Golungo Alto - O abate indiscriminado de árvores para o fabrico de madeira está a contribuir para a devastação da Reserva Florestal do Golungo Alto, província do Cuanza-Norte.
A denúncia foi feita, esta quarta-feira, pela administradora municipal do Golungo Alto, Maria Inácio Jerónimo, no workshop sobre "Educação Ambiental", promovido pelo Gabinete Provincial do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários.
De acordo com a administradora, a referida acção humana está também a provocar alterações climáticas na região, provocando o aumento da temperatura ambiente.
"Diariamente, saem do município entre dois a cinco camiões cheios de madeira talhada, com destino à capital do país (Luanda)", sublinhou.
Disse que as empresas ou cidadãos que fazem a exploração de madeira não deixam qualquer contrapartida decorrente da actividade ao município.
Apontou a comuna da Cerca como a localidade com maior número de exploradores ilegais de madeira, revelando que, recentemente, foi encontrada uma caravana de mais de 12 camiões cheios de madeira talhada.
Além do corte desenfreado de árvores para a produção de madeira, a administradora também apontou o fabrico do carvão de cozinha e a caça furtiva como outros problemas que afectam o município.
Maria Inácio defendeu maior responsabilização criminal e sensibilização dos prevaricadores pelos órgãos do Estado, considerando a preservação do meio ambiente como uma tarefa de todos, onde a educação ambiental constitui um instrumento necessário e modificador.
A educação ambientel, continuou, actua na melhoria da relação do homem com a natureza, promovendo reflexões acerca dos problemas ambientais.
"Essa reserva florestal precisa de ser conservada e preservada, porque ano após ano vai perdendo a sua beleza e riqueza pela acção humana", alertou, frisando que a Reserva Florestal do Golungo Alto constitui um verdadeiro viveiro de espécies vegetal e animal.
Por sua vez, o responsável do Departamento Provincial do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) no Cuanza Norte, Simão Jorge, disse que a sua instituição conta actualmente com seis fiscais para os 10 municípios da província, número insuficiente para as acções de fiscalização.
Esta situação, disse, tem limitado a acção de fiscalização da instituição no posto fronteiriço do Nzenza do Itombe (entre Luanda e Cuanza-Norte) e em Cambambe.
Informou que durante o ano de 2023 foram licenciados na província 16 madeireiros, dos quais dois para o município do Golungo Alto.
O workshop analisou os temas “Caça furtiva”, “Queimadas anárquicas”, “Desmatamento”, “Repovoamento florestal”, entre outros.
A Reserva Florestal do Golungo Alto, com uma superfície de 558 quilómetros quadrados, é o habitat de muitas plantas medicinais e várias árvores.
No local encontram-se várias espécies animais como pacaças, hipopótamos, corças, lebres, elefantes, leões, onças, lobos, hienas, chacais, mabecos, galinhas do mato e perdizes.
Em 2014, a Reserva Florestal do Golungo Alto estava inscrita na categoria de área protegida, no concurso para a determinação das sete maravilhas de Angola.EFM/IMA/ASS