos angolanos no grupo B, disputado na localidade de Farrol, região de Galiza. 
 
O pavilhão “A Malata”, com capacidade para cinco mil espectadores, acolheu a série.
 
Passam-se 37 anos desde que Victorino Cunha e comandados inscreveram o nome de Angola na “elite” do basquetebol, na 10ª edição da prova, onde, em representação do Continente Africano, o grupo liderado, na quadra, por Jean Jacques da Conceição (17.3 média de pontos por jogo), obteve a 20ª posição, entre 24 participantes.
 
A sua presença nesta competição resultou do meritório segundo lugar alcançado no Campeonato Africano das Nações em Basquetebol, no ano anterior (Afrobasket1985), realizado em Abidjan, no qual a anfitriã (Cote d’Ivoire) sagrou-se campeã e representou também África na copa, visto que o continente dispunha de duas vagas.
 
Naturalmente, a falta de experiência nestas lides revelou-se determinante na campanha do conjunto nacional, que voltou a perder a segunda partida, a 6 de Julho, diante do Israel, por expressivos 20 pontos de diferença (75-95).
 
Na terceira parida, a selecção registou a única vitória, ao superar, a 8 do mesmo mês, a Austrália, por 74-69, feito que, embora motivasse o grupo, foi insuficiente para evitar desaires nos dois jogos seguintes e o consequente sexto e último lugar do grupo B.
 
O conjunto nacional jogou ainda, na quinta jornada, com o Uruguai, para quem perdeu por escassos dois pontos de diferença (81-83), mas Jacques, José Carlos Guimarães, Aníbal Moreira e companhia não tiveram forças para ir além, face ao desgaste físico da ronda anterior, frente a Cuba, que apesar não perdoou, apesar das boas relações.
 
Cuba aplicou a segunda maior “cabazada” à formação angolana (81-53), contribuindo para que esta ficasse pela fase de grupos, com 334 pontos convertidos, 417 consentidos (saldo negativo de 83), quatro derrotas e uma vitória em cinco partidas, o que valeu aos angolanos, no cômputo geral, a 20ª posição, três lugares acima da outra representante africana (Cote d’Ivoire), numa prova ganha pelos Estados Unidos da América. 
 
A URSS e a Jugoslávia completaram o pódio, na 2ª e 3ª posições, respectivamente. 
 
A Malásia ficou no último posto (24º), numa prova em que o jugoslavo Drazan Petrovic foi considerado o melhor jogador (MVP).
 
Representaram Angola na prova, Josué Campos, Aníbal Moreira, David Dias, Paulo Macedo, Artur Barros, Manuel Sousa “Necas”, Zezé Assis, Francisco Cungulo, Adriano Baião, Gustavo da Conceição, José Carlos Guimarães e Jean Jacques da Conceição.
 
2ª Edição: Razoável campanha em 1990, na Argentina 
 

Na sua segunda presença em mundiais, Angola teve campanha, de certa forma, aceitável na 11ª edição, em 1990, na Argentina, onde alcançou (em 8 jogos) três vitórias, até então o seu maior registo em provas do género, numa altura em que a competição viu reduzido o número de participantes de 24 (edição anterior) para 16. 
 

Campeã africana em 1989 (1º de 11 títulos), a Selecção Nacional sénior masculina acumulara alguma experiência a nível internacional, comparativamente à estreia (em que obteve uma vitória em cinco jogos), e demonstrou capacidade técnico-competitiva para aplicar pela primeira vez no seu historial “chapa” 100 às congéneres asiáticas da Coreia do Sul (104-93) e China (112-96), além de superar o outro representante do continente, Egipto, por 13 pontos de diferença (83-70).

Tal feito valeu ao conjunto tecnicamente orientado por Victorino Cunha o 13º lugar da classificação geral e deixou transparecer a ideia  de que estava a emergir um “actor activo” do basquetebol no contexto das nações.

 Aníbal Moreira, José Carlos Guimarães, Paulo Macedo, Jean Jacques, David Dias, Necas e companheiros resistiram a uma fase de grupos (A) menos conseguida, ante adversários claramente superiores, com créditos firmados na época, como a Jugoslávia, que se viria a sagrar campeã, Porto Rico e Venezuela, chegando à etapa seguinte da competição com três derrotas em igual número de partidas.
 
