Chongoroi – A Reserva Estratégica Alimentar deve ser assegurada por produtores nacionais, de forma a potenciá-los e garantir-se a empregabilidade da juventude, defendeu hoje, quarta-feira, o gerente da fazenda Camuhoque, localizada no município do Chongoroi (Benguela).
Feliciano Abílio, que falava à ANGOP, disse que aprova a decisão do Governo angolano de, a partir de 2024, comprar bens produzidos no país para a REA, pois, há condições favoráveis para a produção agrícola em grande escala, com realce para cereais, grãos, hortícolas e frutas.
Para tal, considera, basta uma aposta séria no fortalecimento dos pequenos, médios e grandes agricultores.
Na sua óptica, o Governo deve financiar os produtores nacionais, apostar na produção local de fertilizantes e subvencionar os imputs que ainda não se consegue produzir localmente.
“O Executivo deve apoiar não só a agricultura familiar, mas também a de grande escala, porque é ela quem mais rapidamente vai permitir a auto-suficiência alimentar e garantir a criação de mais postos de trabalho”, disse.
Feliciano Abílio advoga que ao importar-se produtos como o milho e outros cereais, está-se a enfraquecer ainda mais os produtores nacionais. “É preciso inverter-se esse quadro e potenciar os nacionais com esse dinheiro”, enfatizou.
De igual modo, defendeu a reabilitação das vias de comunicação, para facilitar o escoamento da produção, bem como investimentos na expansão na rede pública de energia eléctrica.
Com o aumento da produção, vai ser necessário o “renascer” da indústria transformadora e ela não é viável com fontes térmicas de energia, disse.
Fazenda Camuhoque aposta na produção de hortícolas e leguminosas
Cerca de quinhentas toneladas de tomate foram colhidas nos últimos dias nesta fazenda, para além de 10 toneladas de pepino, a título experimental, e estão igualmente a colher feijão.
Na mesma senda, a fazenda está a preparar três hectares e meio para o cultivo de cebola e outros três para melancia.
A fazenda, com 110 hectares, conta com 100 funcionários, dos quais 80 senhoras, e os seus produtos têm como destino os mercados de Benguela e Luanda.
“Os clientes é que chegam até nós e fazem a compra dos nossos produtos”, acrescentou.
Neste momento, ela possui ainda mais de oitocentas cabeças de carneiro de origem namibiana e sul africana, numa clara aposta também na pecuária.
Preços dos insumos agrícolas desestimulam produção
Feliciano Abílio referiu que os preços dos fertilizantes, sementes, sistemas de irrigação e de outros insumos agrícolas, estão bastante caros, em função da desvalorização galopante da moeda nacional.
Recordou que quase tudo é importado e, com a desvalorização da moeda, as coisas sobem a cada dia, o que se repercute nos preços do produto final.
“Em função disso, muitos colegas agricultores já optaram por paralisar a produção, porque consideram insustentáveis os preços dos insumos no mercado”, afirmou.
Defendeu a implementação de políticas viradas aos camponeses, pois, a título de exemplo, disse que não viu nenhum a beneficiar do cartão de subvenção de combustíveis .
“Há pessoas a trabalhar com motobombas a gasolina e só por aí já se pode ter uma ideia das dificuldades que estão a atravessar”, realçou.
O gerente advoga que os pequenos agricultores devem ter subvenção de combustível, sob pena de muitos outros paralisarem também as suas actividades nos próximos tempos. CRB