Ondjiva - Quatro mil e 500 campos agrícolas familiares foram pulverizados, desde Fevereiro último, no município de Ombadja, província do Cunene, no quadro de combate à praga Acanthoplus Discoidalis (vulgo matrindindi).
Acanthoplus discoidalis é um insecto que afecta cereais como o sorgo (massango) e milho, que ocorre frequentemente na região da África Austral, podendo causar perdas de até 41 por cento da produção.
Em declaração à ANGOP, esta terça-feira, o director do Gabinete da Agricultura, Pecuária e Pesca do Cunene, Carlos Ndanyengondunge, disse que os campos pulverizados correspondem a nove mil hectares de área cultivada nas comunas do Mucupe, Humbe e Xangongo.
A par de Ombadja, fez saber que o mesmo processo está a ser desenvolvido no município da Cahama, na qual a instituição dispõe de mais de 500 caixas de insecticidas do tipo citrometrina, larotrina e delta para o efeito.
Disse que o insecticida em causa é o excedente do material disponibilizado pelo Ministério da Agricultura, no âmbito da praga do gafanhoto que afectou a região em 2021, cuja actividade está a ser desenvolvida pelas equipas técnicas formadas.
Segundo o responsável, a intenção é neutralizar os insectos na fase de crescimento, pois o combate se torna mais difícil quando evoluídos.
Disse que o acto conta com o auxílio dos membros das comunidades, que estão a ser instruídos sobre o manuseio dos equipamentos pulverizadores, mistura de insecticidas e material de protecção.
“Tendo em conta o espaço territorial que atingiu a praga, as equipas são insuficientes, razão pela qual optámos pelo envolvimento da comunidade, para actuar nas suas próprias lavras, bem como o gabinete disponibilizar insecticida e capacitar os técnicos”, justificou.
Fez saber que a praga do Acanthoplus Discoidalis instalou-se há mais de 27 anos na província do Cunene e, anualmente, tem devastado as culturas de cereais, sobretudo nas lavras familiares.
Neste momento, realçou, está em curso, junto das administrações locais, o levantamento do número de campos afectados, no sentido de fazer-se um diagnóstico exacto das áreas.
O responsável fez saber que o sector aguarda o reforço por parte do ministério de tutela de pulverizadores e equipamentos de protecção individual, para o reforço das brigadas nestas áreas.
Apelou à colaboração dos camponeses em denunciar os campos afectados e permitir que os técnicos realizassem os trabalhos, uma vez que denota-se resistência de algumas famílias.
Fez saber que alguns camponeses resistem a este método de combate químico, alegando a existência de culturas de consumos imediatos como os lombis (verduras), abóboras, pepinos e melancias.
Dados do Gabinete da Agricultura apontam que 160 mil e 30 famílias estão envolvidas na campanha agrícola 2021/2023, prevendo-se uma colheita de 500 mil toneladas de produtos diversos. FI/LHE/PPA