O conjunto nacional ofereceu réplica: (75-78 frente aos porto-riquenhos, 77-83 ante os venezuelanos e 79-92 diante da poderosa formação jugoslava), na qual figuravam estrelas como Drazan Petrovic, Vlade Divac e Tony Kukoc (este último considerado MVP do torneio), que não pouparam sequer os Estados Unidos, nas meias-finais, e a União Soviética, na final.
 
Com 86 pontos de média por jogo, a selecção angolana voltou a equilibrar os desafios na fase das classificativas diante da Itália (78-86) e, sobretudo, frente ao Canadá (80-82), antes de obter os triunfos acima referenciados, totalizando em oito jogos 688 pontos convertidos, 680 consentidos, três vitórias e cinco derrotas.

No capítulo individual, o seu melhor jogador, Jean Jacques Conceição, figurou entre os grandes, ao ocupar o 13º lugar em percentagem de pontos por partidas, com 18 pontos, no quadro dos 50 mais bem sucedidos neste item das estatísticas, liderado pelo brasileiro Óscar Smith.

O poste angolano ficou somente dois lugares abaixo do MVP, Tony Kukoc (11º com 18.4 pontos por jogos) e superou figuras como o norte-americano Alonzo Mourning (20º/16.3) e o canadiano Rick Fox (38º/12.3), que pouco tempo depois fizeram história na NBA, enquanto os extremos Manuel Sousa “Necas” e José Carlos Guimarães posicionaram-se em 39º e 48º com percentagens de 12.3 e 11.4 pontos por jogo.

Com seis dos representantes da anterior edição, a selecção nacional contou no mundial de 1990 com a integração do “gigante” Ivo Alfredo (2.04 metros de altura e 120 quilogramas de peso), dos triplistas Herlander Coimbra e Victor de Carvalho, o base Ademar Barros, o extremo-poste Ângelo Victoriano e o poste Nelson Sardinha.

Paulo Macedo, Necas, Aníbal Moreira, David Dias, José Carlos Guimarães e Jean Jacques da Conceição fizeram o “bis”, na prova ganha pela Jugoslávia. A União Soviética e os Estados Unidos da América, por esta ordem, completaram o pódio, enquanto que o Egipto ficou na 16ª e última posição.

3ª Edição: Canadá 1994 - A pior prestação de Angola
 

A terceira presença de Angola na maior competição de basquetebol a nível do mundo, 12ª edição "Canadá1994", constituiu-se no pior registo da sua história. A Selecção Nacional sénior masculina acabou por comprometer a imagem até então construída, ao ocupar a 16ª e última posição da tabela classificativa.

Nas edições anteriores, a selecção alcançou o 20º lugar entre 24 participantes em 1986, na Espanha, e o 13º entre 16 integrantes em 1990, na Argentina.

Mas em 1994, no Canadá, com a sua principal referência (Jean Jacques) limitada, por problemas de saúde, e sem dois dos melhores extremos que muito contribuíram nas campanhas anteriores (José Carlos Guimarães e Manuel Sousa “Necas”), em território canadiano revelaram-se insuficientes os argumentos “esgrimidos” pela equipa, sendo superada por sete dos oito adversários que enfrentou.
 
No torneio, realizado de 4 a 14 de Agosto, nas cidades de Hamilton e Toronto, Angola teve uma primeira etapa bastante penosa, à semelhança dos anteriores mundiais, averbando desaires na série C, ante as similares da Rússia (57-94), do Canadá (52-83) e da Argentina (59-67).
 
Fruto do fraco desempenho, o conjunto nacional integrou o grupo de selecções que disputariam a fase das classificativas, onde não foi capaz de evitar novas derrotas frente a Alemanha (76-86) e Cuba (71-75), tendo ganho posteriormente o Brasil, por escasso ponto de diferença (79-78).
 
O representante africano, até à altura mais credenciado nesta montra, voltou a perder os restantes encontros, 71-75 frente a Coreia do Sul) e 67-75 diante de Cuba, sendo a segunda derrota imposta pelos cubanos neste torneio, permitindo que outro participante do continente, neste caso o Egipto (14º), terminasse dois degraus acima.
 
Acometido com dores na região dos maxilares, Jean Jacques viu-se privado de dar o seu contributo em dois desafios (Brasil e Cuba), além de ser utilizado por apenas dois minutos diante da Coreia do Sul, numa prova em que o mais experiente integrante do grupo às ordens de Victorino Cunha não esteve tão bem, como habituara o país.
 
