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Huíla tem mais de 600 fazendas improdutivas

     Agricultura              
  • Huíla • Quarta, 04 Dezembro de 2024 | 09h08
Estação Zootécnica da Humpata
Estação Zootécnica da Humpata
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Lubango – A província da Huíla, com 14 municípios, que passarão a 23 no quadro da nova Divisão Política e Administrativa, dispõe de 698 fazendas cadastradas pelo Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas, mas apenas 46 estão em actividade plena, 652 têm um produção residual e outras estão mesmo abandonadas.

Essas fazendas estão, sobretudo, localizadas nos municípios da Cacula, Quilengues, Caluquembe, Cuvango, Caconda, Matala, Quipungo, Jamba e Chipindo, em que as autoridades procuram por soluções para inverter o quadro, através da expropriação. A exportação é inexistente, devido aos baixos níveis de produção e a procura no mercado interno.

Para a Campanha Agrícola 2024-2025 foram preparados 605 mil 304 hectares, para uma produção de 508 mil 157 toneladas de bens diversos, na sua maioria assegurada por agricultores tradicionais, quando as estimativas indicam que a região tem cerca de dois milhões de hectares de terras aráveis subaproveitados.

Em declarações hoje, quarta-feira, à ANGOP, o director da Agricultura, Pecuária e Pescas, Pedro Conde Muanda, fez saber que das fazendas no activo, apenas as dos municípios da Matala e Humpata (perto de dez) reportam as estatísticas às autoridades, com regularidade, sendo que a produção empresarial representa um por cento do total da produção agrícola anual.

Uma dessas “grandes” fazendas que se destaca na produção, é a Agrikuvango, que está instalada no município do Cuvango desde 2017, numa área de cinco mil hectares, dos mesmos mil e 200 estão actualmente destinados à produção de milho, feijão e trigo.

A produção, de pelo menos três mil toneladas ano, é toda destinada ao mercado nacional, alguma parte dela é transformada na componente industrial da fazenda e outra tem como destino clientes de Luanda, Huíla e Bengo, para a produção de proteína vegetal (ração) para animais.

Esse empreendimento, ao todo, criou cem postos de trabalho directos e 250 sazonais, aprovisionados sobretudo em épocas de colheita. Essas terras “banhadas” pelo rio Cuvango são férteis e nelas colhem-se entre nove a 10 toneladas de grãos por hectare, mas os custos de produção são ainda elevados, devido a falta de energia da rede pública.

Outro investimento é a fazenda Mumba, o maior da província, afecto ao grupo Omatapalo, com 90 mil hectares, no mesmo município, com um projecto que almeja ser o maior produtor de carne bovina em África.

Actualmente dispõe de mais de 25 mil cabeças, mas que a meta é atingir as cem mil, estando a ensaiar a produção através da fertilização in vitro (processos biológicos que têm lugar fora dos sistemas vivos, no ambiente controlado e fechado).

A fazenda emprega 700 pessoas e tem como linhas de acção a produção de proteína animal, com perto de sete mil cabeças de gado bovino para corte, produz milho, soja, trigo e feijão, bem como abacate, manga e maracujá, apostando, também, na silvicultura.

Actualmente a Mumba está a desenvolver a sua actividade em 20 mil hectares, dispondo de uma área destinada ao regadio, com mil e cem hectares, cuja produção actual é de 20 mil toneladas de milho, 800 de soja, igual quantidade em trigo e 700 de feijão. Na componente agro-industrial, dispõe de secadores e silagem, uma fábrica de fuba e um matadouro.

Pedro Conde destacou um outro investimento, a fazenda Leijun-CA, da empresa chinesa "Olombi Agro-negócios", no Perímetro Irrigado da Matala, que dispõe de uma área de 514 hectares, dedicada, sobretudo, na produção de arroz e emprega perto de 300 pessoas. A sua última safra atingiu as mil e 600 toneladas de arroz.

Na Humpata, que tem como fonte de água, o rio Nene, apontou a fazenda Tchicanda, como das que mais se evidencia, a produzir em 73,5 hectares 400 toneladas/ano de hortícolas.

Quanto à produção pecuária, Pedro Conde Muanda, realçou que a Huíla tem um efectivo ganadeiro estimado em um milhão e 200 mil cabeças de gado, mais de 90 por cento está nas mãos dos criadores tradicionais.

