Angola e Brasil formalizam acordo para produzir arroz na Huíla

     Agricultura           
  • Huíla     Sexta, 05 Abril De 2024    15h29  
João Saraiva (à dir.)
João Saraiva (à dir.)
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Lubango – A empresa angolana Jardins de Yoba, dedicada a produção de sementes melhoradas, e a Universidade Federal de Lavras (UFLA), do Brasil, assinaram um acordo voltado ao desenvolvimento de genótipos de arroz de terras altas, adaptadas às condições ambientais de Angola.

O protocolo foi formalizado em Março último, no Brasil e tem um período de implementação de 10 anos, sendo o segundo, que prevê transferência compartilhada de tecnologia e programas comparticipados de selecção e melhoramento de sementes, após um primeiro de cooperação para transferência de conhecimento.

Em declarações à ANGOP hoje, sexta-feira, nesta cidade, após visita à UFLA, de 25 a 27 de Março, do ano em curso, o director-geral da Jardins da Yoba, João Saraiva, considerou que o acordo para transferência de tecnologias na cultura do arroz é de “grande” importância para o combate à fome e a pobreza no país.

“O arroz de terras altas, como uma cultura que não necessita de grandes investimentos em infra-estrutura, pois é adequado ao sistema de cultivo familiar predominante em Angola”, manifestou.

Destacou que o acesso a esse pacote tecnológico é estratégico para o desenvolvimento da agricultura nacional, assim como os programas de capacitação transversal, um modelo de formação estendido a técnicos, professores universitários e alunos, que promete ampliar a parceria para outras áreas do conhecimento. 

Para a representante da UFLA no acordo, Flávia Botelho, o desenvolvimento e lançamento de linhagens adaptadas ao stress biótico (doenças, pragas e outras) e abióticos (geada, seca e outras) para determinada região é importante para o aumento da produtividade de grãos de forma constante e sustentável.

Ressaltou que a cultura do arroz é relevante, principalmente, em países em vias de desenvolvimento, onde a mesma pode influenciar directamente na renda, na saúde, no meio ambiente e no bem-estar social, como no caso de Angola, uma vez que é considerado, juntamente com o feijão, a base da dieta da população.

A especialista em melhoramento genético de arroz manifestou que, de entre os países do continente Africano, Angola produz actualmente 25 mil toneladas de arroz por ano, o que está aquém das mais de 400 mil toneladas importadas anualmente.

A também professora justificou a relevância do acordo, destacando que no sector agrícola é importante, não só para a promoção da auto-suficiência e da segurança alimentar, mas também quanto ao fornecimento de matéria-prima à indústria transformadora e para a empregabilidade, um dos problemas cruciais das áreas rurais.

Nesse contexto, segundo a responsável, o arroz pode representar uma forma de diversificação da economia do país que tem como desafio alimentar 37 milhões de habitantes, dos quais 38% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crónica.

 “A Universidade participará de uma das maiores transformações sociais e económicas em Angola, contribuindo, substancialmente, para o combate à fome e à desnutrição, construindo uma agricultura sustentável e de relevante impacto para a sociedade”, reforçou.

A visita à Universidade Federal de Lavras (UFLA) decorreu de 25 a 27 de Março, em que os profissionais angolanos da empresa Jardins de Yoba e outras instituições parceiras tiveram a oportunidade de conhecer ao campo experimental do Programa de Melhoramento Genético de Arroz de Terras Altas - Programa Melhor-Arroz UFLA, no Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Agro-pecuária, localizado na Fazenda Muquém, em Ijaci. 

O Programa é realizado há mais de três décadas em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Embrapa Arroz e Feijão. É coordenado pela pesquisadora Flávia Botelho, conta com a participação da professora Yasmin Vasques Berchembrock e da pesquisadora da Epamig Janine Magalhães Guedes, além de estudantes de graduação e pós-graduação.  

Durante a visita ao campo experimental, também foi realizada uma breve apresentação do novo cultivo de arroz de terras altas CMG 1590 (nome provisório) (na foto principal), desenvolvido e testado no âmbito da parceria entre UFLA, Epamig e Embrapa. A linhagem está em fase de registo no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), já com produção de sementes e com pré-lançamento de suas características e vantagens agronómicas.

Trata-se de um cultivo que se destaca pelo maior percentual de grãos inteiros após o descasque, além da maior produtividade, sendo recomendada para todas as regiões de Minas Gerais, sobretudo para a agricultura familiar. O lançamento oficial deverá ocorrer no segundo semestre de 2024. 

Flávia Botelho é pesquisadora e professora responsável pelo programa Melhor Arroz da UFLA, tendo doutoramento em Melhoramento Genético de Arroz e pós-doutoramento em Biotecnologia aplicada à edição genética.

Actualmente a produção de arroz na Huíla é feita de forma residual nos municípios da Matala, Cuvango e Jamba. EM/MS





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