Longe do seu potencial, o poste baixou a média de pontos por jogo para 7.8, números muito aquém das anteriores edições (Espanha1986, média 17.3 pontos por jogo, e Argentina1990, média 18 pontos), totalizando 47 pontos e 96 minutos, em seis jogos.
 
Praticamente, as “despesas” eram assumidas por um grupo do qual sobressaiu o então capitão Herlander Coimbra, uma das principais afirmações daquela era, com 13.1 como média de pontos por jogos e 105 pontos no total, tendo sido o mais utilizado com 254 minutos, em oito partidas.
 
Herlander ocupou a 27ª posição do quadro geral dos marcadores, entre 175 jogadores, comandado pelo australiano Andrew Gaze com 23.8 pontos, ao passo que nos três pontos, a sua principal “arma”, o extremo teve como percentagem 40.9, resultante de 3.6% de conversão em 8.8% de tentativa.
 

Este item foi dominado pelo norte-americano Reggie Miller, com 53.5 de percentagem (3.8% convertidos em 7.1% tentados), e teve ainda como destaque, entre outros, o australiano Shane Douglas, com 48 de percentagem (3.6% conversão em 7.5% tentativa), e o alemão Henning Harnisch, com 46.2 (1.2% convertidos em 2.6% tentativas).
 
David Dias, com média de 10.9 pontos por jogo, 87 no geral, Aníbal Moreira, com 9.5 de média (76 no total), Ivo Alfredo (8.5 média/68 geral) e Ângelo Victoriano (8.3 média/66 total) estiveram igualmente em evidência na equipa conduzida pelo base Paulo Macedo (19 assistências, 7 roubos de bola e 17 pontos). 
 
Contribuíram ainda Victor de Carvalho, com 3 pontos em 1 jogo, assim como os estreantes Garcia Domingos (31 pontos em 8 jogos), Benjamim Avó (22 pontos em 7 jogos), Honorato Troso (7 pontos/7 jogos) e Benjamim Romano (3 pontos/ 2 jogos).
 
Angola converteu 532 pontos e sofreu 633, obtendo uma vitória e sete derrotas, na prova ganha pelos Estados Unidos, seguido da Rússia e Croácia. O poste norte-americano Shaquille O’Neal foi eleito jogador mais valioso da competição (MVP).
 
4ª Edição: EUA 2002 - Nova geração recupera créditos em Indianápolis 
 
Renovada em 83 por cento no que concerne a mundiais, a selecção angolana de basquetebol assinalou o regresso a este "convívio" na 14ª edição, em Indianápolis (Estados Unidos da América), em 2002, após ter falhado a prova anterior, em 1998, na Grécia, numa competição em que Mário Palma e comandados não quiseram deixar a reputação do país à mercê de ninguém.
 
Depois de ter ocupado a 16ª e última posição na copa de 1994, no Canadá, Angola não se conseguiu apurar para o campeonato seguinte, em 1998, na capital grega (Atenas), conhecendo um interregno de oito anos, tempo que se julgou suficiente para justificar o acentuado processo de renovação, sendo o objectivo principal elevar os créditos do basquetebol nacional para além das fronteiras africanas.
 
O luso-quineense Mário Palma orientou a equipa (hexa-campeã continental na altura), outrora liderada pelo angolano Victorino Cunha, e optou por manter no leque de 12 atletas somente dois dos anteriores representantes (Victor de Carvalho e Ângelo Victoriano), sendo este último capitão.
 
Constituiu-se um conjunto à base de talentos da nova geração, com que o novo treinador vinha a trabalhar desde o Afrobasket de 1999 (ganho por Angola, em Luanda), o qual demonstrou qualidade para ombrear e cumpriu o propósito da federação, em particular, e dos angolanos, em geral.
 
Com Miguel Lutonda à frente da “operação” (13.1 média de pontos por jogo e 105 pontos no geral, em 8 partidas), a equipa cedo deu mostras de melhorias ao derrotar o Canadá (84-74) na segunda jornada do grupo A, inédito para si na fase inicial de um mundial, o que contribuiu para evitar o lugar mais baixo (4º) da série ao cabo de três desafios.
 
Angola ficou em terceiro no grupo, com quatro pontos, fruto de duas derrotas e um triunfo, garantindo os oitavos-de-final, etapa em que a sua presença se fez sentir de forma “viva”, tendo “vendido” cara derrotas diante do Brasil (83-86) e de Porto Rico (87-89).
 
