Angola melhora protecção da fauna e flora

     Ambiente           
  • Luanda     Quarta, 31 Janeiro De 2024    12h46  
Biodiversidade na Huíla
Biodiversidade na Huíla
Morais Silva - ANGOP

Luanda - A protecção do ambiente e das espécies da flora e da fauna constituem um dos compromissos do Estado angolano, que tem vindo a melhorar, gradualmente, as suas estratégias de amparo de mais de 100 espécies ameaçadas de extinção.

Por António Neto, jornalista da ANGOP

 

Nos últimos anos, o Executivo angolano olha com grande preocupação para a questão das espécies em risco de extinção, com particular enfoque para o mabeco, a hiena malhada, protelo, leão, onça, zebra, gorila, búfalo vermelho, chimpanzé e o manatim.

Além destes animais, a política do Estado tem sido direccionada para a melhor protecção da palanca negra gigante (uma das mais simbólicas espécies do país), garça de garganta vermelha, papagaio cinzento, babuíno, tartaruga de couro e o pangolin, este último já quase inexistente, segundo dados oficiais.

Conforme o Executivo angolano, o país conta, actualmente, com três espécies de animais selvagens extintos, 29 ameaçados de extinção, 100 vulneráveis e 18 espécies invasoras, por causas naturais do ecosistema ou devido à acção do homem.

Angola alberga espécies espalhadas por várias regiões, como gorilas, chimpanzés e papagaios, na província de Cabinda, enquanto nas zonas mais húmidas do Norte, Centro e Leste sobressaem o golungo, a palanca negra-gigante, seixa e os elefantes.

Nas regiões mais secas, segundo os estudos, aparecem a cabra de leque, o guelengue do deserto ou orix, o gnu, a impala, a chita, o búfalo, o elefante, a zebra e a girafa.

De acordo com os dados do Governo, os animais mais ou menos comuns em todo o território são a hiena, a palanca vermelha, o leão, o leopardo e o hipopótamo.

A nível do mar, a baleia azul, cachalote anão, falsa orca, baleia de bossa, baleia sardinheira, golfinho comum, caranguejo, carapau, dentão, savelha e linguado estão na classe das espécies ameaçadas. Neste grupo, estão também o salalé e zitsombe.

No que toca às árvores ameaçadas de extinção, estão catalogadas a moreira, munguba, muanza, mufumeira, munguela, mogno, pau-preto, pau-ferro, a kitiba e munguela, devido ao excesso na sua exploração e abate para fins diversos.

Em relação à classe das plantas, surgem a welwitchia mirabilis, mupanda, nfumbua, pau de Cabinda, palmeira real, makakata, mangais vermelho e preto, kababa-ohia, consideradas vulneráveis, devido à exploração desregradas e à poluição das águas.

Entretanto, além da preservação dos animais em vias de extinção, o Governo tem dedicado esforços para conter a caça furtiva e o desmatamento das florestas, bem como combater as ravinas e a exploração insustentável dos recursos naturais.

Aliás, não foi por acaso que o Presidente João Lourenço visitou, recentemente, o projecto Kitabanga, no Cuanza-Sul, dedicado ao estudo e à preservação de tartarugas.

De igual modo, o chefe de Estado participou do lançamento do projecto de reflorestação da Zona Costeira do país, que consiste na plantação de mangais a nível das zonas húmidas, gizado no quadro dos compromissos assumidos durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28).

Outro projecto que revela o comprometimento do Estado com as questões ambientais está ligado à protecção do Manatim, uma espécie marinha e ribeirinha bastante caçada por caçadores furtivos, que merece grande protecção das autoridades do país.

Trata-se de um projecto sob alçada da Associação AngoFauna, em fase de prospecção e pesquisa, que se constitui numa verdadeira ferramenta de protecção desta espécie.

Noutro sentido, o Governo de Luanda lançou em 2023 um projecto ambicioso de plantação, até ao ano de 2027, de um milhão de árvores, embora a meta global seja o plantio de 10 milhões de árvores, até ao ano de 2034.

Designado Programa de Arborização de Luanda, o mesmo envolve todos os municípios e distritos de Luanda e abrange a consciencialização e sensibilização da população sobre os padrões de vida sustentável e gestão equilibrada dos recursos naturais.

O Governo de Luanda desenvolve este projecto a nível das escolas do ensino primário, visando a inclusão, no plano curricular, de uma cadeira de educação ambiental.

Para consolidar os seus esforços e manter os compromissos assumidos durante a COP28 e outros eventos internacionais, o Governo angolano aprovou, este mês, um decreto que cria a Ordem dos Biólogos de Angola, para assegurar a defesa, promoção da profissão e progresso da biologia nos domínios científico, pedagógico, técnico e profissional.

Trata-se, pois, de medidas de políticas concretas que asseguram uma protecção mais visível e eficaz das espécies em risco de extinção, embora ainda não sejam, de acordo com especialistas, suficientes para acabar com as agressões ao meio ambiente.

Segundo a secretária de Estado para Acção Climática e Desenvolvimento Sustentável, Paula Coelho, impõe-se a necessidade de melhoria da legislação sobre a preservação das espécies marinhas, bem como da educação e consciencialização específica para as crianças, como acções imediatas para o sector do ambiente.

