Malanje- A insistente prática de abate indiscriminado de árvores para a produção de carvão vegetal nas comunidades circunvizinhas do Parque Nacional de Cangandala ameaça destruir o habitat da Palanca Negra Gigante.
O alerta foi feito hoje pelo administrador do Parque, Victor Paca, à margem de uma palestra sobre Crimes Ambientais, decorrida no município de Cangandala, no âmbito da Semana da Legalidade, que visa saudar o 45º aniversário da Procuradoria-geral da República.
Segundo o responsável, o fabrico de carvão está a ganhar contornos alarmantes, apesar das campanhas de sensibilização para o seu fim, levadas a cabo pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) e a Administração Municipal de Cangandala.
Aliada a essa problemática, está a falta de viaturas, capas de chuva e outros materiais para o reforço do patrulhamento dos 84 fiscais controlados, actualmente, cuja realidade requer a criação de um plano director de combate ao abate de árvores no perímetro do parque, envolvendo o governo, autoridades tradicionais e as comunidades.
O Parque Nacional de Cangandala ocupa uma extensão de 630 quilómetros quadrados, ao passo que o santuário da Palanca tem quatro mil 400 hectares, com cerca de 120 Palancas, de acordo com a última contagem feita em 2022.
Para além do antílope, abundam no mesmo perímetro outras espécies como burro do mato, porco-espinho, bambi, pacaça, javali, perdiz e capotas.
PGR encoraja denúncia de crimes ambientais
Durante a palestra a Procuradora da República titular interina de Malanje, Olívia Afonso, encorajou a mobilização da sociedade na denúncia de crimes ambientais, para se evitar práticas que vêm dizimando espécies animais e vegetais, cruciais para o equilíbrio do ecossistema.
A magistrada justificou o apelo com o facto de o país, e a província de Malanje em particular, registar elevados crimes ambientais, devido a fraca cultura de denúncia.
Disse que apesar de muitas ocorrências registadas, durante o ano de 2023, a PGR recepcionou apenas 11 notificações de crimes ambientais, tudo porque os cidadãos pouco colaboram nessa vertente.
Entretanto, alertou que o mundo enfrenta uma tripla emergência ambiental, com reflexos na perda da biodiversidade, crise climática e poluição crescente, daí a necessidade do envolvimento de todos nos actos tendentes ao combate à caça furtiva, queimadas anárquicas e ao abate de árvores.
Dissertada pelo procurador da República, António Van-dúnem, a palestra sobre Crimes Ambientais foi dirigida a magistrados judiciais e do Ministério Público, técnicos de justiça e autoridades tradicionais, e visou elucidar sobre a necessidade do fim dos crimes contra o ambiente e suas implicações legais.
A actividade culminou com uma campanha de arborização no sector do Cuanza. ACC/NC/PBC