Mas o resultado frente à Turquia foi dilatado (66-86), uma vez que o combinado nacional acusou, entre outros factores, desgaste físico. A selecção “caiu” para a fase das classificativas do 9º ao 12º postos, em que foi derrotada pela Rússia (66-77), antes de ganhar a China, por 96-84.
 
Apesar de integrar 10 estreantes em provas do género, o país obteve na classificação geral o meritório 11º lugar num universo de 16 participantes, três lugares acima da 13ª posição alcançada em 1990, na Argentina, e cinco em relação à pobre prestação de 1994, no Canadá (16ª e última). Em oito partidas, ganhou duas, perdeu seis, converteu 600 e sofreu 697 pontos.
 
Kikas Gomes (11.9 média de pontos por jogos e 95 no geral), Edmar Victoriano “Baduna” (9.8 média/ 78 total), Gerson Monteiro e Victor Muzadi, ambos com 7.6 como média de pontos por jogo e 61 pontos no total, notabilizaram-se no auxílio à Lutonda, que ocupou a 29ª posição do quadro geral dos melhores marcadores da prova, entre 168 nomes, com 13.1 média de pontos por jogo e 105 no total.
 
Considerado jogador mais valioso do torneio (MVP), o alemão Dirk Nowitzki, com média 24 pontos por partidas e 261 no cômputo geral, comandou a longa lista em que Angola tem, além de Lutonda, Kikas (38º) e Baduna (49º) a superarem algumas estrelas, com realce para o norte-americano Shawn Marion (50º).
 
Representaram a selecção Victor Muzadi, Walter Costa, Ângelo Victoriano, Gerson Monteiro, Edmar Victoriano “Baduna”, Victor de Carvalho, Kikas Gomes, Belarmino Chipongue, Carlos Almeida, Miguel Lutonda e Eduardo Mingas.
 
A Jugoslávia conquistou o título, a Argentina e Alemanha completaram o pódio, ao passo que a Argélia, representante africano, ficou em 15º e o Líbano na última (16ª) posição.
 
5ª Edição: Japão 2006 - Angola obtém melhor classificação 
 
O desempenho da selecção nacional no Mundial de 2006, no Japão, consubstanciado em três vitórias e igual número de derrotas em seis jogos, resultou na 10ª posição (entre 24 participantes), até então, melhor classificação de Angola em provas do género.
 
Na sua quinta participação, a campanha dos angolanos só não foi melhor devido ao “carrasco” alemão Dirk Nowitzki, na altura “estrela” do Dallas Mavericks da NBA, que no célebre desafio entre as partes superou Olímpio Cipriano, por um lado, e o conjunto nacional, de forma geral.


Rivalizando com um dos maiores lançadores da história da modalidade, o estreante Cipriano assumiu as “rédeas” e levou a partida a três prolongamentos, tendo assumido a recta final nos 40 minutos regulamentares (69-69), e nos seguintes dois tempos de cinco minutos adicionais (14-14) e (12-12), mas no terceiro tempo extra (8-13) os seus esforços, e do colectivo, foram insuficientes para evitar a eficácia do alemão e consequente derrota (103-108).
 
Destemido e certeiro nas execuções, Olímpio inscreveu o seu nome e reforçou o do país na história da modalidade ao anotar 33 pontos, 5 ressaltos e 3 assistências, num jogo em que foi coadjuvado por Eduardo Mingas (22 pontos, 5 ressaltos), Kikas Gomes (21 pontos, 11 ressaltos) e Milton Barros (15 pontos). 
 
A “esperança” de Angola terminou a escassos segundos do fim, quando em desvantagem de dois pontos (103-105) pressionava para ter posse de bola e converter um triplo, ou no mínimo fazer dois pontos para voltar a igualar, mas Nowitzki concretizou um triplo, fixando o placar em 103-108. 
 
O alemão marcou 47 pontos, capturou 16 ressaltos e distribuiu 4 assistências, impondo a segunda derrota à selecção nacional na fase de grupos, após ter perdido, na véspera, para a Espanha (83-93).
 
A decisão da FIBA em retornar a 24 concorrentes acabou por ser benéfica para o conjunto nacional, porquanto deu a possibilidade de realizar mais partidas na etapa de grupos, em que a equipa orientada tecnicamente pelo estreante Alberto de Carvalho “Ginguba” venceu de forma convincente, e de algum modo surpreendente, as primeiras três das cinco partidas, garantindo muito cedo presença nos oitavos-de-final.
 