Numa declaração recente, a governante defendeu maior investimento no engajamento dos parceiros e a necessidade de mais patrocínios, sobretudo para as comunidades.

Envolvimento das comunidades

Por sua vez, especialistas angolanos defendem o envolvimento das comunidades locais na protecção do ecosistema, com o desenvolvimento de projectos que levam ao empoderamento das populações, além de trabalhos de sensibilização sobre o ambiente.

Consideram necessário maior fiscalização e a adopção de medidas adequadas, com vista à protecção especial das espécies ameaçadas, manutenção e regeneração da vegetação nativa, bem como a adopção de medidas para fazer uma gestão sustentável dos recursos.

A presidente da AngoFauna, Tailene Pontes, reconhece os avanços significativos que o país tem registado em termos da conservação do meio ambiente, tendo exemplificado o aumento da consciencialização e a criação de áreas protegidas.

Considera crucial o envolvimento das comunidades e fortalecimento das medidas que impactem positivamente na protecção do meio ambiente.

Defende que não se deve ignorar os desafios ambientais, tendo em conta que a poluição e o desmatamento constituem grande perigo para muitas espécies.

Propõe, por isso, a intensificação dos esforços na educação ambiental, aplicação de políticas ambientais, promoção de práticas sustentáveis, gestão adequada de resíduos, investimento em energias renováveis e o reforço da fiscalização dos espaços de conservação das espécies.

A ambientalista mostrou-se preocupada com os níveis de poluição por plásticos nos mares e rios de Angola, tendo considerado a necessidade de se proibir o uso deste material, incentivando assim o uso de alternativas mais sustentáveis.

Por sua vez, o vice-presidente da organização Kudisanza, João Malengue, referiu que os cidadãos devem assumir naturalmente uma posição mais amiga dos ambientes.

Segundo o ambientalista, isso passa por pequenos gestos que podem fazer a diferença, como o descarte correcto dos resíduos plásticos e a adopção de medidas que visam a protecção da fauna e da flora angolana.

João Malengue convidou os vários agentes, desde o Governo, as indústrias e a sociedade civil a adoptarem práticas mais sustentáveis, para melhor cuidarem do ambiente.

O ambientalista fez saber que o país conta com vários instrumentos que regulam a questão do meio ambiente, como a Lei nº 8/20 de 16 de Abril - Lei das áreas de conservação ambiental, e o Decreto Presidencial nº 148/22, de 9 de Junho.

Neste contexto, considerou importante a aplicação e fiscalização destas leis, de maneira a dissuadir as más práticas e salvaguardar os interesses ambientais.

Já o empresário e ambientalista Emerson Raposo defendeu o envolvimento das comunidades locais para o desenvolvimento do ecoturismo em Angola, encarado como base essencial para incentivar o sector, promover a consciencialização e o investimento em infra-estruturas eco-eficientes.

Defendeu, igualmente, a adopção de estratégias de equidade de preços, no sentido de tornar as experiências do ecoturismo mais acessíveis a um público maior, impulsionando, assim, a preservação do ecossistema.

Considerou que o ecoturismo desempenha um papel crucial no desenvolvimento de um país, tornando-se um catalisador de crescimento económico, ponte para o intercâmbio cultural e proporcionando uma experiência positiva para os turistas e as comunidades.

Argumentou que, além de ser uma fonte significativa de empregos e oportunidades de investimento, o ecoturismo proporciona um impulso essencial para a economia.

Emerson Raposo referiu ainda que o ecoturismo focaliza experiências que respeitam e preservam os ecosistemas, sendo que a legislação garante práticas sustentáveis e protecção as áreas sensíveis, factores que têm contribuído para o crescimento da procura por destinos que promovam a conservação ambiental.

Por outro lado, o empresário apontou alguns obstáculos notáveis no cenário turístico, nomeadamente, a precariedade das infra-estruturas que limitam o acesso, investimento no sector e a fraca capacitação profissional dos actores.

Destacou como desafio a adopção de medidas abrangentes, com prioridade para a melhoria das infra-estruturas de acesso, investimento em capacitação profissional e a implementação de estratégias de conservação eficazes da fauna e da flora.

Sobre os avanços do turismo em Angola, Emerson Raposo disse que o sector carece de mais promoção, embora exista já algum progresso no que toca à simplificação do processo de visto e isenção para atrair mais visitantes e esforços para a melhoria das infra-estruturas, como a construção de hotéis, restaurantes e aeroportos.

Esta quarta-feira (31 de Janeiro), Angola assinala o Dia Nacional do Ambiente, que resulta da “Semana da Convenção da Natureza”, realizada em Luanda, em 1976, com a participação de representantes de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, para promover actividades de sensibilização e preservação do meio ambiente, bem como criar debates para reflexões sobre os vários problemas ambientais. ANM/OHA





Fotos em destaque

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

Sábado, 20 Abril De 2024   12h56

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Sábado, 20 Abril De 2024   12h48

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Sábado, 20 Abril De 2024   12h44

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Sábado, 20 Abril De 2024   12h41

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Sábado, 20 Abril De 2024   12h23

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Sábado, 20 Abril De 2024   12h19

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Sábado, 20 Abril De 2024   12h16

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Sábado, 20 Abril De 2024   12h10

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Sábado, 20 Abril De 2024   12h05

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Sábado, 20 Abril De 2024   11h58


+