Lubango – Diversos animais selvagens têm invadido áreas residenciais do município do Lubango, província da Huíla e, por ignorância, os habitantes estão a abatê-los, prática que as autoridades procuram travar, por configurar crime ambiental.
Registos dos últimos seis meses apontam para o aparecimento, na comuna da Arimba, de um serval, que foi confundido com um leopardo, assustando os habitantes da zona, que o queriam matar, mas foram impedidos pelas autoridades, que os informaram que se tratava de um felino inofensivo.
Dias depois, o animal foi localizado, com as suas crias, e devolvido à natureza.
No entanto, nem sempre os finais têm sido felizes. Esta semana, um largado do tipo varanus, parecido com um dragão, foi abatido por seguranças, a pedido de moradores do condomínio das Finanças, na mesma comuna.
A zona é circundada pelo perímetro do Aeroporto Internacional da Mukanka, que possui uma mata protegida com mais de 60 quilómetros quadrados, onde habitam várias espécies, mas a expansão da cidade para a zona, através de condomínios, coloca esses animais mais próximo dos humanos.
Em declarações à ANGOP, esta quarta-feira, a directora provincial do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários, Tânia dos Santos, disse que esse animal é característico de zonas mais húmidas.
Explicou que, provavelmente, com a paragem das chuvas, o bicho tenha saído dessa zona confinada e à procura de seu habitat, área em que agora estão as residências.
Acrescentou que a frequência desses animais nas actuais zonas urbanas começa a ser comum, por não ser o primeiro registo de um varanus, sobretudo em zonas peri-urbanas do Lubango.
A directora disse que acom mudança para a estação seca “é normal” que comecem a aparecer, principalmente os répteis habituados à humidade.
Apelou às comunidades para comunicarem às autoridades competentes caso se depararem com esses animais, ao invés de abatê-los, pois muitos são de espécies protegidas e em risco de extinção.
A ambientalista justificou que esse comportamento resulta de “conflitos de habitat”, porque Homem “invadiu” o seu e confinou-lhe a um novo, pelo que, devido às condições climáticas teve necessidade de procurar uma nova zona húmida e foi alojar-se ali, dado que o solo começa a ficar mais seco no anterior.
“A primeira forma de actuação é pedir que a população não mate o animal, sob pena de estar a abater uma espécie em risco de extinção. Por isso, trabalhamos na educação ambiental, para que quando avistarem o animal comunicarem aos bombeiros, ou ao Gabinete do Ambiente, de modo a resgatá-lo e devolvê-lo ao seu habitat de forma segura”, advertiu.
No caso de felinos ou animais de médio porte, a directora disse que o seu Gabinete tem o apoio do Centro de Ciências e Tecnologia do Lubango, que auxilia com as câmaras tramp, que são colocadas em sítios onde a população diz que viu os animais, para monitorizá-los.
Segundo a ambientalista, a maior parte desses animais não está a invadir as zonas residenciais, pelo contrário, as cidades é que invadiram o seu habitat, pelos que essas ocorrência vão aumentar, daí que a população deve estar preparada para lidar com isso.
Disse haver o registo do aparecimento de felinos de pequeno porte, inofensivos ao homem, e répteis, alguns deles podendo causar ferimentos ou morte a outros animais e pessoas, pelo que os humanos devem evitar aproximarem-se dos mesmos.
Histórico do animal abatido
O animal abatido, também chamado de lagarto-monitor, pertence à espécie dos grandes lagartos do género Varanus, nativos da África, Ásia e Oceânia, e é também encontrada nas Américas, como uma invasora. Perto de 80 espécies são reconhecidas no mundo.
Os lagartos-monitores têm pescoços longos, caudas e garras poderosas e membros bem desenvolvidos. O comprimento adulto das espécies existentes varia de 20 centímetros em algumas delas a mais de três metros no caso do dragão de Komodo, embora o varanídeo extinto, conhecido como megalânia (Varanus priscus ), possa ter sido capaz de atingir comprimentos superiores a sete metros.
A maioria das espécies de monitores são terrestres, mas monitores arbóreos e semi-aquáticos também são conhecidos. Na sua maioria são carnívoros, comem ovos, répteis menores, peixes, pássaros, insectos e pequenos mamíferos. Alguns alimentam-se dtambém de frutas e vegetação, dependendo de onde vivem. MS