Integrada no grupo B, sediado na cidade de Hiroshima, a formação angolana começou por superar o Panamá (83-70), não poupou a selecção anfitriã, Japão, a quem venceu por 25 pontos de diferença (87-62), e ganhou, na terceira jornada, a Nova Zelândia por 22 pontos de diferença (95-73), antes de baquear frente aos espanhóis e alemães.
 
A inesquecível derrota ante a Alemanha não facilitou o cruzamento nos oitavos-de-final, pois Angola podia, caso vencesse o último jogo do grupo, encontrar um adversário mais acessível comparativamente à França. 
 
No sexto encontro, Angola ombreou mas perdeu frente a similar francesa (62-68) e pôs fim a sua participação na 15ª edição da maior prova de selecções a nível do mundo.
 
Em seis jogos, a selecção nacional marcou 513 pontos, sofreu 474 e no final da prova, ganha pela Espanha, viu a integração dos seus atletas entre os melhores, com Kikas Gomes no 13º posto do quadro geral, dos 236 participantes, com média de 15.2 pontos por jogo, superando craques da NBA como o norte-americano LeBron James (19º, com média 14.1) e os argentinos Emanuel Ginobili (14º/15.1) e Luís Scola (15º/14.3). 
 
Eduardo Mingas ficou em 16º (14.3) e Olímpio Cipriano na 21ª posição (13), na lista comandada pelo chinês Yao Ming, com média de pontos por jogo de 25.3, seguido de Dirk Nowitzki (23.2) e do espanhol Pau Gasol (21.3). 
 
A brilhante campanha contou com os experientes Miguel Lutonda, Kikas Gomes, Victor de Carvalho, Carlos Almeida e Eduardo Mingas, presentes na prova anterior, e as estreias de Olímpio Cipriano, Armando Costa, Carlos Morais, Milton Barros, Luís Costa, Emanuel Neto e Abdel Moussa Bouckar.
 
Pela primeira vez, o campeonato teve três representantes africanos. A Nigéria ocupou a 14ª e o Senegal a 22ª posição. O Qatar ficou em 24º e último. 
 
A Espanha sagrou-se campeã, a Grécia e os Estados Unidos completaram o pódio, sendo o extremo-poste espanhol Pau Gasol considerado jogador mais valioso do torneio (MVP).
 
6ª Edição: Selecção retrocede seis lugares na Turquia, em 2010

Incapaz de melhorar, ou no mínimo manter a nona posição da edição anterior, a selecção nacional decresceu significativamente na classificação do Mundial de 2010, na Turquia, ao ocupar a 15ª posição, entre 24 participantes, assinalando uma etapa menos conseguida da sua história nesta "montra", até então difícil de superar.

Com o português Luís Magalhães no comando técnico, em substituição de Alberto de Carvalho “Ginguba”, e seis jogadores estreantes, a equipa angolana teve “curta” participação na prova ao encontrar a poderosa selecção dos Estados Unidos nos oitavos-de-final, constituída por atletas da NBA, entre os quais Kevin Durant, que viria a ser o MVP da competição.

Ao grupo não faltou experiência, pois reunia os melhores executantes da época, nomeadamente Kikas, Cipriano, Morais, Mingas e o regressado Miguel Lutonda, que três anos após ter deixado a selecção voltou para dirigir, em campo, o cinco nacional numa prova em que se esperava mais dos angolanos, devido a boa imagem deixada há quatro anos no mundial de 2006, no Japão.

Talvez fosse a série em que esteve (A) difícil de mais ao integrar as congéneres da Sérvia, Argentina, Alemanha e Austrália, além da Jordânia, única teoricamente ao seu alcance.

No entanto, Luís Magalhães e comandados fizeram o suficiente para atingir a etapa seguinte do torneio ao superar os alemães, por 92-88, após prolongamento, quando precisavam duas vitórias para os oitavos-de-final e tinham já vencido a “previsível” Jordânia (orientada pelo seu antigo técnico Mário Palma), por 79-65.

A qualificação resultou de enorme esforço da equipa, à qual impôs-se ante a Alemanha com igualdade a 78 pontos ao cabo dos 40 minutos regulamentares, com Felizardo Ambrósio a ser determinante na ponta final ao converter os pontos que levaram a decisão ao tempo adicional.

