Catumbela - A eliminação das lagoas do Luhongo, no município da Catumbela (Benguela), passa pela desobstrução do sistema de drenagem das águas pluviais, afirmou esta quarta-feira, o ambientalista Isaac Sassoma.
Em entrevista à ANGOP, o engenheiro do ambiente afirmou que no tempo chuvoso, o nível das águas aumenta e elas não têm por onde escoar, causando enorme extensão de águas paradas.
"Este sistema de drenagem existe e funcionava normalmente, antes da construção da nova estação do Caminho de Ferro de Benguela (CFB), naquela localidade. Hoje está praticamente inutilizado", explicou.
O mesmo passa-se com a lagoa localizada por trás do Hospital Municipal da Catumbela, São Pedro, que é uma bacia natural de retenção de águas pluviais.
Na sua opinião, se as águas conseguissem atravessar a estrada, através do sistema de drenagem, e atingissem o perímetro agrícola, além da irrigação, enriqueceria os solos devido ao transporte de material orgânico ali produzido.
Como consequências, o especialista apontou problemas como poluição visual, de saúde pública e desordenamento do território.
"Não é agradável ter na cidade uma vista panorâmica com águas paradas", lamentou.
Em relação a saúde pública, focou na possibilidade de maior proliferação de vectores como mosquitos, propenso a Malária, moscas, já que ao lado existe um matadouro, e doenças de dermatológicas, por causa de crianças que vão ali brincar.
Sobre o desordenamento do território, mostrou-se indignado com a construção de casas na bacia de retenção das águas.
"A construção nestes lugares é proibida, porque as águas vêm de zonas elevadas e ficam ali armazenadas para desaguar para algum lugar", lamentou.
Issac Sassoma referiu-se igualmente sobre a construção nas salinas, nos mangais e nas valas naturais, lembrando o caso da chuva de 11 de Março de 2015, no Lobito, onde morreram dezenas de pessoas.
Aproveitou para falar sobre a limpeza das valas, dizendo que elas devem estar conectadas, entre as micro e macro-drenagem, para facilitar a fluidez no escoamento das águas.
Informou que devem ser limpas pelo menos três vezes por ano, no período seco, reprovando a vala no três, do Bairro da Luz, no Lobito, onde as águas não têm saída para o mar, no caso, por falta de acabamento.
Para ele, as águas que transitam nas valas devem passar por uma estação de tratamento antes de irem para o mar.
Referiu-se, com tristeza, sobre resíduos sólidos a flutuarem no mar, tendo como consequência o aparecimento de tartarugas, baleias e outras espécies marinhas mortas, devido a ingestão desses objectos, confundindo com alimentos.
Apelou as diversas administrações da província, a prestarem maior atenção aos assuntos por si discriminados, para ajudar a evitar outros problemas de impacto ambiental.
A Administração Municipal da Catumbela, contactada pela ANGOP para se pronunciar sobre as lagoas na sua circunscrição, mostrou-se indisponível.