Luanda - A Comissária da União Africana, Josefa Sacko, destacou, na quarta-feira, a adopção, em África, de uma estratégia para a redução da quantidade de resíduos sólidos e acelerar a taxa de recuperação dos recursos.
Josefa Sacko, que falava no forúm sobre produtos químicos e sustentabilidade realizado na cidade de Berlim (Alemanha), adiantou que a estratégia passa pela adopção da “Economia Circular”, que promete eliminar o desperdício, criar empregos e estimular as economias.
A diplomata reafirmou que África é dotada de recursos naturais abundantes, incluindo recursos aquáticos e marinhos com imenso potencial de crescimento e desenvolvimento socioeconómico.
Apesar deste enorme potencial, adiantou, o continente enfrenta sérios desafios ambientais, tais como a poluição do ar, água e solo, degradação dos solos, desmatamento de florestas, perda de biodiversidade e extrema vulnerabilidade, bem como as mudanças climáticas.
“A poluição afecta todas as dimensões da nossa sociedade, desde o solo até as águas superficiais, a biodiversidade, ao ar que respiramos. Também há contaminação dos solos que acabam afectando as lavouras e os alimentos que comemos”, frisou Josefa Sacko.
De acordo com a responsável, os actuais padrões de consumo e produção não estão de acordo com a sustentabilidade ambiental e os desafios devem se agravar com o aumento da urbanização.
Adiantou que um número significativo das cidades enfrenta desafios na gestão de resíduos, que colocam em risco a saúde dos residentes.
“O Africa Waste Management Outlook publicado pelo PNUMA, em 2018, revelou que o total de resíduos colectados em 2012, em África, foi de apenas 55 por cento do total de resíduos gerados: 68 milhões de toneladas, enquanto a taxa média de colecta de resíduos sólidos municipais na região subsaariana foi de apenas 44 por cento”, sustentou a sua posição.
Segundo Josefa Sacko, estima-se que os plásticos sejam responsáveis por cerca de 10 por cento do lixo total global que os humanos geram, já que os estilos de vida modernos preferem produtos facilmente descartáveis levando o acúmulo de produtos plásticos e o aumento da poluição ambiental em todo o mundo, incluindo em África.
Josefa Sacko apontou ainda o despejo ilegal de resíduos tóxicos, incluindo resíduos radioactivos no solo africano, como outro desafio enfrentado pelo continente berço
Lembrou que África adoptou, em 1991, a Convenção de Bamako (Mali), um tratado que proíbe a importação de qualquer resíduo perigoso, que entrou em vigor em 1998, com o objectivo de proteger a saúde humana e ambiental.
O tratado proíbe ainda a importação para a África e o despejo ou incineração no oceano e nas águas interiores de resíduos perigosos, incluindo resíduos radioactivos, e estabelece o princípio da precaução, prevê a gestão adequada de resíduos e produtos químicos no continente.
Neste contexto, a Comissão da UA lançou a “Campanha de Proibição de Plásticos para uma África Livre de Poluição ” pelas Primeira Damas africanas, em 2019, cujo plano de implementação dos primeiros 10 anos do projecto africano e plano director para melhorar os padrões de vida - a Agenda 2063 da União Africana: projectou que as cidades reciclarão pelo menos 50 por cento dos resíduos que geram nos próximos 10 anos.
Na óptica de Josefa Sacko, a absorção dos princípios da economia circular oferece um potencial significativo para criar empregos, melhorar os meios de subsistência, limitar a degradação ambiental e reduzir a pobreza, especialmente nas áreas de transformação de sistemas alimentares e de manufacturação.
Josefa Sacko considerou o Fórum de Berlim oportuno e muito distinto, já que a África está a registar avanços na realização das metas de desenvolvimento da Agenda 2063.