Lubango – Quinze mil famílias do sul de Angola beneficiam, desde 2018, de acções de apoio à agricultura familiar, à nutrição e ao acesso à água, no âmbito do Programa de Fortalecimento da Resiliência, da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (FRESAN).
Trata-se de uma iniciativa conjunta entre o FRESAN, componente gerida pelo Instituto Camões, e o Governo angolano, com vista a reduzir a fome, a pobreza e a vulnerabilidade das comunidades afectadas pela seca nas províncias da Huíla, do Namibe e do Cunene.
Os beneficiários, seis mil 600 são da província do Cunene, quatro mil 800 da Huíla e três mil 600 do Namibe.
Em declarações à ANGOP, esta quarta-feira, no Lubango, a coordenadora-geral do FRESAN/Instituto Camões, Patrícia Carvalho, afirmou tratar-se de componentes que estão a ajudar as famílias a ter uma vida mais sustentável.
Na componente de acesso à água, a fonte declarou que foram reabilitados 33 sistemas de captação e 75 construídos de raiz, assim como está em fase de construção outros 39.
Explicou que as tecnologias de água adoptadas até ao momento são essencialmente represas, sistemas de irrigação gota a gota, furos, cisternas de betão, açudes e barragens subterrâneas com sistema de bombeamento.
Acrescentou que as acções beneficiaram localidades dos municípios do Cuvelai, Ombadja, Curoca, Cuanhama (Cunene), Humpata, Gambos, Quilengues, Chicomba (Huíla) e Virei (Namibe).
Segundo a fonte, a instalação das infra-estruturas de água para consumo humano, animal e irrigação beneficiaram 80 mil pessoas, 85 mil bovinos e irrigam 18 hectares.
Indicou igualmente a previsão de reabilitar mais de 600 sistemas de captação até 2024, para apoio às populações mais vulneráveis, cujos efeitos das alterações climáticas são “severos” e a escassez de água é um problema “crítico”.
No âmbito da componente da agricultura familiar sustentável, gerida também pelo Instituto Camões, a fonte destacou a instalação de 138 Escolas de Campo Agrícola (ECA), beneficiando sete mil 136 camponeses, sendo mil 486 no Cunene, quatro mil 222 na Huíla e mil 428 no Namibe.
Com essa acção, os agricultores beneficiaram de factores de produção agrícola, como o reforço da capacidade produtiva agro-pecuária, mediante a introdução de culturas resistentes à seca, combate de pragas, maneio e sanidade animal, bem como sistemas de irrigação, o que resultou em cerca de 122 hectares cultivados.
Na presente campanha agrícola, o apoio disponibilizado até ao momento, através das ONG subvencionadas pelo FRESAN/Instituto Camões baseou-se na disponibilização de sementes, fertilizantes e ferramentas agrícolas, beneficiando cinco mil 350 famílias.
A União Europeia financia o Programa de Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (FRESAN) com 65 milhões de euros no período de 2018 a 2024.
O Instituto Camões é responsável pela gestão de cerca de 48,6 milhões de Euros, tendo o projecto um total de custos incorridos de cerca de 12% e compromissos assumidos na ordem dos 54%.
Os compromissos assumidos, entre outros custos, correspondem em 22 milhões de Euros em subvenções para 19 projectos de ONG internacionais e nacionais que implementam acções no âmbito da água, nutrição e agricultura familiar, apoio a campanhas de vacinação bovina (2019, 2020, 2021).
Apoiou igualmente a realização do inquérito de Avaliação da Vulnerabilidade à Insegurança Alimentar, à Estação Zootécnica da Cacanda e Estação Agrária do Namibe, realização de estudos no âmbito da agricultura familiar, sementes, solos e pastos, formação de técnicos de saúde em nutrição e supervisão de Unidades Especiais de Nutrição.