Lubango – Um modelo de carvão ecológico, para reduzir o abate indiscriminado de árvores para usá-las como combustível doméstico, foi apresentado na cidade do Lubango, província da Huíla, durante a Feira da Sustentabilidade, no quadro da Semana Nacional do Ambiente (26 a 31).
O carvão ecológico, “amigo do ambiente”, é feito com restos de materiais vegetais, desde folhas secas, paus, cascas de árvores e capim, encontrados na natureza, cuja apresentação foi feite neste sábado.
Para além destes, pode ser fabricado ainda com excrementos de animais herbívoros, sobretudo do boi e do cabrito, assim como restos de papel, também de origem vegetal, e pedaços de madeira degradada.
Com os elementos referidos, faz-se uma massa com água e depois é compactada no formato a escolha de cada um. Posteriormente é levada a um forno ou exposta ao sol para secagem, seguindo-se o processo de embalamento.
A proposta como ideia foi criada em finais de 2022, mas ensaiada desde Janeiro de 2023 pela engenheira ambiental Helena David, tendo sido já apresentada na comunidade de Caholo, município da Humpata, em Abril de 2023, como um mecanismo de reduzir a produção do carvão vegetal.
Em declarações à ANGOP, hoje, sábado, a também professora do Instituto Politécnico da Humpata afirmou que as comunidades rurais são as maiores produtoras de carvão, um processo feito com o abate desenfreado de árvores, daí a preocupação da criação de um modelo diferente que ajude o meio ambiente.
Referiu ser do conhecimento de todos que o fabrico de carvão faz parte da sustentabilidade das comunidades rurais e não se pode proibir a sua produção sem criar alternativas para substituir essa actividade.
Helena David garantiu ser um projecto cujo processo de produção não causa poluição ao meio ambiente, pois é um produto mais resistente que o carvão normal, sem mau cheiro e com pouco fumo, um projecto que está na fase experimental e ainda não comercializado.
Disse que já levou a proposta à comunidade rural do Caholo, na Humpata, uma população que fabrica carvão, e foi aceite, pelo que se precisa agora de continuar a sensibilizar as pessoas.
“A ideia é como essa comunidade criar cooperativas para começar a fazer o fabrico. Poderíamos ter um financiamento para tal e as famílias poderem ganhar renda com isso, na venda da matéria-prima para uma pequena unidade de fabricação e esta por sua vez fazer a distribuição no mercado”, reforçou.
Salientou que está a divulgar a iniciativa, e com a feira mostrou a intenção ao governo da Huíla. Actualmente, o projecto tem sido usado nas aulas como forma de educação ambiental, envolvendo os estudantes do curso ambiental da instituição escolar.
A feira, que terminou hoje, foi promovida pelo Gabinete Provincial do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários da Huíla, no quadro da Semana Nacional do Ambiente.EM/MS