Icolo e Bengo - Fazendeiros do município do Icolo e Bengo, província de Luanda, manifestaram-se preocupados, esta quinta-feira, com a falta de uma indústria transformadora para aproveitar o excedente do tomate produzido em cada safra.
Em declarações à ANGOP, Teodoro José Chiuila, responsável de uma fazenda que está a retirar grandes quantidades de tomate, em 16 hectares, ao longo da Estrada Nacional 110, disse que prevêem colher 30 toneladas de tomate.
O agricultor revelou que em virtude das elevadas quantidades de tomate em colheita pelas dezenas de fazendas nessa circunscrição, o preço de uma caixa de 30 kg que podia estar a um preço acima dos 10 mil kwanzas, custa actualmente de três mil a 3500.
"Temos tido muitos gastos com o combustível para as motobombas e insumos agrícolas, pelo que o preço da venda do tomate não nos beneficia", afirmou outro fazendeiro, Manuel Catuaia.
Segundo este técnico, dada a incapacidade de escoamento de toda produção para os mercados do Km30 (município de Viana) e Catinton (município de Luanda), estragam-se quantidades consideráveis de tomate.
Por isso, apela ao Governo, ou empresários com capacidade para montagem de indústrias transformadoras de polpas, sucos, entre outros bens alimentícios, de modo a se evitarem desperdícios.
De acordo com os agricultores que também cultivam culturas como o milho, a berinjela, cebola, pimenta e pepino, a falta de dinheiro para aquisição de fertilizantes, adubos e insecticidas, tem dificultado a sua actividade.
Afirmaram que os preços dos insumos são muito elevados, sendo que 1kg de fertilizante pode custar mais de 30 mil kwanzas.
"Para se ter uma ideia, em um hectare, utilizam-se 10 sacos de adubos que custa 37 mil kz cada, 12 litros de fertilizantes que estão ao preço de 25 a 30 mil kwanzas cada, para além das próprias sementes, o que é muito oneroso", explicou.
Nesta altura, que é de safra do tomate, dezenas de senhoras oriundas de várias províncias de Angola prestam serviço temporário nessas fazendas que têm uma produção trimestral.
Outro problema assinalado tem a ver com a dificuldade de sugar a água de um rio e ou lagoa que distam a três mil metros, obrigando a instalação de, pelo menos, quatro motobombas.
O município do Icolo e Bengo controla 57 cooperativas agrícolas e três associações de camponeses que, na sua maioria, reclamam das dificuldades do acesso ao crédito bancário, apesar de estarem legalizadas, enquanto outras em vias de legalização contestam a morosidade desse processo. AJQ