Desequilibrado, já quase ao chão, o extremo-poste marcou dois pontos decisivos para que se retardasse o desfecho da partida para mais cinco minutos, período suficiente para Cipriano (líder com 33 pontos em 34 minutos) e companheiros “desforrarem-se” da eliminação no mundial do Japão2006, em que Angola perdera para este adversário também no prolongamento.

Na sua sexta presença, a selecção nacional começou por perder frente a Sérvia (44-94), venceu a Jordânia no desafio seguinte (79-65), voltou a perder para a Argentina (70-91), ganhou a Alemanha (92-88) e no encerramento do grupo baqueou diante da Austrália (55-76), o que resultou no quarto posto da série, com sete pontos, e passagem aos oitavos.

Mas quis o destino que cruzasse a forte equipa norte-americana no caminho dos representantes africanos, que pouco ou nada tinham a fazer perante o jovem conjunto dos EUA “refeito” quase à última hora, para preencher o vazio deixado por algumas das principais “estrelas” de então que declinaram a selecção, obrigada a demonstrar o seu valor ao mundo e resgatar a hegemonia americana em competições do género.

Kikas foi o melhor “cestinha” da partida frente aos Estados Unidos com 21 pontos, superando Chancey Bilups (19), Kevin Durant e Eric Gordon, ambos com 17 pontos, mas a diferença entre as partes era abismal em todos os aspectos e nem as ajudas de Felizardo Ambrósio (12 pontos), Roberto Fortes (11) e Miguel Lutonda (8) foram suficientes.

Comandados pelos mais experimentados Lamar Odom, Chancey Bilups, Andre Iguodala e Derrick Rose, os “novatos” Russel Westbrook, Kevin Love, Steph Curry, Kevin Durant, Tayson Chandler e companhia aplicaram pesada derrota à selecção nacional (121-66), colocando fim a participação angolana.     

Em seis partidas, Angola teve média de pontos por jogos 67.7, converteu 406 pontos, sofreu 535 e obteve a 15ª posição, seis lugares acima da Cote d’Ivoire (21ª) e nove em relação a Tunísia, que ocupou o último posto (24º) do mundial ganho pelos Estados Unidos. As selecções da Turquia e Lituânia completaram o pódio.

Apesar do afastamento “prematuro”, Kikas Gomes “bisou” o 23º lugar no quadro geral dos marcadores, entre os 228 atletas presentes, com 13.2 como média de pontos por jogo, depois de ter ocupado esta posição em 2006. 

No topo da lista estiveram o argentino Luís Scola (27.1), o neozelandês Kirk Penney (24.7) e o norte-americano Kevin Durant (22.8).

Representaram o país no mundial de 2010, na Turquia (16ª edição), Olímpio Cipriano, Carlos Morais, Kikas Gomes, Carlos Almeida, Miguel Lutonda, Eduardo Mingas e os estreantes Roberto Fortes, Domingos Bonifácio, Leonel Paulo, Vladimir Ricardino, Divaldo Bunga e Felizardo Ambrósio.

7ª Edição: Mundial2014 - Yanick brilha, mas Angola fica pela fase de grupos.

Apesar de a Selecção Nacional ter ficado pela fase de grupos, o Mundial de 2014, realizado de 30 de Agosto a 14 de Setembro, na Espanha, teve registo "memorável" para o país no que concerne a recorde individual, visto que o angolano Yanick Moreira marcou o maior número de pontos numa partida (38).

O poste (2.11 metros de altura), então jogador do SMU Mustangs do campeonato universitário nos Estados Unidos (NCAA), protagonizou o feito no triunfo sobre a Austrália, por 91-83, e igualou a performance da edição anterior (2010) do norte-americano Kevin Durant, por sinal, MVP do mundial da Turquia, em 2010.

Jogador mais utilizado no torneio pelo estreante seleccionador Paulo Macedo, com 102 minutos em cinco partidas, Yanick anotou ainda no célebre desafio (disputado a 4 de Setembro) 15 ressaltos, uma assistência e um tampão.

Foi o destaque do conjunto nacional na competição com 89 pontos total, e, mesmo eliminado na etapa inicial, posicionou-se na prestigiosa sétima posição do quadro geral, entre 248 atletas, com média de 17.8 pontos por jogos, numa lista liderada pelo porto-riquenho José Barea, do Dallas Mavericks da NBA, com 22 pontos por partida.

Infelizmente, o seu desempenho fora insuficiente para levar avante o grupo na sétima presença de Angola em competições do género.

