Benguela – A produção de banana na província de Benguela tem vindo a aumentar significativamente nos últimos anos, passando de 15 mil, em 2016, para 127 mil toneladas/ano no ciclo 2022/23, apurou a ANGOP.
Por trás do aumento na produção desta fruta está a reabilitação de canais de irrigação nos principais vales da província, com destaque para o túnel de transferência de água para o rio Halo e, deste, para o Cavaco.
Se em 2016 a produção registava uma produção anual de 15 mil toneladas, hoje, as safras são promissoras, com cerca de 127 mil toneladas de banana, o que está a animar a agricultura empresarial e familiar.
Dados do sector da Agricultura, a que a ANGOP teve hoje acesso, indicam que antes da independência nacional a província de Benguela foi líder na produção de banana no país, com 300 mil toneladas/ano.
A propósito, o director do Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas, José da Silva, disse que a produção de banana conta com uma área de cerca de mil e 835 hectares, representando actualmente perto de 127 mil toneladas/ano.
Daí ter assumido que o Governo Provincial e produtores trabalham arduamente para que a produção continue a atingir cada vez mais níveis satisfatórios na província de Benguela.
Quanto ao excedente do produto, José da Silva deu garantias de que existem programas de apoio ao sector, que visam o aproveitamento industrial dessa cultura, de forma a melhorar a renda dos produtores.
Salientou que os principais produtores de banana estão concentrados nos vales irrigados do Cavaco, Dombe Grande, Catumbela e Culango.
Produtores
Para voltar aos tempos áureos, os agricultores da província de Benguela recorrem cada vez mais ao uso de sistemas modernos para irrigação, como o gota-a-gota, muito aplicado em outros países como Equador, Panamá e Costa Rica.
O agricultor Manuel António Monteiro destaca-se, assim, como um dos “pioneiros” a introduzir em Benguela máquinas John Deer com cabina, semeadoras, alfaias de última geração, pivôs gigantescos de rega automática, buldozzers e niveladoras.
Tido como um dos maiores produtores de banana, com áreas desde o vale do Cavaco ao Cubal, o empresário tem como meta obter uma licença para exportação da banana produzida em Benguela.
Segundo ele, muitos clientes são namibianos, todavia, compram a banana em Benguela, acabando por fazer a sua exportação para o país vizinho.
“Nós não exportamos directamente porque precisamos de ter uma licença que neste momento está em fase de conclusão para podermos exportar para vários países do mundo”, frisou.
Entretanto, destaca a reabilitação pelo Governo Provincial de Benguela do canal de ligação da barragem do Dungo, no Cubal, que direcciona água para o rio Cavaco, visando recuperar a produtividade deste vale, tal como no passado.
Este canal, que remonta ao tempo colonial, esteve inoperante durante 20 anos, sendo que alguns agricultores tiveram prejuízos, principalmente na cultura da banana, no perímetro agrícola do Cavaco
Além de o transvase do rio já a funcionar, Manuel António Monteiro também se gaba do facto de haver energia no perímetro do vale do Cavaco, o que, a seu ver, é um alívio para os produtores e alento para a retoma da produção de banana.
“Pensamos que essas são as condições básicas para que o vale do Cavaco volte a conquistar o seu lugar de produtor de excelência”, rematou
Além disso, as cooperativas agrícolas também estão alinhadas com o desafio do aumento da produção de banana na província de Benguela. Exemplo disso é a cooperativa Onjali, que vem dinamizando essa cultura no vale do Cavaco.
O agricultor Rui Galvão, responsável da cooperativa Onjali, com 51 membros, revela ter beneficiado de um crédito bancário e aponta como meta aumentar a produção nos próximos tempos.
Com mais de 100 toneladas/mês alcançadas em 2023, Rui Galvão almeja atingir 200 toneladas/mês neste ano agrícola, tendo em vista a sua exportação.
Tradição que perdura
Segundo dados da Agricultura, no passado, as plantações de bananeiras na província de Benguela tinham uma área estimada em 667, 9 hectares, dos quais 13, 5 porcento correspondiam ao total do vale do Cavaco, englobando 145 explorações das empresas existentes.
A área total de bananal no vale do Cavaco foi estimada em 12 milhões, 832 mil e 655 quilos, dos quais 11 milhões, 393 e 630 kg representavam o contributo das explorações inseridas nas duas classes de maior área.
O mês com a maior produção era o de Fevereiro com 13, 63 porcento da totalidade da produção.
Além de serem apreciáveis pelo seu paladar único, as bananas de origem benguelense já ocuparam um lugar de destaque no mercado internacional, daí o esforço dos agricultores de recuperar o estatuto de Benguela. JH/CRB
