Benguela – O Governo angolano preconiza, nos próximos tempos, desenvolver estratégias de gestão e educação ambiental para a recolha dos plásticos nas praias e sua reciclagem.
A UNEP-UN Environment, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que coordena todas as acções de âmbito ambiental, estima que 80 por cento de todo o lixo nos oceanos é composto por plásticos, pelo que apela aos governos a aplicarem políticas para a sua redução.
Estimativas apontam que oito milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos todos os anos, o equivalente a despejar um camião de lixo de plástico a cada minuto, provocando estragos na vida aquática e ecossistemas, prejudicando também a pesca e o turismo, com custos de pelo menos oito mil milhões de dólares (um dólar equivale a Kz 429), alerta a agência.
Por outro lado, ao manter-se a actual taxa de consumo de garrafas, sacos e copos de plástico, que vão parar ao lixo depois de serem usados apenas uma vez, em 2050 os oceanos vão ter mais plásticos do que peixe e cerca de 99% das aves marinhas terão ingerido estes lixos.
Para evitar que o pior aconteça à fauna e flora angolanas, o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Filipe Zau, anunciou um “pacote de medidas necessárias” em fase de preparação, que contempla a implementação de acções contra o plástico na costa, que ainda tem impacto no fomento do turismo.
Estas estratégias, de âmbito ambiental, implicam uma maior atenção na construção de empreendimentos ao longo da costa angolana com material reciclado, a partir do plástico, disse o ministro, ao encerrar o segundo Conselho Consultivo do sector, em Benguela.
Filipe Zau ressaltou a preocupação com a vida das comunidades, pelo que o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente iniciou um pacote de acções de resiliência, com processos de dessalinização da água do mar que possam mitigar os impactos da seca.
O avanço do deserto do Namibe, o mais antigo do mundo, para a província de Benguela, é outra fonte de preocupação actual, como explica o ministro, enfatizando a necessidade de uma maior consciencialização dada a urgência de melhorar o relacionamento com a Natureza.
O ministro destacou, ainda, a aprovação do Estatuto Orgânico do Instituto Nacional da Biodiversidade e Conservação, as Estratégias Nacionais para as Alterações Climáticas 2022-2035 e de Educação Ambiental 2022-2050, o regulamento sobre os espaços verdes.
Além disso, sublinhou ter sido actualizada a Comissão Nacional para as Alterações Climáticas e Biodiversidade, e o Observatório Climático, entre outros.
Para breve trecho, notou, perspectiva-se a conclusão do processo de regulamentação da Lei das Áreas de Conservação Ambiental, o Regime de Trabalho dos Funcionários e Fiscais das áreas de Conservação ambiental e o seu estatuto remuneratório.
Segundo adiantou, será redefinido o modelo de gestão dos parques nacionais, por via da parceria internacional da Ong African Parks, nomeadamente na co-gestão dos parques do Iona, Luenge-Luiana e Mavinga
Áreas de interesse turístico
Dinamizar a implementação das áreas de interesse e potencial turístico é uma das acções no âmbito da estratégia de relançamento do turismo.
Desta forma, o responsável acredita que a adaptação do Infotur – Cabinda, num centro de formação técnico-profissional para a região Norte, vai permitir resolver a “lacuna” nesse domínio, tendo em conta as ambições do país para o turismo em matéria de diversificação e de empregabilidade de quadros competentes.
Até porque, destacou, Angola foi eleita como vice-presidente do Comité da Organização Mundial do Turismo e Sustentabilidade, salientando “a aprovação de um pacote legislativo para o sector, com destaque para o Decreto Presidencial que aprova as normas jurídicas sobre áreas de interesse e potencial turístico”.
De igual modo, realçou a importância da implementação da campanha de âmbito nacional e internacional de promoção do turismo, denominada “Juntos e todos pelo Turismo”.
Sob o lema “Cultura, Turismo e Ambiente: na Emergência de uma Economia Circular”, o encontro, do qual participaram mais de 200 pessoas, abordou sobretudo os desafios da classificação e da gestão dos bens culturais, o relançamento do turismo, desafios e oportunidades, a estratégia de saneamento.