Luanda - A Comissária da União Africana, Josefa Sacko, reafirmou, esta terça-feira, em Londres, que África está disposta a desempenhar o seu papel na resposta global às alterações climáticas.
Porém, Sacko, que falava no evento na “Chatham House” sobre os riscos climáticos em cascata, lembrou que as outras partes do mundo, em especial as mais responsáveis pelas emissões históricas, têm a responsabilidade de ajudar os esforços e as necessidades e circunstâncias especiais do continente.
A diplomata angolana disse que a maioria dos estudos sobre os impactos, a adaptação e a vulnerabilidade às alterações climáticas limita a sua atenção aos impactos e às respostas dentro da mesma região geográfica, abordando muito pouco o carácter transfronteiriço e em cascata dos riscos climáticos.
“Foi demonstrado que os efeitos das alterações climáticas, que vão desde condições meteorológicas extremas até à insegurança alimentar e hídrica, não só atravessam fisicamente as fronteiras nacionais, como também podem afectar processos globais como o comércio, as empresas, os conflitos e as migrações”, afirmou.
No seu entender, as sociedades serão cada vez mais afectadas por estas cadeias complexas.
De acordo com a comissária da UA, o último relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de Março de 2023, voltou a classificar África entre as regiões mais vulneráveis às alterações climáticas, onde deverá registar ondas de calor, secas, inundações, tempestades e incêndios florestais mais frequentes e intensos em todos os cenários de emissões.
Além disso, asseverou que as alterações climáticas tornaram-se uma ameaça existencial para o continente, especialmente para as pequenas nações insulares, embora África tenha sido o continente que menos contribuiu para a causa das alterações climáticas, representando menos de quatro por cento das emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE).
“É o continente que suporta o fardo mais pesado, em parte devido à sua menor capacidade de adaptação”, lamentou.
No âmbito da semana da acção climática de Londres, disse que, dada a vulnerabilidade de África aos impactos das alterações climáticas, a União Africana, através do Comité de Chefes de Estado e de Governo Africanos para as Alterações Climáticas (CAHOSCC) e com o apoio da Conferência Ministerial Africana sobre o Ambiente (AMCEN), bem como do Grupo Africano de Negociadores , está a trabalhar para reforçar as três Comissões Climáticas Africanas criadas na COP 22 em Marraquexe ( Marrocos ).
Em 2022, a Assembleia dos Chefes de Estado e de Governo africanos aprovou dois quadros continentais fundamentais: a Estratégia e Plano de Acção da União Africana para as Alterações Climáticas e o Desenvolvimento Resiliente (2022-2032), que prevê acções harmonizadas e coordenadas para responder aos impactos das alterações climáticas, apoiando assim o planeamento para o futuro de baixas emissões do continente.
Os objectivos das estratégias consistem em orientar o continente para reforçar a sua resiliência face aos impactos negativos das alterações climáticas e melhorar os serviços meteorológicos e climáticos em África, bem como a recuperação ecológica da pandemia de COVID-19.
Josefa Sacko deu a conhecer que a União Africana está na fase inicial da implementação destas estratégias e quadros críticos e está a procurar activamente parceiros para maximizar o impacto.
Frisou que ainda “ é necessário neste momento que a UE e África se juntem e abordem a forma de fazer avançar as questões dos riscos em cascata”. VS/ART