Lobito – A refinaria do Lobito, província de Benguela, será viável em termos económico, financeiro e social, mas é necessário ter em conta o estudo do impacto ambiental no município, alertou esta quinta-feira, o ambientalista Isaac Sassoma.
Em entrevista à ANGOP, Isaac Sassoma afirmou que o estudo de impacto ambiental, além da parte técnica, deveria estar submetido a uma consulta pública, com representantes das comunidades que viram a cidade do Lobito a desenvolver-se desde a era colonial.
“As refinarias têm um alto nível de poluição ambiental que incidem sobre a atmosfera, no solo e na água”, sublinhou.
Para ele, mais cedo ou mais tarde, haverá problemas no transporte do produto, pois poderá acontecer um derrame, por exemplo.
Ainda sobre as consequências, falou sobre o fluxo de navios na baía, que vai afugentar as espécies para outros lugares, principalmente as que já se encontram em fase de extinção, causando uma possível escassez de pescado e prejuízo para os pescadores artesanais.
No caso particular dos derrames, eles provocam menos capacidade de fotossíntese que faz bem às espécies marinhas.
“O mar ficará mais escuro e afectará a cadeia alimentar dos peixes e estes morrerão por falta de alimentos e também por intoxicação. Além disso, a alteração térmica provocada pelo produto derramado, também pode mudar o ciclo da desova das espécies”, explicou.
Como medida de prevenção, o ambientalista aposta numa fiscalização contundente dos navios, porque, segundo ele, haverá sempre um ou outro acidente durante a transportação do produto ou no bombeamento via oleoduto, uma vez que a refinaria encontra-se num ponto alto.
Já o economista Henrique Pascoal é de opinião que a refinaria do Lobito, também conhecida como Sonaref, vai trazer muitos benefícios para a província, mas é necessário abraçar um desenvolvimento sustentável.
No âmbito da sua responsabilidade social, poderá intervir na construção de escolas e centros médicos de modos a aumentar estes serviços, muito necessitados pelas populações.
Quanto ao emprego, referiu-se sobre muitos jovens dispensados pela Sonamet, empresa construtora de estruturas petrolíferas, que poderão engrossar os quadros da refinaria, uma vez que foram formados em diversas áreas, tais como soldadura, caldeiraria, logística, qualidade e controle, higiene e saúde no trabalho.
“Algumas empresas do ramo da logística e hotelaria e turismo, deverão preparar-se para a concorrência na prestação de serviços para a Sonaref, porque esse tipo de indústria necessita sempre dessas empreitadas”, avisou.
A Sonangol lança nesta sexta-feira (9) o concurso público internacional do refinaria do Lobito, em acto a ser realizado na administração municipal do Lobito.
Angola, apesar de país produtor de petróleo, possui apenas uma refinaria e recorre à importação de combustíveis, estando em curso a construção de novas refinarias em Cabinda, Soyo e Lobito, bem como a modernização e optimização da refinaria de Luanda.
O acto de lançamento será presencial, estando prevista a apresentação dos resultados dos estudos preliminares de viabilidade económica da capacidade de processamento considerada para a construção da refinaria do Lobito, em uma ou várias fases, visando alcançar 200.000 barris de óleo/dia.
Durante a cerimónia, serão igualmente apresentados os requisitos e os principais termos de referência para a participação no concurso público, bem como o cronograma associado.
Em 2019, Angola desembolsou 1,7 mil milhões de dólares para importar três milhões de toneladas métricas de combustíveis.