Nairóbi (Da enviada especial) - Os países africanos vão procurar, a partir segunda-feira, em Nairóbi, Quênia, discutir, na primeira Cimeira Africana sobre o Clima, os financiamentos prometidos desde o Acordo de Paris, em 2015.
“Tais promessas não aconteceram até aos dias de hoje”, afirmou a ministra do Ambiente de Angola, Ana Paula de Carvalho, na noite deste domingo, à imprensa a propósito dos preparativos do país ao evento.
A governante, que integra a delegação chefiada pela Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, lembra que Angola, em particular, e África no geral, são os países que menos poluem,mas que sofrem “drasticamente” as consequências da poluição causada pelos países industrializados.
“Apelamos, mais uma vez, que esse financiamento seja disponibilizado para a implementação das acções previstas para a redução dos níveis da temperatura a nível mundial”, disse.
O Tratado Internacional sobre Clima de Paris foi assinado por 195 países da Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima.
O diploma entrou em vigor a 4 de Novembro de 2016, depois de adoptado em Dezembro de 2015, e os países industrializados, os mais poluidores, comprometeram-se em financiar projectos de mitigação e adaptação dos efeitos climáticos nos países menos poluidores, com destaque para África.
De uma forma global, os 195 países, incluindo Angola, comprometeram-se também em reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (GEE), o que se resumiria em manter a temperatura média da terra abaixo de dois graus centígrados (2oC).
Ana Paula de Carvalho afirmou que, na altura, foi acordado a realização de acções para a redução das temperaturas.
Falhas “puxam” novo compromisso
Face aos incumprimentos verificados, os países vão assinar um novo compromisso para a redução dos gases de efeito de estufa (GEE), um documento a ser apresentado na Conferência das Partes sobre Clima-COP28, a decorrer em Dezembro nos Emirados Árabes Unidos.
Apesar de pouco poluidor, particularmente sobre os GEE, Angola continua a trabalhar, contribuindo na redução das emissões, com a construção de projectos de energias limpas, cuja matrix energética é liderada por fonte hídrica na ordem dos 56%, ou seja, 3.320,12 megawatts.
A transição energética também é outra aposta que se quer justa, um processo que já conta com centrais fotovoltaicas em algumas regiões do país.
Conforme a ministra, Angola precisa criar resiliência nas comunidades devido às alterações climáticas e a criação de estações de alerta rápida, sobretudo no Sul do país, onde se tem registado secas e cheias prolongadas.NE/VM