Benguela – Quarenta e três técnicos agrários (extensionistas), formados no âmbito do projecto de Transformação da Agro-pecuária Familiar em Angola (MOSAP 3), estão preparados para assegurar o arranque do processo das escolas de campo em Benguela, na campanha agrícola 2024/2025, soube hoje a ANGOP.
Trata-se de técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agrário e do Instituto dos Serviços Veterinários de Angola provenientes das províncias de Malanje, Benguela, Bié e do Huambo, que durante cinco dias aprimoraram, no município do Bocoio, conhecimentos sobre metodologias das escolas de campo.
Conceitos de assistência técnica e extensão rural, agricultura familiar em Angola, noções sobre o impacto ambiental e social, o género na agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, dentre outros, foram temas igualmente em análise durante a formação.
Segundo o técnico de escolas de campo do IDA, Paulo Sozinho, que falava à ANGOP, a nível do país poderão ser implementadas cinco mil escolas de campo em cinco (5) anos, sendo que a província de Benguela pode albergar 318, em 2024.
"Esperamos integrar 7.100 produtores familiares nas escolas de campo em Benguela, com o objectivo de treiná-los para que possam ser integrados positivamente no processo de produção", disse.
Explicou que o projecto é uma extensão das experiências dos MOSAP 1 e 2, e terá como objectivo expandir a capacidade agrícola, técnica e institucional para melhorar a resiliência climática e a segurança alimentar e nutricional em Angola.
O projecto MOSAP 3 traz alguns aspectos diferenciados e um dos grandes focos é preparar os produtores para a resiliência climática.
"Como sabem, as alterações climáticas estão a afectar o globo e Angola não foge à regra, principalmente na região sul, com consequências negativas para as famílias", enfatizou.
Para Paulo Sozinho, o MOSAP3 é uma grande valia para os produtores, porque trás consigo as escolas de campo onde as famílias vão ser treinadas e capacitadas para que possam produzir com a utilização de novas tecnologias e insumos melhorados para aumentarem significativamente a sua produtividade.
Por isso, referiu que estão a preparar os extensionistas, que são os homens "da linha da frente" e vão fazer uma revolução naquilo que é o paradigma da agricultura familiar no país.
"O que se diz é que a agricultura familiar produz para subsistência, mas também sabemos que podemos transformar a agricultura familiar num verdadeiro negócio", frisou.
De acordo com o técnico, para se atingir esses níveis, é preciso fazer investimentos em termos de conhecimentos e assistência técnica. "Estes técnicos, que terminaram hoje este ciclo de treinamento, serão responsáveis pela monitorização e organização das famílias camponesas", explicou.
Ja o director provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas, José Gomes, afirmou que o combate à fome e à pobreza em Angola só tem um caminho: desenvolver a agricultura e, para isso, deu-se esse importante passo, que é a formação dos extensionistas agrícolas.
Na sua óptica, extensionistas bem preparados vão poder abrir as alas para uma agricultura sustentável.
José Gomes referiu que o maior foco do Governo angolano é o apoio à agricultura familiar e à sua resiliência.
Deste modo, informou que o Governo Provincial de Benguela tem se empenhado em apoiar a agricultura familiar com insumos, artefactos agrícolas e não só.
O projecto MOSAP teve início em 2022 e termina em 2029. É financiado pelo Banco Mundial e o Governo de Angola com 300 milhões de dólares. CRB