Lubango - O grupo Jardins da Yoba tem em armazéns, no Lubango, 500 toneladas de semente de milho melhorada, para suprir as necessidades dos agricultores na campanha agrícola que arranca em Novembro próximo, no País.
O grupo está cadastrado no Programa Nacional de Sementes e é um dos maiores produtores do produto melhorado do País, com destaque para o milho, massango, massambala, feijão e batata.
A informação foi avançada hoje, quarta-feira, à ANGOP, no Lubango pelo seu director-geral, João Saraiva, afirmando que a meta é atingir mil e 200 toneladas de semente de milho destinada ao mercado.
Declarou que 95 por cento da semente produzida tem sido adquirida directa ou indirectamente pelo Ministério da Agricultura, através de programas de fomento e a restante parte vai à venda livre no mercado local, para permitir o acesso facilitado ao produto melhorado.
Referiu que do global de semente de milho a disponibilizar, 300 toneladas estão em processamento na fábrica, igual quantidade em silos no município do Quipungo e uma outra quantidade está por se colher em três campos agrícolas nos municípios da Chibia (Huíla) e Ombandja (Cunene).
Manifestou ter sido um ano exigente em termos de irrigação, devido a irregularidade das chuvas, pelo que a semente foi produzida mediante regadio, o que aumentou os custos para atingir altos índices de produtividade.
Em função das solicitações dos agricultores, do Ministério da Agricultura e dos programas de fomento agrícola, conforme o empresário, a empresa conseguiu disponibilizar atempadamente a semente, a escassos meses do início do ano agrícola.
Declarou que a disponibilidade de sementes e insumos estão dependentes dos programas de fomento agrícola, fruto das dificuldades que a economia nacional enfrentou nos últimos anos, pois toda a recessão vivida provocou a descapitalização das famílias, agravada com a desvalorização da moeda.
"No espaço rural, as famílias camponesas não têm recursos necessários para arrancar com um ano agrícola e estão fortemente dependentes das políticas de crédito que o governo está a implementar, como o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA), Fundo Activo de Capital de Risco Angolano (FACRA), entre outros", disse a fonte.
Aumento da produção agrícola depende do acesso a sementes melhoradas
João Saraiva disse que o acesso ao mercado das sementes ainda está aquém do desejado, sendo um processo evolutivo, pelo que é necessário que este cresça e tenha vários pólos de distribuição e comercialização.
“É um processo a iniciar-se, ainda não temos os postos de venda necessários para cobrir toda a nossa agricultura. As famílias ainda estão muito vulneráveis, daí que a distribuição de insumos ainda está muito dependente e os principais volumes de produção estão assegurados pelos programas de fomento”, frisou.
Destacou que a semente nacional é, ainda, mais barata que a importada, mas o facto de produzir no País não afecta apenas no preço, confere também experiência, conhecimento, tecnologia e capacidade própria que garantem a sustentabilidade.
Salientou que se pode adaptar e melhorar a partir de outro material que vem de fora, mas um país só se torna independente, em termos de produção agrícola, quando consegue assegurar a produção da sua semente para cobrir as necessidades e a segurança dos sistemas alimentares.
Para o caso do milho, as necessidades do país são de 70 mil toneladas/ano, segundo o produtor. O País tem uma produtividade inferior a mil quilogramas por hectare, devido ao fraco uso de sementes melhoradas, enquanto países como a África do Sul, que tem mais de 50 por cento da produção à base dessas sementes, colhe à volta de cinco toneladas/hectare.
A empresa Jardins da Yoba é detentora de quatro fazendas, nomeadamente Humpata, no município com o mesmo nome, Maheque, Mucuma e Chaungo, na Chibia. Tem ainda parcerias com duas outras, a Chivemba (Cunene) e Tandanda, na Matala (Huíla), todas direccionadas à produção de sementes melhoradas.
Emprega actualmente 300 trabalhadores, 30 dos quais jovens licenciados recentemente e incorporados nos últimos dois anos na empresa. Tem ainda uma parceria público-privada com o Instituto de Investigação Agronómica.