Segmento industrial ainda é incipiente 

Na componente de lacticínios, o Gabinete para o Desenvolvimento Económico Integrado da Huíla controla quatro indústrias em funcionamento, sendo três de fabrico de queijo e seus derivados, a produzir entre 279 a um milhão 334 mil 385 kg/ano e 231 toneladas de iogurte/ano.

Os referidos produtos são consumidos pelo mercado nacional, pois o nível de produção das industrial é incipiente para atender ao mercado interno, segundo o director do Gabinete provincial para o Desenvolvimento Económico Integrado da Huíla, Domingos Kalumana.

Defendeu a necessidade de fazer-se melhor aproveitamento da produção de leite a nível local, pois há uma importante produção nos Gambos, Chibia e parte da Matala, razão pela qual está em curso a identificação de agentes interessados em apostar nesse mercado.

Das condições necessárias para melhorar a produção industrial nesse segmento, apontou a questão da energia para a conservação do leite e colectores devidamente equipados.

Chamou as instituições de estímulo à economia, as bancárias e não bancárias, a financiar os agentes económicos com projectos direccionados ao aproveitamento do leite para a população, assim como dos outros derivados de lacticínios, para atender o mercado interno e fomentar as exportações.

"Temos tanto leite em função do efectivo ganadeiro, mas as famílias acabam usando para o consumo diário e o que sobra acaba por se estragar, mas com um banco de conservação e processamento, as famílias poderão perceber que o leite também é uma fonte de rendimento, não só a carne", manifestou.

Para a indústria agro-alimentar, segundo a fonte, o desafio é o mesmo, pois dentro da produção agrícola da província não tem agentes que se dedicam para a produção agrícola para a exportação e na transformação para o mesmo fim, de produtos que fazem parte daqueles para garantir a segurança alimentar.

No que se refere à indústria agro-pecuária, a Huíla possui panificadoras e confeitarias, produção de farinha de milho (moagens) charcutarias, lacticínios, algumas iniciativas de processamento de frutas para sumos, compotas e outras variantes.

Já em oportunidades de negócios, com a implementação dos pólos industriais e do Programa de Fomento à Indústria Rural (PROFIR) serão necessários investimentos para a implementação de micro-indústrias de transformação de mel, sumos e compostas, cereais, de leite e seus derivados, assim como da carne e seria derivados.

Postal da província

A província da Huíla tem uma superfície territorial de 79 mil 22 quilómetros quadrados, com uma população estimada em mais de três milhões de habitantes, distribuídos pelos seus 14 municípios e 65 comunas actualmente existentes.

É limitada a Norte por Benguela e Huambo, a Sul pelo Cunene, a Oeste com o Namibe e Benguela e a Leste com o Bié e Cuando Cubango.

Possui potencialidades e condições favoráveis para o exercício das actividades agro-pecuárias, pois tem solos aráveis, recursos florestais e hídricos que garantem uma produção sustentável, contribuindo de forma substancial para uma melhor qualidade de vida das populações.

A Huíla divide-se em três zonas agro-económicas fundamentais, designadamente Norte, agro-pastoril e pastoril.

Com uma população camponesa dedicada à produção agrícola e de gado em escala doméstica e de pequeno porte, a zona Norte abarca os municípios de Quilengues, Cacula, Caluquembe e Caconda.

A segunda, ou Agro-pastoril, exerce a actividade agrícola, com a produção de cereais, leguminosas, tubérculos, hortícolas e frutíferas, num clima temperado e tropical, bem como a pecuária com a criação de gado de médio e grande porte, nos municípios do Lubango, da Humpata, da Chibia, do Quipungo, da Matala, da Jamba, do Cuvango e da Chicomba.

Já a terceira, com uma população pastoril, dedica-se à criação de gado de médio e grande porte, assim como à agricultura de subsistência e está a Sul, mais precisamente na Chibia e nos Gambos.

As zonas de potencial agro e silvo-pastoril podem ser desenvolvidas de forma específicas dentro do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), relevando que a zona Sul comporta as áreas mais áridas e requer atenção redobrada, no sentido de mais investimento para melhor aproveitamento e responder aos efeitos da seca para melhor resiliência das famílias. EM/MS





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