Cassongue – Perto de 500 hectares de ananás e outros 100 de batata-rena foram consumidos pelas queimadas anárquicas na aldeia do Mbala Ngoga, comuna do Dumbi, município do Cassonque, província do Cuanza-Sul, constatou a ANGOP, esta sexta-feira.
O soba da aldeia, Silvano Pereira, disse que a situação deixou a comunidade bastante triste, por colocar em causa a contínua produção e afugentar os investidores.
“Suponho que seja fogo-posto até que as autoridades investiguem e chegam a uma conclusão”, rematou a autoridade tradicional.
Prometeu reunir os sobas da Ndala, por ser a localidade mais próxima da fazenda que perdeu 500 hectares de produção de ananás.
Silvano Pereira disse que vai, igualmente, apresentar participação do Comando da Polícia Nacional, para que possam investigar e prender os supostos marginais.
Na mesma senda, quatro celeiros da comunidade foram incendiados.
O proprietário da Fazenda 3EB, Fernando Alfredo Bebiano, destacou a necessidade da denúncia para que os jovens com comportamentos desviantes possam ser identificados e responsabilizados.
“Há mais investimentos que pretendo fazer, como é o caso da instalação eléctrica, por via de um grupo gerador de 60 Kva, a montagem de uma moageira para comunidade e desta forma fica complicado dar sequência aos projectos, tendo em conta os prejuízos agrícolas do ananás e da batata-rena”, disse
Reacção da comissão da protecção civil
O director do gabinete do Ambiente no Cuanza-sul, Lunginge da Silva, disse estarem a trabalhar no Cassongue, por ser o quarto município com registo de queimadas anárquicas, numa altura em que se tem constatado que as queimadas anárquicas visam renovar pastos, a caça e afugentar os animais ferozes.
Lunginge da Silva, membro da comissão de protecção civil, defendeu a necessidade de ser accionado os órgãos de justiça para que se desencoraje a prática de fogo-posto.
“Não importa com que intenções, colocar fogo em propriedade alheia é crime e com os investimentos que o Estado angolano está a fazer, como fibra óptica, construção de subestação de energia eléctrica, podem prejudicar o crescimento económico e social”, assinalou
Por outro lado, o secretário permanente da Comissão provincial de protecção civil, Mário Calei, disse que estão no cumprimento de um programa que visa a educar a comunidade sobre os perigos das queimadas e as consequências sociais e económicas.
“Precisamos inverter o quadro de, alegadamente, ser uma prática cultural, sobretudo, nas aldeias e assim seguiremos com campanhas de sensibilização, visto que diariamente há registos de queimadas um pouco por toda província”, informou.
O responsável arescentou que na província do Cuanza-Sul as queimadas anárquicas já provocaram 10 mortos, sete dos quais de um acidente de viação devido ao fumo e três membros da mesma família. LC/ALH