Sumbe – O Governo da província do Cuanza-Sul orientou, por meio de um edital, a actualização do cadastro de atribuição e registo das 51 fazendas existentes no perímetro irrigado do Wacu Kungo, soube a ANGOP.
De acordo com o documento do gabinete do vice-governador local para os serviços Técnicos e Infra-estruturas, Heitor Alfredo, são solicitados a todos os detentores de fazendas a apresentarem as provas documentais, títulos ou contratos de concessão de superfície ao gabinete de Infra-estruturas e Serviços Técnicos.
A orientação decorre no âmbito do processo de transferência de competências de gestão para o Governo da província, em cumprimento do Despacho Presidencial 237/23, de 16 de Outubro.
Situação actual do perímetro
Instado, recentemente, sobre a situação actual do referido canal, conta com 51 fazendas, das quais 11 abandonadas, 14 ocupadas sem aproveitamento, oito com um proveito inferior a 50 por cento, 15 com mais de 50 por cento de aproveitamento e três ocupadas pela população.
O director do gabinete da Agricultura no Cuanza-Sul, Laurindo Chambula Ladeira, disse que um total de seis lotes desenvolve actividades em regime de alugueres das fazendas e do global das fazendas, 16 apresentaram título de concessão de terra, dos quais alguns com datas já vencidas e sem planos de exploração das suas unidades.
explicou que o tipo de documento que os concessionários possuem é o título de exploração precário que varia dos cinco e 60 anos.
O Perímetro Irrigado do Wako Kungo está integrado num projecto amplo, definido no âmbito do Plano da Bacia Leiteira da Cela/Catófe, que abrange os Municípios da Cela (Núcleo das fazendas médias, Núcleo de Caçosso e Centro de Recria), Cassongue (Núcleo de Pambangala), Quibala (Núcleo de Catófe) e Ebo (Núcleo de Tongo), ocupando a expressiva área de 300 mil hectares.
Este perímetro confina, ainda, com o Projecto Aldeia Nova, inaugurado no Wacu Kungo em Dezembro de 2005, ocupando uma área de 22 quilómetros quadrados.
Historial do Canal do Matumbo
O Historial do canal do Matumbo, também conhecido por Perímetro irrigado do Wacu Kungo, remete-se aos colonatos da Cela, iniciado em 1952.
O Plano de Colonização da Cela considerava, inicialmente, a instalação de 250 explorações familiares com uma dimensão média de 20 hectares nas terras baixas do Cussói, complementadas com cerca de 30 hectares de terras altas.
As primeiras famílias instalaram-se na Cela em finais de 1952, tendo sido instaladas até 1960, 387 famílias. Em 31 de Dezembro de 1960, já 30 por cento das famílias tinham abandonado o colonato por não se adaptarem às condições existentes ou por não encontrarem condições económicas que garantisse a sua sobrevivência.
Face ao primeiro insucesso, surgiu a ideia de que, regando o vale do Cussói e substituindo a exploração familiar por outro tipo de empresa, de maior dimensão, se poderia resolver o problema – surgiram as designadas Fazendas Médias cujo território constitui o perímetro de rega.
As Fazendas Médias instaladas no Planalto Ocidental foram inicialmente definidas como sendo constituídas por unidades de cerca de 100 hectares cada, orientadas para a produção do café e de leite, com alguma agricultura (produção de milho, arroz, algumas hortícolas e fruteiras), pequenas unidades de pecuária para o abastecimento familiar e largas áreas de pastagens para a produção de bovinos de leite.
De acordo com uma Missão de Inquéritos Agrícolas de Angola em 1966, cinco anos após a instalação das 51 Fazendas Médias, com 15 hectares cada, demonstrou que 12 fazendas se encontravam ainda na posse do Estado, cinco tinham sido dissolvidas antes de terem sido efectuadas as edificações e apenas restavam 34 na posse dos empresários. LC/ALH