Soyo – A limpeza da bacia de retenção do crude do antigo terminal da petrolífera francesa TOTAL, no município do Soyo, província do Zaire, onde há cerca de 29 anos ocorreu um derrame de petróleo bruto foi defendida esta segunda-feira, pelo ambientalista Isaac Fortunato.
De acordo com o ambientalista, esse derrame de petróleo de grandes proporções, ocorrido em consequência do conflito armado, afectou de forma profunda o ecossistema da zona atingida.
A bacia de retenção do antigo terminal da TOTAL localiza-se na aldeia de Kinfuquene, periferia da cidade do Soyo, explorada, actualmente, pela petrolífera nacional SOMOIL.
Informou que no local do derrame estão concentrados cerca de 30 mil barris de petróleo bruto, desde 1993, frisando que este volume de crude exposto ao ar livre representa uma autêntica ameaça às espécies da flora e fauna, incluindo à saúde humana.
Ele que é também quadro sénior do sector dos petróleos no Soyo, considera fundamental a conjugação de esforços institucionais para que este passivo da guerra seja removido, para o bem da actual e nova gerações.
Explicou que um ataque armado havia provocado o esvaziamento de dois tanques de provisionamento do crude com a capacidade de 400 mil litros cada, cujos volumes expandiram-se numa área considerável.
“O petróleo bruto, em espaço aberto, liberta gases nocivos à vida humana, como resultado da poluição do ar, o que pode comprometer a saúde humana e dos animais”, sustentou.
O ambientalista lembrou que o código mineiro angolano, orienta para a responsabilização criminal de possíveis danos ambientais, para além de prever obrigações sociais a favor das populações afectadas, entre outras recomendações.
Lamentou, por outro lado, aquilo que considerou como sendo nível assustador de abate de mangais na localidade, tendo sugerido sanções previstas na lei para se desencorajar tais práticas.
Recordou que os ecossistemas de mangais são responsáveis por albergar 85 por cento da biodiversidade.
A fonte falava durante uma mesa redonda sobre o “impacto ambiental na exploração dos recursos naturais”, promovida pela Associação Cívica Maus Livres em parceria com a organização Planta para a Exploração de Recursos Naturais (TCHOTA).
Para o presidente da Associação Maus Livres, Guilherme Neves, este debate resulta de uma orientação produzida na recente conferência nacional, realizada em Luanda e que abordou, com bastante acutilância, a questão do ambiente na indústria extractiva do país.
O responsável reconheceu tratar-se de um tema muito complexo e com reflexo não só na indústria petrolífera, mas, também, em outras actividades ligadas à exploração de outros recursos sujeita à utilização de produtos tóxicos ou químicos.
Manifestou convicção de que o Executivo angolano está atento à essa problemática e tudo faz para preservar o ecossistema e evitar mais dados ambientais.