Icolo e Bengo - Os agricultores e camponeses dos municípios do Icolo e Bengo e da Quiçama, província de Luanda, estão a retirar os produtos dos campos agrícolas, antes do tempo regular, em virtude da subida do nível das águas, soube esta quinta-feira a ANGOP.
Entre os produtos, constam o milho, mandioca, verduras, batata doce, que deviam ser retirados apenas nos meses de Fevereiro e Março, segundo os agricultores.
De acordo com Laurinda António, proprietária de uma lavra, na localidade de Caxicane, as últimas chuvas e a abertura das comportas das barragens de Cambabe e de Laúca, provocaram a subida do caudal e, consequentemente, atingiu as plantações que ainda estavam em fase inicial de maturação.
A camponesa lamenta o sucedido e diz não ter noção das perdas. "Eu e minhas vizinhas plantamos muita mandioqueira, batateira e gingubeira que já não poderemos aproveitar porque está tudo na água".
Outro agricultor, Augusto Pascoal, que tem as mesmas culturas também inundadas, considera necessária uma sensibilização preventiva antecipada, para que não cultivem nesta época.
Segundo Carlota Matadi, da comuna da Muxima, município da Quiçama, quando receberam a informação de que haveria enchentes, as culturas estavam já desabrochadas e com tubérculos em desenvolvimento, daí que foi impossível salvar a produção.
A anciã apela às autoridades do Estado a prestarem apoio a todos os camponeses nestas condições, por considerar que ninguém tem capacidade financeira para suprir as perdas.
"Queremos apoio financeiro, alimentação para esta fase de pausa agrícola e, sobretudo, insumos para a próxima época", disse.
À beira da margem do rio Kwanza, várias trouxas de verduras e tubérculos retirados precocemente estão a ser transportados para os principais mercados para a sua comercialização.
Entretanto, a ANGOP tentou o contacto com os responsáveis da Agricultura, dos respectivos municípios, mas sem sucesso.
Em entrevista à ANGOP, José Constantino, comandante dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, do Município da Quiçama, avançou que o seu pelouro acautelou atempadamente esta situação, sensibilizando as populações para que se abrigassem em locais mais seguros.
"Neste momento, o único registo que podemos assinalar, tem a ver com a inundação de vastas extensões de campos agrícolas de cerca de 20 famílias que estão a beneficiar já de algumas cestas básicas, oferecidas pela administração municipal e pelos próprios Bombeiros", informou. AJQ