Benguela – As províncias de Benguela, do Cuando Cubango, do Cunene e da Huíla dispõem, desde sexta-feira, 35 técnicos extensionistas e equipamentos e pesticidas para o combate às pragas de gafanhotos no Centro e Sul do país.
Os referidos t]ecnicos foram formados de nove a 11 deste mês, em Benguela, durante um seminário regional sobre o Controlo de Gafanhotos e Segurança na Aplicação de Pesticidas, dando cumprimento ao projecto “Resposta de Emergência contra gafanhotos migratórios africanos”, para mitigar impactos na segurança alimentar.
Durante três dias, os extensionistas agrícolas, de vinte municípios das referidas províncias, apreenderam técnicas de manuseio de equipamentos de controlo de gafanhotos e pesticidas fornecidas pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Falando hoje à ANGOP, o director do Gabinete Provincial de Benguela da Agricultura, Pecuária e Pescas, José Gomes da Silva, destacou a importância da formação, acrescentando que o sector está, agora, mais seguro para fazer face a eventuais focos de pragas de gafanhotos.
Por isso mesmo, lançou um repto aos municípios para que, no caso de existir qualquer foco, comuniquem os gabinetes da Agricultura nessas províncias, para que os técnicos extensionistas se desloquem ao terreno com os seus meios para combater a praga.
Lembrou que a praga de gafanhoto teve início em 2020, no Cuando Cubango, e alastrou-se para mais quatro províncias do país, daí ser uma mais-valia a capacitação dos técnicos que doravante vão estar permanentemente vigilantes aos focos que surjam.
“No processo de combate às pragas faltava a formação de extensionistas”, assumiu, realçando ainda a entrega de pulverizadores e insecticidas aos técnicos formados, que já têm domínio das culturas e das pragas existentes, incluindo as do milho e da tuta, com esta última a afectar o tomate.
Questionado sobre os prejuízos da praga do gafanhoto, particularmente na província de Benguela, o máximo responsável da Agricultura na região estimou que pelo menos cinco por cento de uma produção de 200 mil toneladas terá sido afectada na altura.
A seu ver, as perdas na produção agrícola em Benguela foram relativamente menores porque as autoridades combateram a praga (com meios aéreos) ainda na sua fase linfática, ou seja, quando o gafanhoto não tinha asas e só rastejava.
“Foi mais fácil combater aí, e esse foi o nosso grande objectivo e surtiu efeitos”, defendeu, admitindo que, se os insectos criassem asas, seria muito mais difícil ser eliminados.
Por outro lado, avançou que a praga da tuta continua a afectar as áreas agrícolas na comuna do Dombe Grande, município da Baía Farta, embora o governo tudo tem feito para minimizar as dificuldades dos produtores no acesso aos pesticidas químicos para reverter o quadro.
Na sequência disso, muitos agricultores, sobretudo aqueles que apostam no tomate, por ser mais rentável, abandonaram esses terrenos e “emigraram” para outros municípios, com o interlocutor a revelar que a praga diminuiu de intensidade, porquanto os campos estão em “stand by”.