Sediada na cidade de Las Palmas, a selecção coincidentemente iniciou e fechou a campanha no grupo D com vitórias, sendo a primeira diante da Coreia do Sul (80-69) e a outra sobre os australianos (91-83).

Pelo meio, o cinco nacional perdeu frente às congéneres da Lituânia (62-75), México (55-79) e Eslovénia (87-93), o que lhe custou a quinta posição da série com sete pontos e a consequente eliminação, ocupando o 17º posto entre 24 concorrentes, numa prova em que África esteve mal representada, a julgar pela 16ª posição do Senegal e a última do Egipto.

À semelhança de boa parte das selecções, Angola fez-se representar por uma equipa rejuvenescida, a qual acusou alguma falta de experiência em momentos cruciais, pelo que se pode depreender a sua campanha menos conseguida, comparativamente aos campeonatos de 2006 (10º) e 2010 (15º).

Os “veteranos” Eduardo Mingas (56 pontos em 5 jogos), Roberto Fortes (45 pontos, 5 jogos), Olímpio Cipriano (32 pontos, 5 jogos) e o estreante Reggie Moore (38 pontos em 5 partidas) foram os principais “adjuntos” do novato Yanick, que figura na restrita lista dos maiores pontuadores num jogo em provas do género, superando referências do basquetebol mundial, como o espanhol Pau Gasol (33 pontos).

O angolano Olímpio Cipriano fizera igualmente 33 pontos no mundial de 2006, no Japão, na derrota frente a Alemanha (103-108), desafio em que o alemão Dirk Nowitzki, na altura "estrela" da NBA, converteu 47 pontos.

O recordista de pontos numa só partida na história dos mundiais é o coreano Hur Jae, autor de 62 pontos diante do Egipto, no campeonato de 1990, na Argentina.

Angola assinalou, ainda na copa espanhola, os regressos dos experientes bases Armando Costa e Milton Barros, após ausência em 2010, na Turquia, e a primeira aparição de Edson Ndoniema, Gildo Santos, Valdelício Joaquim e Islando Manuel.

O mundial de 2014 foi vencido pelos Estados Unidos da América, que alcançaram o seu quinto título, seguido da Sérvia e França, ao passo que o base norte-americano Kyrie Irving foi considerado o jogador mais valioso da prova (MVP).

8ª Edição: China2019 - O confirmar de um fracasso

A oitava participação de Angola no Mundial da modalidade, realizado de 31 de Agosto a 15 de Setembro, em oito cidades chinesas, foi praticamente o confirmar de uma má fase da selecção angolana, que desde a conquista do seu último título africano, o Afrobasket2013, em Abidjan (Cote d’Ivoire), tarda a reencontrar-se.

Orientado tecnicamente pelo norte-americano Will Voigt,o conjunto não teve arte, nem forças para contrariar na 18ª edição do mundial as favoritas selecções da Sérvia, então vice-campeã mundial, olímpica e europeia, e da Itália, muitos menos superar, na fase das classificativas, as congéneres do Irão e da Tunísia, aparentemente ao seu alcance.

A selecção nacional integrou o grupo D, sedeado na cidade de Guangzhou, tendo ocupado o terceiro lugar da série, com quatro pontos (duas derrotas e uma vitória), insuficientes para apurar-se aos oitavos, o que relegou Will Voigt e comandados às classificativas do 17º ao 32º lugar, etapa em que averbaram duas derrotas em dois jogos.

No cômputo geral, em cinco jogos, Angola obteve uma vitória (84-81) sobre as Filipinas e consentiu quatro derrotas, frente à Sérvia (59-105), Itália (61-92), Irão (62-71) e Tunísia (84-86). A equipa marcou 350 pontos e sofreu 435, o que resultou em saldo negativo de 85 pontos.

Na China, o conjunto nacional, cuja federação não havia traçado um objectivo concreto, perseguia somente a melhor classificação entre as cinco selecções africanas, posição que garantiria a qualificação directa aos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020, no Japão, ou, no mínimo, o acesso, por intermédio do mundial2019, ao Torneio Pré-olímpico.

Entretanto, a prática de um basquetebol incaracterístico, baseado na apatia e alguma desorientação, sobretudo no capítulo técnico-táctico, ditaram a sua 27ª posição entre 32 participantes, o que, no entanto, não a impediu de participar (sem sucesso) do Torneio Pré-olímpico, juntamente com a Tunísia. 

A Nigéria, melhor classificada africana no mundial, garantiu o apuramento directo aos Jogos Olímpicos de Tokyo, que se viria a disputar em 2021, devido à pandemia da Covid-19 que assolou o mundo.

