Luanda – Angola deve apostar na produção do Hidrogénio Verde para diminuir o impacto das alterações climáticas e resolver os problemas socioeconómicos de forma sustentável, defendeu, esta segunda-feira, a engenheira de perfuração de poços de petróleo, Verónica Choconesa.
Em declarações à ANGOP, no quadro do Dia Internacional do Ambiente, que hoje se assinala, disse que o país deve apostar neste segmento pensando na resolução de problemas como a seca, tratamento do lixo, produção de energia limpa e diminuição da emissão de gases nocivos, visando a proteção da biodiversidade.
Fundadora da Startup Nzolani Renewable, virada para a promoção de indústrias verde, ambientalista disse que o hidrogénio verde é obtido de fontes renováveis, em um processo no qual não há emissão de carbono.
Diferente dos combustiveis fósseis, explicou, o aproveitamento energético do hidrogénio raramente se dá por sua combustão, mas por meio de uma transformação electroquímica, realizada em células conhecidas como células a combustível.
Verónica Choconesa esclarece que, embora esteja presente em diversos locais, o hidrogénio raramente pode ser obtido directamente na natureza. Assim, é necessário algum tipo de processamento, caracterizando-o como uma fonte secundária de energia.
As principais fontes de hidrogénio são as fósseis. O processo de separação de hidrogénio consiste basicamente no mesmo para a gasolina nafta, metanol ou até outras fontes renováveis, como o etanol.
“Quando se faz uma perfuração para exploração de petróleo sai gás, água, dióxido de carbono, hidrogénio e oxigénio. Mas, o hidrogénio verde é uma fonte de energia limpa, produzido através de energias renovaveis”.
Quando tratamos por verde, estamos a dizer que ele não tem presença de gases de efeitos estufa.
No seu entender, o uso do hidrogénio é uma resposta positiva contra o desflorestamento e o fumo produzido pelas viaturas.
Por isso, Verónica Choconesa defende o reforço da educação ambiental, para o sucesso deste projecto, que é também uma fonte de geração de rendimento.
Para a especialista, a natureza em si já produz gás estufa e com o reforço do que é produzido por aparelhos e meios humanos, há um acúmulo que resulta em males como as alterações climáticas, propriamente o aquecimento global.
Frisou que o maior inimigo do ambiente é o ser humano, pela ambição de pretender rápidos resultados sem pensar na natureza.
Para o efeito, recomendou o reforço da fiscalização e a punição exemplar daqueles que agridem o ecossistema.
Recordou que a natureza é reactiva “atacou, respondeu”, por isso existem as cheias, secas, descongelamento dos polos, chuvas ácidas, entre outros fenómenos.
Criticou a situação dos aterros sanitários, onde o lixo fica acumulado ao ar livre, o que representa um crime ambiental, por gerar alto níveis de gases nocivos.
Seca
Por outro lado, disse que o problema da seca nas províncias do Namibe e Cunene pode também ser resolvido com o hidrogénio verde, já que estas regiões contam com um lençol freático denso, devendo-se, para o efeito utilizar técnicas mais avançadas de perfuração da terra.
Segundo a entrevistada, a exploração deste químico trará para o país investidores, criação de postos de trabalho, pois é também um produto de exportação.
“Temos de olhar para o petróleo como reserva e trabalhar para a redução de gases nocivos”, recomendou.
Implementação em Angola
Quanto à sua implementação em Angola, informou que começou-se a olhar para este elemento durante a pandemia da Covid-19.
Disse que a Startup que criou é uma das representantes de Angola sobre hidrogénio Verde.
Neste âmbito, referiu que a organização fez um protótipo com uma subestação de hidrogénio verde com a captura do dióxido de carbono, para fazer o sequestro e depois usar para a produção da gasolina verde.
Para avançar nesta direcção, disse que Angola tem de conseguir investimento através de parcerias.
Defendeu também a necessidade de sensibilização da sociedade para entender as suas vantagens.
“Lembro-me que quando começou o projecto, em 2020, olhamos para a assinatura de Angola do acordo de Paris em 2015, sobre a redução de 1,5 graus celsius de dióxido de carbono na atmosfera”, asseverou.
Recordou que o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, afirmou, em Março deste ano, durante a 9ª edição do Diálogo de Transição Energética de Berlim, que Angola poderá de forma mais realista exportar hidrogénio verde em 2025.
Acrescentou que a utilização desse produto será uma grande mais-valia, podendo gerar mais postos de trabalho, mediante o nascimento de uma nova indústria.
Verónica Choconesa precisou que o do hidrogénio verde pode gerar mais de 500 postos de trabalho, entre engenheiros, arquitetos, físicos, químicos, economista, jurista e catadores de lixo
O Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado a 5 de Junho e tem por finalidade criar uma postura crítica e activa em relação aos problemas ambientais existentes no planeta. ML/ART