Ondjiva - Mais de 100 famílias vítimas da fome, regressadas da Namíbia e reassentadas na região de Calueque, província do Cunene, serão inseridas no processo de produção agrícola.
Actualmente, decorre a fase de preparação de terras e parcelamento de 11 hectares, dos 21 previstos, que serão distribuídos às famílias, a fim de praticarem agricultura irrigada.
A informação foi avançada, hoje, pela chefe de departamento do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) no Cunene, Anita Esperança, realçando que o projecto enquadra-se no processo de integração de famílias na actividade agrícola, de modo a terem disponibilidade alimentar para o auto-sustento.
Falando à margem da visita de constatação do secretário de Estado para Agricultura, João Cunha, disse que a área produtiva poderá ser incrementada, em função do número de famílias que regressarem ao país.
Para o efeito, estão disponíveis quantidades suficientes de sementes melhoradas de milho, feijão, propago de batata-doce, estacas de mandioca, assim como diferentes fruteiras
Informou que já estão instalados alguns alfobres, que vão suportar o campo, sendo que a sementeira do milho e feijão tem início dentro da sete dias.
Explicou que aguarda-se apenas pela conclusão da instalação do sistema de água, junto do rio Cunene.
Por seu turno, o secretário de Estado para Agricultura, João Cunha, disse que, do ponto de vista agrícola, estão criadas todas as condições para, num curto e médio prazo, se mitigar parte do problema alimentar das famílias beneficiárias.
De acordo com o secretário, com este projecto pretende-se dar autonomia alimentar às vítimas da seca e fome, criar alguma renda com a comercialização do excedente produzido, de modo a deixarem de ser dependentes unicamente das ajudas.
Entretanto, esclareceu que o Ministério da Agricultura e Pescas forneceu alguns meios, como motocultivadores, semeadores, motobombas, sistema de rega complementar, sementes diversas e fertilizantes, que serão distribuídos aos camponeses.
João Cunha garantiu que as famílias terão assistência técnica da Estação de Desenvolvimento Agrário (EDA), que treinará os agricultores e permitirá que haja uma produção satisfatória.
No entanto, 718 famílias, correspondendo a mil 802 angolanos refugiados na Namíbia, por causa da seca na região sul do país, estão concentradas no centro de acolhimento de Calueque.
Em curso desde há cerca de um mês, o processo prevê o regresso de sete mil 730 angolanos que procuraram, no território namibiano, soluções contra à fome.
A seca no Cunene afecta mais 552 mil 638 pessoas, sobretudo nos municípios do Curoca, Cuanhama, Cahama e Ombadja.