Representaram Angola na China, Gerson Domingos, Gerson Gonçalves, Olímpio Cipriano, Carlos Morais, Leonel Paulo, José António, Leandro Conceição, Eduardo Mingas, Yanick Moreira, Hermenegildo Bunga, Reggie Moore e Valdelicio Joaquim.

A Espanha sagrou-se campeã e o seu base Ricky Rubio foi o jogador mais valioso do torneio, ao passo que a Argentina ficou na segunda posição e a França na terceira.

No Mundial deste ano, o cinco nacional está inserido no Grupo A, com Filipinas, República Dominicana e a Itália, este último o adversário da estreia, sob orientação    do técnico Espanhol Pep Clarós, que trabalha com o colectivo desde 2021.  
 
Para essa prova, o seleccionador Pep Clarós elegeu os seguintes atletas: Childe Dundão, José Maconda, António Monteiro, João Fernandes, Eduardo Francisco, Gilson Bango, Bruno Fernando, Sílvio de Sousa e Kevin Kokila, além dos “sobreviventes” da última campanha, Leonel Paulo, Gerson Domingos e Gerson Gonçalves “Lukeny”.
 
O jogo de estreia de Angola será frente a Itália, no dia 25 de Agosto às 09 horas, no pavilhão Filipinas Arena (Manila), na Filipinas. 

Dia 27, o cinco nacional defronta os anfitriões (Filipinas), às 13 horas, no pavilhão, Smarte Araneta Coliseum (Manila), e a 29 a República Dominicana, às 09 horas, no mesmo recinto.

Angola começou o ciclo de preparação para o Mundial na província de Benguela, depois rumou para Espanha, onde fez um jogo de controlo. Depois foi para a Jordania, onde participou no torneio do Rei daquele país, com o México, os anfitriões e Portugal.
 
Depois deste torneio, partiu para o Japão, onde jogou duas vezes com a selecção local.
 
Pela prestação do combinado nacional nos jogos de controlo, adivinha-se uma tarefa muito difícil dos angolanos neste torneio da Ásia, fundamentalmente pelo facto de ter uma das selecções mais inexperientes da sua história, apesar da inclusão de Bruno Fernando, cuja experiência na NBA pode agregar algum valor.
 
Curiosidades da selecção
 
Portanto, com esses números, Angola tornou-se, inquestionavelmente, a selecção africana com o maior número de participações no Mundial da modalidade.
 
No histórico da selecção nacional, o técnico angolano Alberto de Carvalho “Ginguba”  é o que mais longe levou o cinco nacional, isto no Mundial do Japão, 2006, em que colocou o país na 10ª posição da montra mundial da bola ao cesto.

A Copa do Mundo de 2002, nos EUA, foi a prova com mais estreantes na selecção nacional, 10 no total, comandados pelo treinador luso-guineense Mário Palma. 
 
Eduardo Mingas tem o maior número de presenças (5), seguido de Kikas (4), Victor de Carvalho (4), Olímpio Cipriano (4), Jean Jacques da Conceição (3), Aníbal Moreira (3), David Dias (3), Paulo Macedo (3), Ângelo Victoriano (3), Carlos Almeida (3), Miguel Lutonda (3), Armando Costa (3), Carlos Morais (3), Manuel Sousa “Necas” (2), José Carlos Guimarães (2), Herlander Coimbra (2) e Milton Barros (2), Roberto Fortes (2), Ivo Alfredo (2), Reggie Moore (2),Yanick Moreira (2) e Hermenegildo Mbunga (2).

Com uma participação estão registados, nos anais do Mundial, Josué Campos, Artur Barros, Zezé Assis, Francisco Cungulo, Adriano Baião, Gustavo da Conceição, Ademar Barros, Nelson Sardinha, Garcia Domingos, Honorato Troso, Benjamin Romano, Victor Muzadi, Benjamin Avô, Walter Costa, Gerson Monteiro, Edmar Victoriano “Baduna”, Mário Belarmino, Afonso Silva, Luís Costa, Emanuel Neto, Abdel Moussa Boukar, Domingos Bonifácio “Deny”, Vladimir Ricardino, Felizardo Ambrósio “Miller”, Islando Manuel, Hermenegildo Santos, Edson Ndoniema, Leandro Conceição, Valdelício Joaquim e José António. MC/ELJ
 



 





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